Pergunta que não quer calar: esses incêndios que cobrem o Brasil de fumaça são criminosos? Ao menos em parte, está demonstrado que sim. Suspeitos foram presos em Goiás, São Paulo e Mato Grosso, por exemplo, e a Polícia Federal tem dezenas de investigações em andamento. Sobre a situação no interior paulista – onde pessoas morreram –, a Defesa Civil chegou a afirmar, ainda no fim de agosto, que 99% dos focos haviam sido resultado de uma ação humana deliberada.
Sejam desastres propositais ou não, o País está coberto por fumaça proveniente de 11 estados e do Distrito Federal. Conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o total de focos de incêndio mais que dobrou entre 1º de janeiro e 10 de setembro, comparado com o mesmo período do ano passado. É um índice de queimadas recorde, sobretudo na Amazônia.
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Não é normal enxergar um céu nublado sem nuvens, ou a lua com um tom avermelhado doentio. Ou, bem mais doloroso, milhares de hectares de florestas ardendo em chamas. Para quê? Em Mato Grosso, moradores de Nova Olímpia filmaram redemoinhos de fogo na zona rural, twisters incendiários.
Imagens desconcertantes que estão se sucedendo. Como se não tivessem sido desoladoras o suficiente as cenas de maio, no Rio Grande do Sul, com os rios transbordando e tudo o que vimos. A dúvida dos pessimistas hoje é: o mundo vai terminar pelo fogo ou debaixo d’água?
E não deixa de ser absurdo ver isso acontecer quando se fala tanto em sustentabilidade, preservação, mudanças climáticas, aumento da temperatura no planeta, etc. A impressão é de que existem duas realidades contraditórias, que não combinam. E não há diálogo possível.
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Uma realidade é a das campanhas bem-intencionadas, do discurso alinhado com a pauta ambientalista, os projetos ESG e os apelos emotivos pelo “futuro dos nossos netos”. E bem outra é a realidade do desprezo e da destruição, desmatamento sem freios, do esforço incansável para anular todo tipo lei de proteção ambiental.
A primeira realidade seria apenas a fachada comportada da segunda? Qual é a relação?
Resta esperar que a prometida chuva limpe os céus e elimine a sujeira que paira sobre nossas cabeças. E, se possível, dentro delas.
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