Praças são classificadas como importantes desde a antiguidade. Eram esses centros de convivência que determinavam a distribuição do espaço de uma cidade. Os gregos e romanos, por exemplo, chamavam a praça de ágora ou fórum e a utilizavam para transmissão de conhecimento e cultura. Já na idade média, os locais serviam como palcos para execuções e funerais, assim como para casamentos e ritos religiosos.
Com o tempo, as praças, assim como parques e jardins públicos, foram se tornando espaços abertos de convivência. De acordo com Sergio Luiz Tomasini, professor no curso de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), esses ambientes são de extrema importância para a vida de uma cidade. “São áreas de exercício da cidadania, onde a necessidade de convívio com os outros é a regra mais importante”, explica.
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A afirmação do professor pode ser vista de forma prática em Santa Cruz do Sul, onde as praças possuem um significado especial para a comunidade. Logo após a chegada dos primeiros imigrantes, quando a colônia começava a se organizar, tendo em vista a emancipação, o traçado inicial do mapa partiu do ponto onde atualmente fica a Praça Getúlio Vargas. A partir dali, o município foi se estruturando e ganhando novas praças e parques que, atualmente, são amplamente utilizados no dia a dia pela população, seja em atividades de lazer ou eventos como os que costumam ocorrer nesta época do ano.
Benefícios para toda a comunidade
As possibilidades de uso das áreas públicas são inúmeras, explica Sergio Luiz Tomasini. E é por esse motivo que os espaços podem constituir um poderoso recurso para o desenvolvimento de políticas públicas. “Envolvem desde a oferta de diferentes atividades de lazer até a implantação de projetos de educação ambiental e patrimonial, de infraestrutura urbana ou a articulação com projetos da área da saúde e de assistência social”, defende.
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Conforme Luiz Carlos Schneider, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), entre os muitos benefícios desses locais podem-se destacar as funções sociais, psicológicas, estéticas, educativas e ecológicas. “São muitos os ambientes para atividades diversas de lazer, recreação, exercícios físicos, bem como podem contribuir para o alívio das tensões diárias por meio da contemplação e do contato com a natureza”, exemplifica o docente.
Por que devem ser preservados?
Há muitos motivos que podem ser considerados quando se fala do papel de praças e parques. Entre eles estão o controle da poluição do ar e acústica, aumento do conforto térmico e lumínico, equilíbrio da umidade do ar ou filtragem das partículas sólidas em suspensão, entre outros, segundo Schneider. “Em outra escala, não menos importante, as praças contribuem para a organização e composição de espaço no desenvolvimento das atividades humanas, da apropriação e do encontro social.”
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Sergio Tomasini acredita ser importante destacar o cuidadoso planejamento e adequação aos paradigmas próprios de cada momento histórico da vida de uma cidade. “Especialmente a partir da experiência da crise ambiental verificada no final da década de 1960 e início dos anos 1970, e da resposta dada à mesma pela sociedade, através do surgimento do movimento ambientalista, as concepções sobre as funções desses espaços passaram por uma profunda reformulação”, destaca.
Ainda segundo Tomasini, as necessidades humanas não deveriam ser consideradas como únicas no planejamento. “Uma vez que também passaram a ser vistas como locais de refúgio para outras espécies, vegetais e animais, e para a preservação de suas dinâmicas de vida. Em outras palavras, começa-se a pensar a cidade e suas estruturas a partir de uma visão ecológica.”
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Planejamento dos espaços é fundamental
Para o professor Luiz Carlos Schneider, apesar de as cidades possuírem áreas verdes públicas, são poucas as que têm espaços organizados e planejados para o lazer e contato com a natureza. “O planejamento urbano deve ver a cidade como um todo a partir de suas relações com a natureza, com a implantação de um sistema municipal de áreas verdes ou de espaços livres associados à densidade populacional dos bairros ou setores”, observa o profissional.
Além disso, Sergio Tomasini acredita que o protagonismo dos ambientes verdes deve ficar em evidência nas próximas décadas, frente aos desafios impostos pela crescente concentração urbana das populações e as consequências do aquecimento global. “Se, por um lado, as ações humanas são responsáveis pelo drama ambiental que ameaça a nossa própria permanência no planeta, por outro, é o nosso instinto de sobrevivência que nos aponta o caminho, e ele passa pela nossa reaproximação com as dinâmicas naturais que regem os sistemas vivos. Na escala da cidade, estes espaços são elementos-chave para o processo de reaproximação”, conclui.
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