Terminou sem desfecho na esfera judiciária um caso policial registrado há quatro anos em Sinimbu. Rodrigo Goetze, de 38 anos, foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por tentativa de homicídio, que teria sido cometida contra Uelington Mateus Pires, de 24, na Avenida General Flores da Cunha, no centro do município. Em 16 de agosto de 2019, por volta de 19h50, Rodrigo, a bordo de um Fiat Uno Mille branco, teria tentado atropelar Uelington, que estava em uma bicicleta.

Um dos fatos que cercaram o caso remete à motivação. Tanto Polícia Civil como MP indicaram, em seus procedimentos, que o motivo da tentativa de atropelamento seria porque Rodrigo Goetze não aceitava o término do suposto relacionamento homoafetivo que teria com Uelington Mateus Pires. A vítima foi a única pessoa a depor no júri. O jovem de 24 anos negou no júri realizado nessa quinta-feira, 31, qualquer relacionamento amoroso com o réu.

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Afirmou que estavam seguidamente juntos, sobretudo nos fins de semana, quando, eventualmente, ele dormia na casa de Rodrigo. “Éramos apenas grandes amigos, por uns dois anos. Depois paramos de andar juntos”, disse a vítima. Ao ser questionado, o jovem admitiu que circulavam boatos na cidade sobre um suposto relacionamento entre eles, mas que, de fato, nunca aconteceu. No dia do caso analisado pelos jurados, Uelington relatou que estava andando de bicicleta, com fone de ouvido, em direção a uma aula de dança, quando Rodrigo parou o carro próximo.

“Depois eu ignorei e segui, nem vi que ele invadiu a calçada ou tentou me perseguir”, relatou. A afirmação, embora insuficiente para concluir que não houve tentativa de homicídio, enfraqueceu a tese acusatória. Por fim, Uelington disse ainda que após o caso, que foi investigado pela polícia, teria recebido mensagens ameaçadoras por parte de Rodrigo nas redes sociais, dizendo que ele iria matá-lo ou que sabia o seu endereço de casa ou trabalho.

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“Um nada jurídico”, afirma defensor

O promotor Flávio Passos explicou com riqueza de detalhes o teor da denúncia, e admitiu que não havia grandes indícios que pudessem apontar uma tentativa de homicídio. “A prova não é tão conclusiva a respeito disso”, afirmou. Ainda assim, deixou nas mãos dos jurados decidirem se classificavam o delito como imposto na denúncia ou desclassificavam para um de menor potencial ofensivo.

O defensor público Arnaldo França Quaresma Júnior fez a defesa de Rodrigo Goetze. O advogado Gilberto Klein, que defendera o réu anteriormente, acompanhou o julgamento em plenário. Por intermédio de uma manifestação de Arnaldo, o homem de 38 anos admitiu que era ele dentro do veículo envolvido no caso, mas que não tentou matar Uelington.

Em sua fala, o defensor Arnaldo salientou a falta de evidências para uma tentativa de homicídio, e disse que as provas apresentadas para imputar tal delito representavam “um nada jurídico”. “Não é justo o réu sair daqui com uma pena de dez anos ou mais por uma tentativa de homicídio, sendo que a vítima nem viu que ele tentou atropelá-la, não teve qualquer sequela ou arranhão, e seguiu a vida normal”, comentou. Admitiu que a absolvição também não seria o correto, e sim a desclassificação do crime, o que foi atendido pelos jurados na sala secreta.

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