As entidades representativas dos produtores de tabaco divulgaram uma nota nessa quarta-feira, 1º, sobre o cenário atual dos agricultores que cultivam tabaco. A manifestação, assinada terça-feira pelos presidentes das federações dos trabalhadores rurais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), relata que o momento vivido pelos produtores é altamente preocupante.
A nota diz que os agricultores sofrem os efeitos da estiagem que assolou o Rio Grande do Sul e causou grandes prejuízos nas lavouras gaúchas. “Somado a isso, temos todas as dificuldades relacionadas à pandemia do novo coronavírus. Como se já não fossem motivos suficientes para causar preocupação ao setor, enfrentamos ainda um descaso por parte das indústrias processadoras de tabaco, que não estão reconhecendo de maneira devida os esforços feitos pelos agricultores durante o processo produtivo, desde o plantio até a colheita”, afirma o manifesto.
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As entidades relatam que a comercialização da safra 2019/20 teve um início razoável, mas tornou-se “uma verdadeira frustração”. “Não bastassem as perdas na produção devido à estiagem, ainda há uma falta de sensibilidade por parte das empresas, que têm castigado os produtores com um grande rigor na classificação, rebaixando classes e diminuindo a rentabilidade do produtor”, salienta a nota.
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O manifesto também trata sobre a lei da integração, lembrando que a medida veio para regulamentar a relação entre a indústria e o produtor, e a criação do Foniagro, um importante espaço para discussões entre os elos da cadeia e onde se definem as regras que serão seguidas. “Mas o que vemos é o não cumprimento das normas por parte da indústria”, aponta o texto.
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Os dirigentes das entidades dos produtores afirmam que as empresas estariam “desmontando” o setor fumageiro, que era organizado e servia de exemplo para outras cadeias. Ainda salientam que não podem mais aceitar essa situação e cobram que as indústrias revejam seus conceitos sobre integração e parceria, e voltem imediatamente a valorizar seus produtores e as entidades que os representam. “É lamentável, porém, diante desse cenário de incertezas, as entidades orientam os produtores a diminuir a área plantada, pois as estatísticas mostram que em anos com menor volume de produção há uma maior valorização do tabaco, e apesar de as empresas falarem tanto em qualidade, ela só vale quando temos safras cheias, pois quando ela é menor, a qualidade não é observada e os preços são melhores”, diz a nota.
As entidades destacam que é imprescindível que o produtor não plante tabaco acima do número de pés contratados com a indústria e siga as recomendações técnicas. Também é necessário que o produtor leia com atenção todo e qualquer documento assinado entre ele e a empresa, além de discutir com o orientador sua estimativa de safra para não ter surpresas desagradáveis no futuro. “Por fim, esta orientação das entidades visa valorizar o seu trabalho, o seu suor e o de sua família”, completa a manifestação.
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Pontos da nota
“As indústrias reconhecem as entidades nos momentos em que precisam, e a Convenção – Quadro é um exemplo, pois fomos convocados para unir e dar força ao setor. No entanto, na hora de reconhecer que o produtor é fundamental dentro da cadeia de produção, a união deixa de existir. A mão de obra das famílias agricultoras não é devidamente valorizada. O custo de produção, que deveria ser calculado em conjunto, é feito conforme a indústria quer, numa tentativa clara de manipular o valor em seu benefício, prejudicando o produtor.”
“Temos muitos produtores mistos em que, quando a safra é pequena as empresas fazem leilão com o tabaco, mas quando a safra é grande essa mesma produção é motivo para a empresa dizer que não é contratada por ela.”
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“Além disso, algumas empresas estão se recusando a renovar os contratos com os produtores, desligando produtores sem o devido aviso prévio, descumprindo o que está previsto na Lei no 13.288 – Lei da Integração, fazendo com que os mesmos fiquem impossibilitados de continuar plantando tabaco, muitas vezes com dívidas de investimentos feitos na propriedade para a cultura do tabaco.”
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