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CONTRAPONTO

Entre complacência e pânico

De momento, confesso que não encontro palavras, nem ideias, para sintetizar de modo razoável o chocante e revoltante episódio do fim de semana. Razão pela qual apelo ao meu arquivo (artigo publicado em abril de 2021) e à analogia. Reproduzo em modo reduzido.

O liberal e conservador britânico Anthony Daniels (1949) é um médico-psiquiatra, escritor e colaborador do City Journale do Manhattan Institute (New York-EUA).

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Em março de 2020, escreveu dois textos sobre a Covid-19, o protagonismo da China e o fim da Europa como liderança. Destaco alguns parágrafos do seu texto intitulado “Entre Complacência e Pânico”.
“A primeira baixa da guerra é a verdade. É também a primeira baixa de epidemias. Logo, uma dialética entre complacência e pânico é criada na mente do público e da classe política.

Somente após o fim da epidemia pode-se fazer uma avaliação adequada se muito ou muito pouco foi feito para detê-la. Uma vez que a vida é vivida para a frente e não para trás, é apenas com retrospectiva que o que teria sido a resposta certa torna-se claro.

Políticos que nunca pensaram na ciência antes são subitamente empurrados para os papéis de especialistas e profetas, ao mesmo tempo em que têm que ficar de olho nas pesquisas de opinião.

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Se admitirem sua ignorância, são acusados de falta de previsão e liderança; mas, se eles fizerem pronunciamentos definitivos, logo serão contrariados por seus oponentes, se não pelos próprios fatos.

O erro não é o mesmo que tolice ou maldade, é claro, embora em situações terríveis muitas vezes seja tratado como se fosse. O desejo, então, de um bode expiatório é quase avassalador. Parece que a epidemia é indistinguível de uma campanha eleitoral.

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Há, portanto, um grão perturbador de verdade na afirmação de que alguns políticos não ficariam completamente arrependidos de ver a epidemia se espalhar, pelo menos se espalhar o suficiente para virar a população contra a administração.

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O desejo de poder distorce a escala de valores de todos, seja qual for o partido a que pertencem. Esta, infelizmente, é a condição humana, e mesmo o autoritarismo ou uma ditadura só pode esconder “as rachaduras” por um tempo.

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No entanto, as epidemias não se passam para sempre, e quando esta epidemia acabar, é provável que ela se mostre relativamente menor. No entanto, é sempre possível que a próxima epidemia seja pior, de modo que a dialética da complacência e do pânico continue.”

Agora, meu caro eleitor, substitua algumas palavras do texto por “campanha eleitoral, eleições, populismo, demagogia, oportunismo, eleitores, fanáticos, vândalos”, etc.

Substitua ao seu gosto e convicção!

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