Foi no Avenida, de Santa Cruz do Sul, em 2018 e 2019, que o técnico Fabiano Daitx voou alto nas asas do Periquito, a ponto de ter se projetado para o Brasil todo, no enfrentamento com o poderoso Corinthians Paulista, em pleno Itaquerão (e a derrota por quatro a dois em nada ofuscou a façanha). Agora, é com a simbologia de outra ave que ele mira novos horizontes. E o faz em mais uma Copa do Brasil, a segunda da carreira dele.
À frente do time do Azuriz FC, da pequena cidade de Marmeleiro, de pouco mais de 15 mil habitantes, no Sudoeste do Paraná, avançou para a terceira fase do certame, indo inclusive além da bela campanha de 2019 no Avenida. Clube de apenas quatro anos que, em formato de empresa formadora de atletas, mantida por um grupo de empresários, ficou entre os quatro semifinalistas do paranaense de 2021, o Azuriz empresta o nome da gralha azul (chamada de “azure jay” em língua indígena regional), a ave símbolo do Paraná. Ou seja, do periquito para a gralha azul, Daitx mais uma vez tem os ventos a seu favor.
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Em entrevista para a Gazeta do Sul, por telefone, Daitx enfatizou que na campanha atual tem sempre na memória o aprendizado da primeira participação na Copa do Brasil, com o Avenida. “Ajudou muito! Aquela experiência me trouxe muitos ensinamentos que agora posso transmitir ao nosso grupo daqui”, frisou. Naquela ocasião, o clube santa-cruzense enfrentou na primeira fase o Guarani, de Campinas, em jogo único nos Eucaliptos, e venceu por um a zero, condição que, além de trazer excelente cota pela ida à segunda fase, permitiu enfrentar o Coringão. Neste início de 2022, de volta ao Azuriz, no qual esteve como treinador em 2021, o clube jogou a primeira fase da Copa do Brasil contra o Botafogo de São Paulo, e venceu por um a zero, no dia 23 de fevereiro.
Ficou esperando ansioso pelo adversário seguinte, que, ao que tudo indicava, seria o Grêmio, que jogaria contra o Mirassol no dia 1º de março. Para completa surpresa, o Grêmio levou três a dois, e mais um paulista estaria no caminho de Daitx. Pois o Azuriz, em seus domínios (o clube faz seu mando de campo em Pato Branco, a 60 quilômetros de Marmeleiro), fez o que o Grêmio não foi capaz: desbancou o Mirassol, por um a zero.
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E na última segunda-feira conheceu o novo adversário, o Bahia, que enfrentará em jogos de ida e volta, o primeiro na capital baiana, no dia 20 de abril, e o segundo, em casa, em 11 de maio. Mais do que avançar de fase, o que o Azuriz assegurou foram excelentes cotas, logo na primeira participação nessa competição: R$ 620 mil por participar da Copa; R$ 750 mil da primeira fase; R$ 1,9 milhão da segunda fase; e R$ 1,7 milhão da terceira fase. Caso supere o Bahia, garante mais R$ 2,7 milhões pela presença nas oitavas de final.
No entanto, acima de tudo fica a evidência do fortalecimento de Fabiano Daitx na condição de treinador. É uma inegável projeção do nome dele entre os técnicos da nova geração, que pedem passagem rumo a grandes clubes, seleto grupo em que certamente aparecerá muito em breve.
A campanha com o Avenida em 2019 serve de inspiração
Aos 47 anos, o porto-alegrense Daitx, que cresceu em Novo Hamburgo, faz a segunda passagem pelo clube de Marmeleiro. No ano passado, conduziu o time em toda a bela campanha que levou à semifinal do Paranaense, o que assegurou a vaga na Copa do Brasil deste ano e ainda na Série D, na sequência.
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A atual temporada Daitx havia iniciado à frente do Novo Hamburgo, na cidade em que a família fixou residência. Optou por deixar o clube após a quinta rodada do Gauchão 2022, mesmo com o time na zona de classificação para as semifinais, e logo definiu a volta ao Azuriz. Pegou esse clube na reta final do Paranaense, com apenas três jogos por cumprir, e ameaçado de rebaixamento. Era obrigatório ganhar até do Coritiba, em casa, para escapar; venceram por um a zero. Mas ficaram de fora do grupo dos oito clubes que avançaram à fase seguinte.
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Assim, a Copa do Brasil e a Série D são as grandes apostas para a temporada. A bela campanha no primeiro certame transmite confiança para, na Série D, quem sabe chegar à Série C em 2023, quando, sem uma boa campanha no Estadual, os campeonatos nacionais não estão previstos. Só um sucesso na D pode garantir temporada em alta em 2023. E Daitx observa que a comunidade, tanto a de Marmeleiro quanto a de Pato Branco, onde o clube joga, abraçou a proposta. O Centro de Treinamento na cidade-sede tem quatro campos. No grupo atual estão o goleiro Jota, ex-UFSM, e o volante Fábio, ex-Novo Hamburgo.
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Assim, Daitx se inspira na temporada no Avenida, a mais longa na carreira, com quase três anos ininterruptos (saiu uma semana antes de fechar essa marca), para os grandes enfrentamentos de 2022. No currículo, tem passagens por quase duas dezenas de clubes gaúchos, entre Caxias, Aimoré, Sapucaiense e Santo Ângelo, sendo o Azuriz o primeiro clube de fora do Estado. Com essas experiências, sonha alto, com o dia em que certamente assumirá um clube de ampla projeção nacional.
E guarda com muito carinho as lembranças da passagem por Santa Cruz, que inclusive lhe renderam o título de Cidadão Santa-Cruzense, concedido pela Câmara de Vereadores. “Guardo Santa Cruz do Sul e o Avenida no coração”, afirma. “Aquele jogo contra o Corinthians é inesquecível, assim como os 3×0 que fizemos no clássico contra o Galo nos Eucaliptos”, cita. E diz acompanhar as campanhas do Periquito, e seguir na torcida inclusive pelo acesso.
Entrevista – Fabiano Daitx, técnico do Azuriz
- Fabiano, em que medida a campanha na Copa do Brasil com o Avenida, em 2019, e a de agora, com o Azuriz, se assemelham? O que aquela experiência trouxe como ensinamento?
Podemos resumir que aquela experiência com o Avenida nos deu confiança em saber que é possível, que é preciso acreditar no trabalho, e mostrou como preparar uma equipe para um jogo decisivo. - E a Série D? Há forte expectativa do Azuriz e da população regional para, quem sabe, o clube poder avançar para a Série C em 2023?
Temos uma expectativa muito grande para a Série D. Sabemos da dificuldade e do equilíbrio entre os clubes. Estão envolvidos times de muita tradição e outros clubes que estão buscando espaço. O objetivo é classificar na primeira fase e entrar para a fase de mata-mata, onde se definem os classificados. - Como é a rotina em Marmeleiro? Vocês treinam e se concentram aí e vão só para os jogos em Pato Branco, isso?Nossa rotina de treinos é em Marmeleiro, em um CT excelente, com quatro campos e ótimas condições de trabalho. Mas concentramos e jogamos em Pato Branco.
- Como encaras a possibilidade de assumir clubes cada vez mais expressivos em âmbito de Brasil? Te sentes plenamente preparado para uma missão nesses moldes?
Sou técnico de futebol há muitos anos, já passei por muitos clubes e por vários momentos, e me sinto muito preparado para ir crescendo dentro do cenário do futebol brasileiro. - Como é a tua relação ainda hoje com Santa Cruz, onde inclusive ganhaste o título de cidadão?
Fiz muitos amigos em Santa Cruz. Hoje estou afastado, por morar no Paraná, mas tenho um carinho especial pelo Avenida e pela cidade, que me deu o título de cidadão. Acompanho as notícias do clube e sempre lembro dos momentos bons que passei na cidade.
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