Moradores de diversos municípios do Vale do Rio Pardo e de outras regiões do Rio Grande do Sul relataram ter visto um objeto luminoso no céu, que foi chamado de “bola de fogo”, na noite de quinta-feira. Diferentemente de algumas especulações, não se trata de um meteoro, mas sim de um resíduo espacial, como explica a professora de Física e chefe do Departamento de Ciências, Humanidades e Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Cláudia Mendes Mählmann.
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De acordo com a profissional, o que os gaúchos observaram foi a reentrada do estágio superior do foguete russo Soyus SL-4 R/B, que foi lançado dia 22 de agosto no Cazaquistão. “Trata-se de um resíduo, de um lixo espacial. Mas era uma reentrada já prevista e planejada”, diz.
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Mas por que, afinal, o objeto causa o efeito de “bola de fogo”? A explicação do fenômeno, conforme Cláudia, é que quando há a interação de um lixo espacial, como nesse caso, ou até mesmo de um meteoro ou meteorito, com a atmosfera terrestre, o atrito gerado resulta em uma grande quantidade de energia. “Isso faz com que essa bola luminosa e um rastro luminoso se formem no céu”, afirma.
Como já havia a previsão dessa reentrada, também se sabia que o resíduo poderia ser visto no Brasil e no Uruguai. Não é possível saber, até o momento, se o objeto caiu em algum lugar. “Toda essa parte de estudo aeroespacial envolve alta tecnologia, então existe previsão de rota de entrada e eles já tinham um planejamento de onde ia incidir. Existe risco de cair em terra e mudar o que estava planejado como nesse caso, mas é uma tecnologia tão avançada que eles conseguem prever com exatidão onde vai atingir”, salienta a professora de Física. “Se for considerar no geral e não somente nesse caso específico, temos que pensar que o nosso planeta envolve muitos oceanos, então a maior probabilidade está vinculada justamente a essa região.”
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Meteoro, meteorito e resíduo
Ainda segundo Cláudia, a diferença entre lixo espacial, meteoro e meteorito está na origem. Meteoros ou meteoritos têm origem natural, fazem parte do universo, da composição deste. Já os lixos são produzidos na Terra e isso os torna resíduos espaciais. Outra diferença também diz respeito à velocidade e ao tempo em que podem ser vistos. “Quanto à comparação de interação com a atmosfera e o feixe de luz formado, o lixo espacial, como foi observado nessa semana, teve maior duração de visualização. E o meteorito ou meteoro tem um menor tempo de visualização porque tem velocidade maior.”
É possível determinar a velocidade do objeto que foi visto no céu por meio de observatórios, que realizam a análise de distância e tempo de duração do movimento, conseguindo detectar a imagem e fazer as medidas necessárias com grande precisão.
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