O teólogo e humanista holandês Erasmo de Roterdã (1466-1536) disse uma frase cuja ideia e conceito mantenho na memória como bússola do idealismo e da esperança. Escreveu:
“O ideal que não triunfa na realidade, permanece nela como uma força dinâmica. São precisamente os ideais não cumpridos os que se revelam invencíveis. Que uma ideia não se faça realidade, não quer dizer que esteja vencida ou seja falsa.
Uma necessidade, ainda que demore, não é menos necessária, ao contrário: só os ideais que não se consumaram ou não estejam comprometidos porque não se realizaram seguem tendo efeito em cada nova geração como um elemento de impulso moral. Só os não cumpridos retornam eternamente.”
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Repito o que já dissera em artigo anterior. Apesar dos pesares, é nosso dever ético e cívico renovar e manter acesa a chama da esperança.
Mesmo percebendo a arrogância de tantos parlamentares e governantes. Absurdo que não é muito diferente de outro absurdo: a incansável, repetitiva e demagógica retórica das “viúvas ideológicas” que sonham ressuscitar “defuntos políticos”.
Aliás, em se tratando de “viúvas ideológicas e defuntos políticos”, tem para todos os gostos e matizes. Não à toa que a lembrança de um provoca o relembrar de outro. Um extremo atrai o outro.
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Há e haverá (em 2018) tantos candidatos e discursos quantos são e serão os buracos no nosso “queijo político-eleitoral”. Ou seja, confusão e demagogia em doses gigantescas.
Mas, quem prestar atenção nos seus movimentos e práticas político-partidários, perceberá sua natureza de ocupação (e locupletação), suas ações e opções de estilo no exercício de poder. O que permitirá prognósticos com boa margem de acerto final. É como se o passado revelasse o futuro.
Uma das características mais reveladoras que facilitam a previsão de comportamento e ação futura (de partidos e candidatos) diz respeito à mudança de atitude, rotinas e procedimentos. Fora do poder diz uma coisa, dentro do poder faz outra.
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Fora do poder promete democracia e ação horizontal e abrangente, no poder exercita a verticalidade burocrática e o autoritarismo. Fora do poder suas “bases” são críticas e ativas, no poder submetem-se à ditadura do alto clero governamental e partidário.
Então, voltando às ideias de Erasmo, mantenhamos nossos ideais e façamos deles uma força dinâmica. Ainda que sempre adiados por conta de nossa incompetência coletiva.
Não esqueça: “que uma ideia não se faça realidade, não quer dizer que esteja vencida ou seja falsa (…) os ideais que não se consumaram (…) seguem tendo efeito em cada nova geração como um elemento de impulso moral.”
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