Mais uma semana tem início e, com ela, seguem as manifestações dos professores pelo Rio Grande do Sul. Depois de duas semanas de protestos, o fim da paralisação ainda é incerto.
O sindicato da categoria tem a expectativa de mobilizar mais profissionais nos próximos dias. Esse, aliás, deve ser o principal foco do movimento a partir de agora. Confira, a seguir, entrevista realizada com a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.
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ENTREVISTA
Helenir Aguiar Schürer
Presidente do Cpers
Gazeta do Sul – Qual a avaliação que se pode fazer desse primeiro período de greve?
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Helenir Aguiar Schürer – É uma greve maciça, com a maior adesão em muitos anos, mas também com características diferentes, algumas inéditas. Nunca vi, por exemplo, tanto apoio social e institucional nos meus 33 anos de magistério. Recebemos mais de 270 moções de apoio de Câmaras de Vereadores.
A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) também declarou apoio à mobilização. Existem atos de rua em centenas de cidades, lado a lado com pais, mães e estudantes. Cresce o movimento de lojistas fixando cartazes de apoio em suas vitrines.
É um levante do Rio Grande do Sul contra anos de descaso. Ninguém aguenta mais a destruição da escola pública e a miséria imposta a educadores. A sociedade gaúcha entendeu que não será sacrificando quem ensina que o Estado sairá da crise.
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O que podemos esperar para os próximos dias?
Temos clareza de que o principal desafio de qualquer greve – mas em especial de uma greve forte – é manter a categoria mobilizada. Esse é um processo contínuo, que depende do diálogo constante com a base, da compreensão do momento histórico que atravessamos e de coragem para não recuar diante das ameaças do governo, como o corte de ponto de grevistas. Mas nos tiraram tanto, que já não temos nem o medo. A greve seguirá firme e cada vez mais forte.
Por que é importante que os professores continuem na mobilização?
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Porque a luta vale a pena. Há poucas semanas, Eduardo Leite parecia imbatível. Com ampla maioria na Assembleia Legislativa e postura arrogante, apresentou um pacote de medidas brutais contra os educadores sem responder a qualquer das reivindicações da categoria.
A imprensa subestimou a capacidade de mobilização do magistério. Por dias, a própria mídia ignorou a força da greve. Mas o jogo está virando. Após a mobilização histórica da categoria e da sociedade gaúcha, o castelo do governador começou a ruir. Na semana que passou, a maior bancada da base governista (MDB) divulgou nota conjunta posicionando-se contrariamente à proposta que prevê alterações na carreira.
Eduardo Leite está acuado e já fala em “atenuar” as medidas. Mas não há remendo para o que não tem conserto. Ratificamos que qualquer perspectiva de negociação com o governador depende da retirada dos projetos da pauta da Assembleia Legislativa. O diálogo não é possível sem, antes, tratar das reivindicações urgentes da categoria: salário em dia, reajuste já e nenhum direito a menos. A educação merece respeito!
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Qual será a agenda de mobilizações no Estado?
Nesta terça-feira realizaremos um grande ato estadual em Pelotas, terra do governador. Além dos educadores, municipários e outras categorias do Estado que aderiram à greve estarão lado a lado. Nessa segunda-feira o comando de greve voltou a se reunir para deliberar a respeito das agendas seguintes.
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