Santa Cruz do Sul

Entidades e comerciantes avaliam o horário de verão

Assim como no ano passado, o retorno do horário de verão no Brasil foi mais uma vez ponderado pelo governo federal. No início de setembro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que eventual volta estava sendo avaliada. A razão para isso estaria no aumento da confiabilidade do sistema elétrico.

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O adiantamento dos relógios em uma hora foi extinto em abril de 2019, pelo então presidente Jair Bolsonaro. O principal objetivo do mecanismo era o melhor aproveitamento da luz natural, já que ocasionava a diminuição do uso de luzes artificiais pela população. Conforme informações do Ministério de Minas e Energia, adiantar os relógios em uma hora reduziria a concentração do consumo entre 18 e 21 horas.

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A volta da medida é motivo de discussões entre a população. No Shopping Santa Cruz, grande parte dos lojistas se mostra contrária à adoção do horário de verão. A justificativa é que a maior incidência solar durante a tarde favorece as atividades ao ar livre, diminuindo a frequência de clientes no local.

A secretária administrativa do shopping, Paula Caroline Pacheco, de 29 anos, explica que, em dias de muito calor, as pessoas vão até o centro comercial por conta do ar-condicionado. Porém, no fim da tarde, o movimento diminui. Se a medida fosse implantada novamente, o shopping prevê a alteração da grade de eventos. “Provavelmente, teríamos que fazer mais atividades para atrair o público para cá. Trazer música ao vivo é uma boa opção”, observa Paula.

Importância

O ministro de Minas e Energia disse que a janela de maior relevância para implementação do horário de verão é entre 15 de outubro e 30 de novembro. Após esse período, na avaliação dele, a importância da política diminui, mas ainda poderia surtir efeitos.

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“O horário de verão tem uma transversalidade, tem alguns setores que são extremamente afetados. Se tem algo de que não se pode abrir mão em política pública com essa dimensão, é a questão da previsibilidade”, declarou o ministro.

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O titular da pasta de Minas e Energia também voltou a criticar o que chamou de “decisão ideológica” do governo anterior em pôr fim à política de horário especial. “Os números demonstram que pode ter sido um dos motivos de em 2021 nós termos chegado à beira de um colapso energético no Brasil.”

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Risco energético será determinante

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse na sexta-feira que a volta do horário de verão ocorrerá necessariamente neste ano se o País enfrentar risco de suprimento de energia. Por outro lado, sem esse risco, declara que será avaliado o “custo-benefício” da política, em diálogo com diferentes setores afetados.

Ele reforçou que a decisão sobre o retorno do horário de verão sairá na semana que vem. Se for implementado, será após intervalo mínimo de 20 dias para o planejamento dos setores afetados, sem impacto no segundo turno das eleições.

Paula Pacheco afirma que medida não seria tão positiva para o Shopping Santa Cruz. Foto: Rafaelly Machado

“Estamos tendo todo o cuidado, toda a serenidade. Se houver risco energético, não interessa outro assunto a não ser fazer o horário de verão. Se não houver risco energético, será um custo-benefício que terei a tranquilidade, a serenidade e a coragem de decidir a favor do Brasil”, declarou durante evento em Roma, na Itália.

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O Ministério de Minas e Energia informou que nas últimas semanas houve debates com diferentes setores, incluindo as companhias aéreas. A decisão sobre horário de verão será “técnica e com sensibilidade social e política”, conforme o ministro.

Silveira voltou a mencionar que não há “problema energético” no Brasil, no período da seca, em função de medidas preventivas adotadas. Cita como exemplo a diminuição da vazão de Jupiá e Porto Primavera. Foi preservada mais de 11% de água doce nos reservatórios, segundo ele. (AE)

Mecanismo favorece as práticas ao ar livre

As tardes com mais claridade durante o horário de verão propiciam momentos de lazer em piscinas e quadras para práticas esportivas. No entanto, para alguns estabelecimentos, a medida não gera muitos benefícios. Conforme o presidente do Clube União Corinthians, Geison Rauen, 48 anos, a vigência do horário de verão promoveria um tempo maior de proveito para os sócios, mas em concomitância um aumento de custos para o clube.

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Ele explica que o espaço funciona por energia fotovoltaica; por isso, não ocorreria uma economia expressiva. “Independente de uma hora a mais ou menos, a incidência solar é a mesma. O que acabamos tendo a mais é o consumo do motor da piscina ligado”, avalia. Geison também lembra que os espaços para as práticas de padel e beach tennis do Clube União são iluminados por luzes artificiais, confirmando ainda mais a tese de que o clube não teria diferença na economia de energia.

Geison: benefícios para os associados. Foto: Alencar da Rosa

No momento, o clube conta com pouco mais de mil sócios. No ano passado, em torno de 400 pessoas utilizaram as piscinas.

Apesar do baixo movimento nos dias de semana, Geison lembra que, se a medida seja efetivada novamente, os sócios teriam uma hora a mais de luz solar para aproveitar os espaços, especialmente as piscinas. “Os outros esportes já ocorrem independente de ser dia ou noite. Então, o maior aproveitamento seria dessa atração.”

O fim de tarde pode resultar em reuniões com os amigos

Em tardes ensolaradas de verão, muitas pessoas costumam sair do trabalho e confraternizar com amigos ou colegas em um happy hour. O fim de tarde, com luz solar mais abundante, convida os frequentadores a permanecerem por mais tempo em bares e restaurantes. Esse fator contribui para que estabelecimentos como o Flâmula Sports Bar considerem o horário de verão uma vantagem.

De acordo com o sócio-proprietário, Caio Pellegrini, 38, o happy hour é famoso entre o público de Santa Cruz do Sul. Nos encontros, as pessoas costumam esticar a noite, movimento que se torna vantajoso economicamente para a empresa. “Um dos nossos principais pilares é o chope, que está relacionado ao verão e ao happy hour. Este seria o impacto mais direto para a nossa operação”, explica.

Caio: o empreendimento se beneficiaria

Apesar de o Flâmula ter um ambiente mais fechado e com menos espaços de entrada de iluminação externa, Caio pondera que a maior incidência da luz natural teria também um impacto significativo na economia de energia elétrica.

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Inclusive, em novembro, a área externa do espaço deve ser revitalizada para que a luz do sol seja ainda mais aproveitada. Pellegrini também aponta a possibilidade de aumento do tempo das baladas devido ao horário de verão, que poderiam chegar a cinco ou até seis horas de duração. “Sem dúvidas, acredito que a volta seria algo positivo.”

O que dizem as entidades

O presidente do Sindilojas VRP, Mauro Spode, avalia a possibilidade de retorno do horário de verão e seu impacto no comércio. Segundo ele, a medida foi criada como alternativa para a economia de energia, especialmente entre 18 e 20 horas, quando o consumo tende a aumentar com a chegada das pessoas em casa após o expediente. Destaca que, para a maioria dos estabelecimentos, a mudança de horário teria pouco impacto, pois a maioria dos comércios encerra atividades entre 18 e 19 horas. “O que se nota é movimentação maior de pessoas nas ruas, por conta do maior tempo de sol”, afirma. Apesar de positivo, observa que o impacto seria limitado para as lojas.

Quanto a supermercados e serviços, como bares e restaurantes, Spode acredita que o horário diferenciado pode ter efeito positivo, com a aproximação do verão e a estabilização do clima, potencializando o fluxo de clientes. Se fosse implementado, diz que não seria necessário reavaliar os horários de funcionamento, pois estão definidos por acordos coletivos. Ressalta que não tem informações sobre a opinião coletiva dos associados quanto à medida.

A Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp) opina sobre a possibilidade de o retorno do horário de verão coincidir com a 39ª Oktoberfest e Feirasul, afirmando que tal medida não comprometeria o evento. Para o presidente Ricardo Bartz, a hora que seria adiantada poderia ser compensada com o fechamento do parque em horário tardio no mesmo dia. Diz que não é possível avaliar a questão em nome de todas as entidades envolvidas pela associação.

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Lavignea Witt

Me chamo Lavignea Witt, tenho 25 anos e sou natural de Santiago, mas moro atualmente em Santa Cruz do Sul. Sou jornalista formada pela Universidade Franciscana (UFN), pós-graduada em Jornalismo Digital e repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações.

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Lavignea Witt

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