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“Era uma morte anunciada”, lamenta delegada sobre assassinato de mulher pelo ex

A série de vezes que Lúcia Teresinha Theis, 50 anos, procurou o auxílio da polícia e do judiciário para escapar das agressões e das ameaças que sofria do ex-companheiro não foram suficientes para impedir que ela fosse assassinada de forma brutal nesta quinta-feira, 1º. A mulher foi agredida com uma barra de ferro e morta com golpes de foice, em Linha do Moinho, no interior de Santa Cruz do Sul. “Era uma morte anunciada”, lamenta a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam).

Pelo menos 13 vezes Lúcia procurou a polícia para relatar agressões, ameaças e desobediências. Em um dos casos ainda mais graves, registrou um estupro. Mesmo após mais de uma década separados, o ex-companheiro José Adolfo Gonçalves, 55 anos, que está foragido, não aceitava o fim da relação. Nesta madrugada, invadiu a casa que ela dividia já com um novo companheiro e agrediu os dois. Ele arrombou a porta e atingiu os dois, que estavam dormindo, com uma barra de ferro. Ferido na cabeça, o companheiro de Lúcia escapou na direção da casa de vizinhos para pedir socorro.


José Adolfo Gonçalves, 55 anos, está foragido

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Enquanto isso, Gonçalves permaneceu no chalé, onde teria golpeado a vítima diversas vezes com uma foice. A ferramenta estava ao lado da cama. Quando a Brigada Militar chegou ao local, o corpo de Lúcia estava caído na entrada da residência. O autor já havia escapado. Antes de chegar lá, na noite de quarta-feira, conforme a delegada Lisandra, Gonçalves rompeu a tornozeleira eletrônica que usava. Ele cumpria pena domiciliar por conta de uma condenação recebida em julho.

Revoltada com o desfecho do caso, a delegada lembrou que Lúcia tentou escapar das agressões do ex-companheiro diversas vezes. O primeiro registro policial aconteceu ainda em 1998. Na época, eles já tinham dois filhos. Ela teria se separado cinco anos depois, após novas agressões. No entanto, as ameaças e agressões voltaram a acontecer. “Ela sempre procurou a polícia para dizer que ela não queria mais. E que ele não a deixava em paz. E não deixava a família em paz. Atormentou a vida dessa família”. Gonçalves chegou a ser preso em flagrante, em junho de 2014, por ter desobedecido uma medida protetiva. Ele permaneceu preso por cerca de um ano.

Em novembro do ano passado, já solto, voltou a procurar a vítima e tentou agredi-la. Acabou sendo atingido por uma facada no abdômen por um dos filhos. A Polícia Civil então solicitou a prisão preventiva de Gonçalves, mas o pedido foi negado pela Justiça. Em julho deste ano, foi condenado a seis anos e sete meses de prisão pelos ataques a ex-companheira. Atualmente, estava em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira. “Hoje para nós é um dia muito triste. A gente vê assim uma falha total no sistema. O sistema não conseguiu protegê-la. Mas que sistema é esse? Foi o policial que falhou? Eu acredito que não. Foi o sistema legal que falhou? Eu acredito que não”. 

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Crime ocorre em Linha do Moinho, no interior de Santa Cruz do Sul
Foto: Leandro Porto/Gazeta AM

 

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