O ator Evandro Elias foi clicado durante as filmagens de Netto e o Domador de Cavalos | Foto: Dulce Helfer
A exposição Pretos na Tela, com fotografias da fotógrafa e jornalista Dulce Helfer de atores e atrizes negros do cinema gaúcho, pode ser conferida até o dia 7 de outubro na Casa das Artes Regina Simonis, em Santa Cruz do Sul. A mostra reúne 20 imagens captadas pela santa-cruzense em sua atuação como fotógrafa de cena (still) e making of nos filmes Netto e o Domador de Cavalos (2005), Os Senhores da Guerra (2013) e A Cabeça de Gumercindo Saraiva (2017), todos roteirizados e dirigidos por Tabajara Ruas. O escritor conversou com a Gazeta do Sul pelo WhatsApp desde sua casa em Santa Catarina e comentou a curadoria que realizou para a exposição.
Dulce Helfer conta que a parceria com Tabajara Ruas iniciou-se em 1985, quando trabalharam juntos no jornal cultural O Continente, em Porto Alegre. Desde então, os dois acumulam parcerias em livros, no cinema e em outros projetos, e a fotógrafa afirma que, além de serem amigos, considera o autor como alguém da família, com quem conversa diariamente.
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Trabalhando no cinema há cerca de 25 anos, a santa-cruzense conta que uma das grandes particularidades nos filmes de Tabajara Ruas são os figurinos. “O Taba faz filmes históricos, sempre contando a história do Rio Grande do Sul, dos ximangos e maragatos, com muita coisa dos livros dele”, frisa.
“Eu adoro fazer still e making of em cinema porque está tudo pronto ali. Os lugares em que a gente vai sempre são legais; quando é estúdio ou dentro de casa, se faz internas e tem a luz pronta, é tudo muito bom”, explica a artista. Nessas ocasiões, além de registrar os personagens principais, vividos por atores consagrados, como Murilo Rosa, Werner Schünemann e Tarcísio Filho, ela sempre voltou suas lentes para o restante do elenco.
“Todos esses atores da exposição foram coadjuvantes. Me dei conta de que tinha tantas fotos de atores negros que atuam no cinema gaúcho. O Tabajara e eu estávamos pensando em fazer um trabalho sobre o making of dos filmes. Então sugeri para ele que a gente começasse fazendo só dos atores negros, para resgatar essas fotos de toda essa gente que trabalhou tão bem nesses filmes”, conta Dulce Helfer. Depois veio a escolha de inscrever a exposição em um edital, no qual a fotógrafa foi contemplada entre centenas de projetos artísticos do Estado.
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Pretos na Tela reúne fotos dos atores Sirmar Antunes, Apollonio Cipriano, Anderson Simões, Evandro Elias, Álvaro Rosacosta, Vera Lopes, Denizeli Cardoso e Mislaine de Oliveira. O projeto foi viabilizado com recursos da Lei Aldir Blanc (Lei nº 14.017/20), por meio do Edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, parceria da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac) e da Fundação Marcopolo. Também foi impresso um álbum com 42 fotos, entregue aos cem primeiros visitantes da exposição.
Tabajara Ruas
Escritor, cineasta e curador da exposição e álbum Pretos na Tela
Magazine – Sobre essa parceria de longa data com a Dulce Helfer, como se deu desta
vez para a exposição Pretos na Tela?
Tabajara Ruas – A exposição Pretos na Tela é um projeto pessoal da grande artista Dulce Helfer. Eu aceitei o convite porque sempre é bom trabalhar com a Dulce, pela criatividade e confiança. Ela foi a fotógrafa de cena de três dos meus cinco longas, e ainda fizemos juntos álbuns sobre suas fotos, sempre com sucesso e prazer.
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Magazine – Na sua opinião, quais são as características mais marcantes das fotos da Dulce? Como curador da exposição, quais foram seus critérios na hora de escolher as imagens?
Tabajara Ruas – Dulce foi repórter fotográfica durante 30 anos, e, assim, suas fotos trazem a marca da espontaneidade, da precisão em captar o instante e sua visão de mundo, amorosa e cálida, mas intransigente com as injustiças deste mundo. Pensei nas fotos para a mostra obedecendo a esse critério, que imagino seria o da Dulce.
Magazine – Qual é a importância de colocar atrizes e atores negros em destaque?
Tabajara Ruas – O povo negro não precisa de defensores, eles fazem isso muito bem. A mostra é uma homenagem a atrizes e atores gaúchos que passaram com seu talento em nossas vidas – e a deixaram melhor. A humanidade vive momento perigoso, de obscurantismo e retrocesso, e homenagear trabalhadores da cultura nestes tempos é um tijolo a mais na fortaleza que todos estamos erguendo contra a escuridão que se aproxima.
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