Foi-se o tempo em que, quando a saúde bucal era citada, automaticamente era ligada a uma imagem de sorrisos, em que apenas os dentes eram os protagonistas da história. Quando se pensava em problemas, as cáries eram as vilãs, mas há vários outros sinais e sintomas de lesões que podem aparecer na boca e, como em qualquer assunto de saúde, precisam ser diagnosticadas e tratadas, pois elas podem representar um perigo para o bem-estar das pessoas. A Leucoplasia é uma delas.

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De acordo com o médico cirurgião Fábio Muradás Girardi, da clínica de cirurgia de cabeça e pescoço KopfHals, as leucoplasias são placas esbranquiçadas que ocorrem na mucosa da boca, faringe ou laringe que não saem à tentativa de “raspar”. Representam uma manifestação clínica de alterações ou modificações em nível celular. Quando essas placas misturam áreas esbranquiçadas com áreas avermelhadas, passam a ser chamadas de leucoeritroplasias, aumentando a suspeita de se tratar de cânceres.

“À biópsia, os achados podem variar desde alterações celulares discretas até um câncer já em estágios iniciais de invasão. À impressão inicial, são consideradas lesões pré-cancerosas e devem ser tratadas com esse olhar”, ressalta o profissional. A leucoplasia oral pode afetar pessoas jovens, mas é mais predominante em adultos entre 40 e 60 anos, principalmente homens.

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Quando se fala em sintomas, Girardi explica que na maioria das vezes as leucoplasias, ou mesmo as leucoeritroplasias, são assintomáticas, manifestando-se apenas pela presença da lesão, persistente, com crescimento gradual ao longo de meses. Mas vale destacar que os sinais mais comuns de leucoplasia são manchas na língua que não são removidas com escovação, textura irregular ou lisa das placas, placas e manchas que raramente provocam dor ou desconforto e formação de áreas grossas e duras na boca. “O diagnóstico da leucoplasia é clínico, embora muitas vezes biópsias ou retiradas cirúrgicas sejam necessárias para esclarecimento se há câncer contido na lesão ou não”, alerta.

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Possíveis causas

Os fatores de risco para o desenvolvimento dessas lesões, segundo o médico, são os mesmos do câncer oral, sendo os mais frequentes a exposição a tabaco, seja ele fumado ou mascado, e/ou a bebidas alcoólicas. Existem casos sem exposição a esses fatores de risco clássicos. Para esses, especulam-se outros fatores de risco, embora não esteja claro o fator causal. Acredita-se que alteração da flora bucal seja a provável causa para esses casos. Há alguns menos comuns em que a causa pode ter associação com patologias mais raras, como as leucoplasias verrucosas orais. Porém, no dia a dia correspondem à exceção.

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Tratamento

No plano de tratamento, Girardi destaca que deve ser avaliada a localização da lesão, o tamanho, as condições de cirurgia do paciente, as condições de correção do defeito cirúrgico gerado e a suspeita ou não de câncer presente. Em lesões pequenas, facilmente ressecáveis, sem forte suspeita de neoplasia invasiva, a retirada cirúrgica pode não somente esclarecer o diagnóstico como também tratar efetivamente a lesão. O único tratamento efetivo ainda é o cirúrgico.

Em lesões maiores ou de maior suspeita de câncer, o ideal é realizar uma biópsia prévia, na zona de maior suspeita de neoplasia associada. Caso confirme câncer, a cirurgia com margens oncológicas adequadas é o mais apropriado a ser feito. Infelizmente outros tratamentos não cirúrgicos são pouco efetivos para esse tipo de doença, não sendo recomendados. Contudo, em alguns casos de leucoplasias com alterações celulares discretas, a interrupção dos fatores de risco pode, por si só, provocar regressão da lesão.

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