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Pandemia

ENTREVISTA: especialista tira dúvidas sobre as vacinas contra a Covid-19

Foto: Rafaelly Machado

Com 24.380 doses de vacinas distribuídas aos 13 municípios da região, a campanha de imunização contra o coronavírus ainda está na fase 1 dos grupos prioritários. Considerada pelos pesquisadores como uma esperança para o controle e o fim da pandemia, a vacina representa a possibilidade de voltar ao “normal” de antes da Covid-19, com uma resposta imunológica natural ao vírus.

Segundo a professora do programa de pós-graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Lia Gonçalves Possuelo, as pessoas que são chamadas para se imunizar têm a oportunidade de criar a resposta à doença, e, por isso, não devem deixar de receber as doses. “É importante fazer a vacina para induzir o corpo a produzir uma exposição natural ao vírus”, explica.

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Lia frisa que, mesmo não existindo eficácia de 100% na proteção, as vacinas evitam os casos graves, que, na última semana, superlotaram Unidades de Terapia Intensiva (UTI) da região, expondo a fragilidade da vida diante da pandemia. “Não é preciso ter medo da reação à vacina. Ela é uma evidência que indica que o organismo está respondendo ao imunizante”, enfatiza.

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Para esclarecer algumas dúvidas, a Gazeta entrevistou a professora e doutora em Biologia Celular e Molecular da Unisc, Andréia Valim. Ela também é diretora de inovação e empreendedorismo na Unisc, e está à frente das ações realizadas pela universidade para enfrentar a pandemia na região.

Quem já tomou alguma vacina ainda precisa usar máscara e álcool em gel nas mãos ?
A vacinação no Brasil até o momento atinge menos de 3%, e no Rio Grande do Sul os grupos prioritários já vacinados correspondem a aproximadamente 4% da população. Dessa forma, é muito importante que quem se vacinou continue se protegendo e, principalmente, protegendo quem ainda não foi imunizado. O distanciamento social precisa ser mantido, se possível, nesse período de alta circulação do vírus, durante a classificação de risco da bandeira preta. Essas ações são necessárias para que se evite contato com pessoas que não sejam do núcleo próximo de convivência. As precauções devem ser mantidas até que a maioria das pessoas esteja vacinada.

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Quanto tempo dura a imunidade da vacina contra a Covid-19 no organismo?
Ainda não está claro quanto tempo dura a imunidade das diferentes vacinas em fabricação neste momento. Dessa forma, o protocolo de vacinação ainda não foi definido. Contudo, diversos estudos são conduzidos para acompanhar a duração da proteção dos imunizantes, que são diferentes entre si e geram diferentes respostas, de acordo com as suas características. É preciso destacar que, por se tratar de um coronavírus, vírus cujo material genético é RNA, a frequência de alterações e mutações genéticas é muito maior. Assim, os cientistas acreditam que a imunidade permaneça por determinado período, e doses frequentes podem ser necessárias para evitar novas contaminações.

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Quem já foi contaminado com o coronavírus precisa tomar agora a dose?
Algumas pesquisas já mostram que, depois de contaminados pelo coronavírus, os pacientes desenvolveram anticorpos que podem durar de algumas semanas a alguns meses. No entanto, cientistas alertam que nem todas as pessoas reagem dessa maneira. Existem pacientes que são assintomáticos, por exemplo. Quando estes são contaminados com o vírus, reagem de forma diferente daqueles que apresentam sintomas mais graves. Por isso existe a aplicação de vacina em quem já teve a infecção. A recomendação dos pesquisadores é que o paciente que teve Covid aguarde por um período de 30 dias, a contar da época da contaminação, para então ser vacinado.

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Quem tem alergia ou toma medicamentos pode se imunizar contra a Covid?
A vacina deve ser realizada por todos que se encaixarem nos critérios para receber a imunização. As exceções são para as gestantes, crianças e pessoas menores de 18 anos, cujos testes ainda não foram realizados. Para as pessoas quem têm alergia, com reação grave aos componentes da vacina, o imunizante igualmente não é indicado. Também não devem se vacinar as pessoas que já receberam a primeira dose da CoronaVac ou da Covishield (Oxford/AstraZeneca) e, após aplicação, tiveram algum tipo de reação. Dessa maneira, eles não devem receber o reforço à imunização que é oferecido a partir da segunda aplicação. É necessária uma orientação médica nesses casos.

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Por que não tem vacina para comprar ainda? Quando isso vai ser possível?
Somente as vacinas com registro definitivo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) podem ser comercializadas no Brasil. Dessa forma, a aprovação Pfizer/BioNTech abre essa possibilidade. Contudo, a preocupação maior em saúde pública é que todas as pessoas tenham acesso à vacina, não apenas as que têm recursos financeiros para a aquisição. Essa preocupação baseia-se em um princípio bem simples: se não houver vacinação em toda a população, ou na grande maioria, não haverá redução da epidemia. Por isso que a prioridade ainda, no Brasil e no resto do mundo, é para a disponibilidade de vacinas para os sistemas públicos e governamentais, que oferecem de forma gratuita o imunizante.

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Como são produzidas as vacinas usadas para combater o coronavírus?
A produção de vacinas apresenta diferentes fases. A primeira etapa busca identificar alvos para o imunizante, que apresentem capacidade de gerar resposta imune; isto é, são procuradas substâncias, moléculas ou partes do ser vivo causador da doença que poderão servir de peças para montar o quebra-cabeça do desenvolvimento de uma vacina. Nessa fase inicial, o potencial da vacina é testado em modelos celulares ou em animais; são os famosos testes in vitro e in vivo, respectivamente. Depois ocorrem os testes em humanos, para verificar a resposta dos pacientes vacinados. Mas, para que um imunizante seja usado, é preciso ter a aprovação final da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Quais são os principais efeitos colaterais das doses e o que se sabe sobre isso?
Até o momento, o que se tem de informações é que os efeitos colaterais das vacinas são raros. De acordo com as pesquisas feitas pelos laboratórios fabricantes ao redor do mundo, representam menos de 2% dos casos. Quando ocorrem, acabam sendo eventos mais comuns, como a cefaleia, que é a famosa dor de cabeça; febre, mialgia, diarreia, náusea e dor localizada. Entretanto, cabe ressaltar neste momento que somente a partir do monitoramento e farmacovigilância a partir da fase 4 de testes, quando um número maior de pessoas receberá as vacinas, será possível avaliar a real frequência dos eventos adversos que poderão acontecer durante o período da pós-vacinação.

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Quem tem alergia a ovo e não se vacina contra gripe pode se imunizar contra a Covid?
Não deve se receber a dose quem apresentar reações adversas graves, como resposta aos componentes das vacinas. Isso é comum para qualquer tipo de imunizante. As pessoas são alérgicas a determinados componentes, e, por isso, precisam prestar atenção. No caso da vacina do Instituto Butantan, são eles: hidróxido de alumínio, hidrogenofosfato dissódico, di-hidrogenofosfato de sódio, cloreto de sódio e hidróxido de sódio. Já a da AstraZeneca inclui os seguintes excipientes: cloridrato de L-histidina monoidratado, cloreto de magnésio hexaidratado, polissorbato 80, etanol, sacarose, cloreto de sódio e edetato dissódico di-hidratado (EDTA).

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