Uma cidade de luto. Desde o último sábado, 7, tão logo começaram a circular as primeiras informações sobre o acidente que matou quatro pessoas e deixou outras seis feridas na ERS-348, um sentimento de tristeza tomou conta dos habitantes de Agudo. As investigações acerca das circunstâncias que provocaram a colisão entre dois automóveis Honda Civic, um branco e um preto, e uma motocicleta, na localidade de Cerro Chato, estão a cargo da Polícia Civil de Agudo.
O que já se sabe é que os carros seguiam em direções opostas quando colidiram. Logo a seguir, Clarice Luísa Friedrich, de 52 anos, que pilotava uma motocicleta, faleceu após bater em um dos automóveis já acidentados. As cinco ocupantes do Honda Civic branco sobreviveram, com lesões.
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Já no veículo preto estavam quatro jovens que trabalhavam no mesmo ambiente, a Cooperativa Agrícola Mista Agudo (CooperAgudo). Três deles faleceram no local: Willian Zanella Rios, de 21 anos, Mateus Niemeier Seibert, de 23, e Quélvin Muraro Freo, de 26. O outro ocupante do veículo escuro, Patrick Odir Friedrich, de 21, permanece internado em estado estável no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).
O luto de três dias decretado pela Prefeitura é sentido pelos habitantes do município com população de pouco mais de 17 mil pessoas. Por lá, a maioria evita especular sobre as circunstâncias e causas do acidente, e prefere relembrar das vítimas quando em vida.
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A Gazeta do Sul foi até Agudo nessa quarta-feira, 11, e conversou com o presidente da CooperAgudo, Dieter Edgar Berger, de 64 anos, na sede da empresa, na Avenida Concórdia, no Centro. Ele contou detalhes a respeito do trabalho dos jovens, os quais considerava como “colaboradores exemplares”.
“Eles eram amados por todos. Não há quem não esteja arrasado ou consternado aqui no município. Não dá para mensurar a dor dos pais e familiares, que ainda estão chocados com o acontecido. Os meninos saíram e, quando menos se espera, vem uma notícia dessas. Nem nós sabíamos como iríamos transmitir essa notícia aos parentes”, relatou Dieter Berger.
O presidente da CooperAgudo foi comunicado do acidente cerca de meia hora após o fato, pelo chefe do setor de ferragens da empresa, onde trabalhavam os três jovens falecidos e o que sobreviveu. “Me desloquei até lá, mas não deu para chegar perto, pois já haviam isolado toda a área. Na sequência, fizemos o acompanhamento junto às famílias, sendo que praticamente todas foram informadas por nós”, afirmou Dieter.
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Um trabalho em equipe no setor de ferragens da cooperativa
William era operador de caixa e atuava há cinco meses na CooperAgudo. Sua mãe trabalha na padaria da empresa e, atualmente, está afastada devido ao luto. Mateus era vendedor e já estava há quatro anos e sete meses no local. Quélvin trabalhava há sete anos e sete meses, nos últimos tempos como comprador. O sobrevivente, Patrick, é armazenista há um ano e oito meses.
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“Foi algo totalmente imprevisto. A comunidade ficou toda chocada, pois esses jovens trabalhavam em equipe, em diversas áreas diferentes e, independentemente do horário, estavam sempre prontos. São insubstituíveis”, comentou o presidente da CooperAgudo, Dieter Edgar Berger. A cooperativa opera em segmentos como arroz, soja, milho e feijão preto, e conta com 200 colaboradores.
Trabalha com os setores de insumos, supermercado e indústria, além de ferragens. Também possui seguro de vida para seus funcionários. Conforme o presidente, essa questão envolvendo os jovens falecidos no acidente vem sendo tratada junto à seguradora. Na última segunda-feira, dois dias após a morte dos três jovens, não houve expediente na cooperativa. Na terça-feira, a empresa iniciou as atividades uma hora mais tarde.
Uma reunião também foi realizada no dia, entre a diretoria e os 45 funcionários do setor de ferragens, que fica na Rua Marechal Deodoro, a cerca de dois quilômetros da sede da empresa. Uma psicóloga foi contratada para atuar junto aos colaboradores e também ficará à disposição dos pais das vítimas. “Buscamos conversar com nossos colaboradores. Eles são humanos e sentem a situação e a falta dos colegas. Por isso, vamos dar todo o amparo que eles precisam, assim como aos pais das vítimas.”
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O Instituto Geral de Perícias (IGP) deverá fornecer, nas próximas semanas, o laudo do levantamento no local dos fatos, além dos exames de necropsia nos corpos. As perícias técnicas, inclusive nos veículos, deverão trazer subsídios para que a investigação descubra os detalhes e a causa do acidente.
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