Comecei a semana com tosse. Admito que se trata de um problema mínimo diante dos graves males que afligem milhões de pessoas no Brasil e no mundo. A proliferação de farmácias não é um fenômeno recente, mas ainda chama a minha atenção quando saio à rua.
Não sou um especialista, mas acho que a disputa de mercado é turbinada pelos hipocondríacos, pessoas que – no dito popular – “têm mania de doença”. As más línguas garantem que esses “pacientes” vão às drogarias em busca de lançamentos e de promoções, fazendo aquisição mesmo que estejam em perfeitas condições de saúde.
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Diante de minha insistente tosse resolvi ir ao pronto socorro, localizado defronte ao meu local de trabalho. Além disso – pensei – tendo plano de saúde em dia, nada mais lógico que buscar atendimento especializado.
Auscultado em vários pontos do pulmão e tendo pressão arterial e temperatura medidas, o médico diagnosticou uma “infecção aguda das vias aéreas superiores não especificada”, conforme cópia do laudo que me foi entregue. Depois da rápida consulta, atravessei a rua e fui à farmácia, onde gastei 90 reais com três medicamentos: antibiótico, antialérgico e um xarope.
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Ao voltar para o trabalho, caí na asneira de comentar em voz alta a minha aventura médica e quase morri de arrependimento.
– O quê? Por causa de uma tossezinha à toa tu foi até o pronto socorro, esperou meia hora para ser atendido e ainda gastou quase 100 reais com remédio? Tu tá louco?– disparou uma enfurecida colega de trabalho.
Para completar a carraspana, a colega perguntou quais foram os medicamentos prescritos e adquiridos, situação que resultou em uma nova explosão de irritação:
– Esse teu médico não sabe de nada mesmo! – disparou e passou a enfileirar nomes comerciais e de princípios ativos do que realmente eu deveria usar para “uma simples tosse” e “ficar bem logo”.
O episódio comprova o arraigado hábito da automedicação, prática perigosa, mas que se tornou uma mania nacional. Costumo dizer que uma simples queixa sobre uma “dor na sobrancelha” suscita um rol infindável de sugestões sobre medicamentos. A “consulta informal” inclui nome de médicos, alopatas e homeopata. “Não te preocupa: todos atendem particular, Unimed e IPE”, acrescentam com sobradas manifestações de gentileza médica informal.
Com esse pessoal eu costumo reagir com paciência. Afinal, eles querem ser gentis, além da melhoria de minha saúde, e se dizem preparados para ajudar. Alguns, inclusive, ligam no dia seguinte para saber do meu estado de saúde, o medicamento consumido e o nome do médico consultado. Com tanta atenção, não estranha que tenhamos três ou quatro farmácias na mesma quadra. Haja doença!
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