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Na Pasqualini

Ernesto Frederico Söhnle: a praça que exala a cidadania dos santa-cruzenses

Foto: Rafaelly Machado

Instalada em uma área de quase 4 mil metros quadrados, a Praça Ernesto Frederico Söhnle é um convite ao convívio com a natureza. Famílias de diferentes bairros convivem no mesmo espaço

Localizada em uma área de 3,8 mil metros quadrados, a Praça Ernesto Frederico Söhnle é também a Praça da Pasqualini. A área criada por lei em 1983 é um marco da urbanização do Bairro Santo Inácio, exibindo o desenvolvimento da Zona Norte de Santa Cruz do Sul há quase quatro décadas. A praça é o símbolo da construção coletiva no município, pois nos últimos quatro anos, moradores vizinhos ao espaço cuidam dela como uma extensão de seus quintais.

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Corte de grama, plantio de flores e o zelo pelo que é de todos são as marcas dessa praça, fonte de inspiração para a cidadania dos santa-cruzenses. Criada como uma necessidade para o loteamento de terrenos naquele bairro, a Ernesto Frederico Söhnle é hoje o ponto de encontro de centenas de famílias de todos os cantos de Santa Cruz. E, assim, revela que a parceria entre o poder público e a comunidade pode render bons frutos.

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O paraíso encantado de Carmen
Carmen Klein, 59 anos, é vizinha da praça Ernesto Frederico Söhnle, a Praça da Pasqualini, como o povo chama o espaço. Ela cresceu morando nas proximidades da área, que na época da sua infância era formada por um bosque com um riacho, ambos, segundo ela, encantados. A praça tem para a moradora o gosto da infância, cheiro de mato e lembrança de felicidade. “Este local era o meu pequeno paraíso, tinha um riacho onde podíamos pescar, era muito bom”, revela a moradora.

O avô de Carmen, Edvino Herberts, tinha uma chácara que ficava praticamente ao lado da área onde hoje está a pracinha. O lugar guarda as melhores lembranças da infância dela. No início da década de 1980, quando Carmen casou-se e foi morar na frente da área, a necessidade de lotear os terrenos fez com que seu bosque mágico se transformasse em uma praça. “Parte deste lote pertencia à chácara do meu avô, que, assim como outros proprietários, fez doações de terras para a instalação da praça”, recorda.

O mato da pequena floresta foi ficando menor e toda vez que chovia, a água alagava tudo em redor. O riacho que circulava a mata teve que ser canalizado, pois a cidade já respirava o ar contemporâneo do progresso. Os peixes que Carmen pescava são hoje apenas uma lembrança colorida na memória dela.

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Com a canalização do córrego e a supressão da mata é que de fato sur giu a praça. “E ela esteve abandonada por muito tempo, mas hoje é a extensão da sala de estar da gente. Quando não estamos em casa, estamos aqui, na nossa praça”, afirma Carmen.

Sentada no banco, Carmen contempla o gramado e seu olhar busca as referências da infância. Observa quem passeia pela praça e diz que está feliz em poder contribuir para a preservação dessa história. Testemunha ocular do passado, hoje ela é voluntária na manutenção do espaço. Nesta reportagem, é o fio condutor que liga a inauguração da praça, em 1983, com os dias atuais. “Muitas pessoas não lembram mais as situações e circunstâncias em que os fatos ocorreram”, confirma a moradora, que também recorreu a parentes e conhecidos na busca por subsídios e fatos que marcaram a transformação do Bairro Santo Inácio com a instalação da Praça da Pasqualini.

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Carmen, a vizinha que viu seu bosque encantado transformar-se em um lugar especial

A prática da cidadania ativa
O juiz do trabalho Celso Karsburg preside uma associação de amigos que mantém a Praça Ernesto Frederico Söhnle. A entidade foi criada há pouco mais de um ano, para colocar no papel o que ele iniciou, de forma individual, há pelo menos quatro anos. Preocupado com a necessidade de manutenção da praça, Karsburg começou a cortar a grama do local.

Inspirados por seu exemplo, vários moradores uniram-se no serviço e hoje são eles que cuidam da área de lazer no Santo Inácio. “O cidadão não pode só reclamar do poder público. Nós podemos fazer, até melhor, alguns serviços que o Município executa, a partir de pequenas providências”, defende o magistrado.

Desde que a associação foi criada, o plantio de flores – cerca de 300 mudas novas a cada estação –, os cuidados com a grama, o recolhimento de lixo, a pintura e manutenção de canteiros são tarefas da equipe de voluntários. “O que acontece nesta praça é o verdadeiro exercício da cidadania”, define Carmen Klein.

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Em 2018, a Associação Amigos da Praça Ernesto Frederico Söhnle assinou o termo de cooperação com a Prefeitura de Santa Cruz do Sul. No ato, ficou acertada a parceria para a manutenção. São atribuições dos moradores o cuidado com ajardinamento e pequenos reparos no local. Substituições de lâmpadas e intervenções maiores, como troca de árvores ou eventuais construções de estruturas, são responsabilidades do município.

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Ambiente recebe todos os bairros
Os vizinhos da praça Ernesto Frederico Söhnle contam que no fim de semana o local torna-se um dos pontos mais democráticos de Santa Cruz do Sul. Além de palco de eventos festivos e beneficentes, a pracinha é também ponto frequentado por moradores de diferentes bairros. Nos gramados, famílias inteiras compartilham risadas e doces, nos tradicionais piqueniques ou rodas de chimarrão. O fim de tarde sempre é uma festa, como se fosse uma saudação ao espaço, cuidado com esmero.

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O aposentado André Sallinas e seu cão Tom, um Samoieda branco, têm na praça o ponto ideal para os seus passeios, e não apenas nos finais de semana. A dupla sai todos os dias do Bairro Universitário para aproveitar a natureza e a estrutura bem cuidadas da Ernesto Frederico Söhnle. “Tom gosta mais deste local. Eu já morava aqui no Bairro Santo Inácio, por isso ele se acostumou com esta praça.”

Quem também frequenta muito o espaço é a cadela Pantera, do empresário Gustavo Hoff. A dupla está sempre por perto, até porque o empresário mantém, no terreno ao lado da praça, um furgão de hambúrguer. “Eu sou voluntário como os outros. Ajudo na manutenção da limpeza e conservação da área. Nosso último experimento foi a instalação de pontos de coleta de bitucas de cigarro.” E ele mostra, orgulhoso, os dispositivos colocados junto a algumas árvores. “Estar aqui é melhor do que estar em casa, este aqui é o nosso ar-condicionado”, classifica o empresário.

Tom e André, no passeio diário na praça do bairro vizinho: eles vêm do Universitário

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Área verde
Instituída pela lei 1.894 de 8 de junho de 1983, a Praça Ernesto Frederico Söhnle foi uma condição para que a área de 23 hectares, onde hoje está parte do Bairro Santo Inácio, fosse loteada e comercializada na forma de terrenos para moradia e empreendimentos.

Localizada na esquina da Avenida Senador Pasqualini com a Travessa Harmonia, a praça está em uma área de 3.823 metros quadrados, doada pelos antigos proprietários. A autorização para a sua criação aconteceu no dia 9 de novembro de 1976. Naquele ano foi criado o Loteamento Vila Jardim. Até a sua inauguração em 1983, o espaço chamava-se Praça Vila Jardim, e era uma necessidade prevista até mesmo no Plano Diretor da época. Dependendo do tamanho do lote, cada área residencial necessita ter pelo menos uma área verde e destinada ao lazer.

Segundo relato dos moradores, Ernesto Frederico Söhnle era um dos proprietários de terras no local. Na época em que o loteamento foi feito, ao lado do pai de Carmen Klein ele teria doado a maior parte do terreno. Posteriormente, foi homenageado com o nome do local. O decreto foi assinado pelo então prefeito Armando Wink.

A outra praça que pulsa vida na Senador Pasqualini
A outra praça instalada na Avenida Senador Pasqulini é a Harald Alberto Söhnle. Ela recebeu esse nome em 22 de março de 2012, por indicação do vereador André Francisco Scheibler. Na época, Kelly Moraes era a prefeita de Santa Cruz do Sul.

Söhnle nasceu na Alemanha e formou-se contador no Colégio São Luís. Ele foi um dos sócios da empresa Indústria de Balas e Chocolates Sulina, tradicional de Santa Cruz do Sul. Foi presidente do Hospital Ana Nery e também da Associação de Auxílio aos Necessitados (Asan). O espaço tem campo de futebol, brinquedos, bancos e academia ao ar livre, constituindo-se como uma segunda opção aos moradores do Bairro Santo Inácio.

Contador nascido na Alemanha dá nome ao espaço criado em 22 de março de 2012

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