O novo bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul irá tomar posse no dia 29 de setembro. O monsenhor Itacir Brassiani, 64 anos, foi nomeado pelo papa Francisco há uma semana e se prepara para assumir o cargo de dom Aloísio Dilli, que renunciou no ano passado, quando completou 75 anos. Nessa quarta-feira, 26, Brassiani esteve em Santa Cruz para uma reunião com os padres e coordenadores da Diocese. Além da escolha da data de ordenação – que será na Catedral São João Batista, às 15 horas –, escutou as demandas e conheceu um pouco mais do lugar onde irá atuar.
Ele permanece no município até esta quinta-feira, 27, dando continuidade ao contato com os religiosos e para conversar com dom Aloísio. Depois disso, irá continuar no posto atual de Superior Provincial para a América Latina dos Missionários da Sagrada Família, em Passo Fundo.
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Contudo, ele pretende retornar a Santa Cruz em outros momentos antes de ser ordenado e participar dos eventos da diocese, incluindo uma romaria. “Não estarei com muita frequência porque continuo com a minha missão de coordenador em Passo Fundo. Levarei a responsabilidade até meados de setembro, mas devo renunciar dias antes para que possa estar aqui na diocese”, afirmou.
No final da tarde dessa quarta-feira, 26, o novo bispo recebeu a imprensa e concedeu uma entrevista no Seminário São João Batista. Durante a coletiva, falou sobre suas expectativas e ideias que pretende compartilhar com os fiéis após a sua posse. Ele também conheceu a estrutura da igreja local, guiado pelo pároco da Catedral São João Batista, o padre Rodrigo Hillesheim.
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Quais as expectativas para assumir o posto de bispo da Diocese de Santa Cruz?
É uma missão para a qual eu creio que ninguém se prepara, porque no meu caso não estava no meu horizonte. Honestamente, compartilhei com os colegas da diocese que eu estava me preparando para em fevereiro partir para a África, numa missão que nós temos lá. Entregaria a minha função de coordenação em outubro, teria alguns meses para cumprir outras agendas extras e iria em fevereiro com a graça de Deus para lá. Então não estava preparado, não estou preparado e é todo um aprendizado.
Fui formador de seminaristas e coordenador de um grupo de 130 padres. Então, de certa maneira, é um prosseguimento. Mas a maior parte das demandas serão absolutamente novas. Ou seja, não se prepara de imediato. É um aprendizado que se faz exercitando esse ministério.
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A região e o Estado passam neste momento pela reconstrução após a catástrofe climática. Como o senhor vê o papel da Igreja Católica nesse contexto?
Creio que, em um primeiro momento, o papel dos líderes católicos é exercer aquilo que eu chamo de ministério da consolação, que dá sustento para que as pessoas possam prosseguir e se reconstruir.
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Isso significa um apoio humano, material e espiritual. E esses acontecimentos precisam ser refletidos para que nós tiremos as lições não só como população de uma região, mas como humanidade. Porque esses eventos são naturais, mas a frequência e a intensidade com que têm se repetido não. E são consequências de uma série de fatores, inclusive da interação humana.
Poderia falar sobre seus planos como novo bispo?
Não tenho planos. Afinal, não sou um candidato que chega com bandeiras ou plataformas. Porém, tenho convicções que trago comigo e vou compartilhar com o povo de Deus da Diocese.
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Uma delas, por exemplo, é que a Igreja é comunhão. Ou seja, comunhão nas diferenças, de diferentes pessoas, comunidades, etnias, serviços e organizações. É participação, e aí é o direito e o dever que todos têm de tomar parte ativa no processo, cada um dentro das suas competências.
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Como se daria essa integração?
Tenho a convicção de que os leigos e leigas têm um papel imprescindível na renovação e na vitalidade da Igreja. E isso significa, pouco a pouco, devolver a eles o protagonismo na ação, reflexão e decisão dentro dos processos da Igreja.
Eu acho que a Igreja precisa devolver uma certa paridade da presença das mulheres nas instâncias de coordenação e decisão. Nós temos que desmasculinizar a igreja. Isso não é uma plataforma política, mas um princípio cristão.
Finalmente, eu tenho a convicção de que não sou salvador da pátria. Não é uma honra ou um mérito ter sido nomeado bispo. É uma missão. E é transitória. Eu não serei para sempre bispo, chego aos 75 anos e vou para outra missão. Viro um soldado raso e espero estar em condições de vida para continuar a missão em outro lugar.
E outros vão prosseguir a caminhada, assim como eu recebo uma diocese viva graças ao trabalho de tanta gente.
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