Em minha coluna da semana passada na Gazeta do Sul publiquei neste espaço um artigo que tratava das agruras enfrentadas por aqueles, como eu, que alcançam a velhice. O texto surpreendeu pela repercussão. Não se trata de exibicionismo, mas de uma constatação. A maioria dos leitores concordou com o teor da crônica, onde relacionei situações em que sofremos com discriminações, dores, dificuldades de todo tipo e restrições a perder a conta.
Alguns leitores também opinaram, considerando o texto um tanto pessimista. Como a democracia – aquela não “relativa” que alguns cultuam – é a liberdade de manifestação, revi o material com atenção e concordei com alguns trechos de cunho negativo. Lembrei de uma definição que levo vida afora: “O pessimista é um otimista bem informado”. Mas como hoje acordei de bem com a vida, resolvi enfocar aspectos positivos de completar 64 anos, como é o meu caso, ou mais.
Ser velho significa que raramente somos surpreendidos pelos corcoveios da vida. Nesta altura da vida já vivemos muito, vimos quase de tudo e sabemos como as coisas se desenrolam – começo, meio e fim. É uma tentação não cortar o entusiasmo dos mais jovens, quando um deles fala das maravilhas do novo emprego. Ou quando começam um novo relacionamento amoroso ou projetam sucesso fácil na implantação de algum empreendimento.
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Nesta quadra da vida também aprendemos a dosar nossa energia. Por dois motivos básicos: primeiro porque já vivenciamos quase tudo e sabemos exatamente onde empregar nossas forças. Em segundo lugar, porque energia não é matéria-prima abundante para nós, jovens há mais tempo, sábios. E modestos.
Ser “cascudo” permite o desenvolvimento de outras capacidades. Como a facilidade para detectar afetos próximos carentes de acolhimento. E isso é muito bom, porque permite ajudar as pessoas que precisam de um ombro amigo ou apenas de ouvidos dispostos a ouvir as cantilenas marcadas por queixas e lamúrias tão comuns neste mundão de Deus. É um comportamento que exige apenas paciência, com resultados humanos edificantes. Muitas vezes ajudamos a espantar a tristeza, o tédio e até mesmo a depressão.
O avanço da idade permite reconhecer companheiros de jornada para toda esta jornada terrena. São amigos com quem mantemos raros encontros, mas que são “cúmplices do bem” que compartilham princípios e valores. Na adolescência ou na idade de “jovens adultos”, já detectamos aqueles parceiros que estarão para sempre em nossos corações e mentes.
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Diante do exposto até aqui, espero ter contentado aqueles leitores que consideraram a crônica da sexta-feira passada muito pessimista em relação à velhice. Como dá para notar, tudo é uma questão de ponto de vista. E tudo na vida, sempre, tem os dois lados.
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