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Então é Natal…!

Não precisamos de calendário para saber que o Natal chegou. Ruas congestionadas, calçadas com vaivém de pessoas, lojas movimentadas. Tem quem fala do “cheiro de fim de ano”, ligado às memórias e às emoções, alegres ou tristes, vividas, principalmente na infância e na juventude. Fazemos tudo que sempre fizemos e em excesso: corremos demais, compramos demais, comemos demais. E aí podemos perder a oportunidade de apreciar o real sentido de tudo isso.

Com a chegada do Natal, das várias músicas típicas da época, uma sugestão é aproveitar como trilha de reflexão a canção “Então é Natal”, cantada por Simone e incluída no CD chamado “25 de Dezembro”, de 1995. Trata-se de uma adaptação da música “Happy Xmas (War is Over)”, escrita pelo beatle John Lennon e lançada em 1971, em protesto contra  a Guerra do Vietnã (1955-1975), promovida pelos Estados Unidos.  “Então é Natal” de Simone talvez seja a música mais injustiçada do Brasil que, pelo excesso de execuções em lojas de departamento e rádios do passado, acabou sendo “odiada” por muita gente. Mas, a letra  remete a inúmeros questionamentos, pouco lembrados no mundo atual.

“Então é Natal: e o que você fez? Mais um ano que terminou. É um ano que está apenas começando…”  Embora já um pouco melhor que os dois anos anteriores, complicados por causa da pandemia do coronavírus, o ano de 2022 não foi fácil para a maioria da população. O brasileiro teve que “se virar nos 30” com a inflação, principalmente de itens básicos, como alimentação, energia, gás de cozinha, produtos de limpeza, transportes, além do desemprego e endividamento que atingiu milhões de pessoas.

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De qualquer maneira, é uma oportunidade para fazermos um balanço, não só de nossos bens materiais, de nossas empresas, de nossas atividades, de nossos relacionamentos, mas de nossa vida também. O que fizemos, o que deixamos de fazer, o que nos aconteceu de bom e de ruim? Começaríamos acertando, por exemplo, nossas dívidas, não só para tirar o nome de algum órgão de restrição de crédito ou dar uma satisfação ao credor, mas, principalmente, para nós mesmos porque esses débitos financeiros geram, também, débitos espirituais, ainda mais se, de alguma forma ou até alheios a nossa vontade, tenhamos sido beneficiados.

Já para o novo  ano, muitas incertezas pairam sobre o mundo e o Brasil, em particular, o que pode  gerar consequências negativas e  exigir de cada um cuidados especiais. No mundo, o cenário básico é a recessão nas grandes economias; as incertezas sobre a Covid-19 e suas variantes seguirão elevadas; e não há sinais concretos de que a guerra na Ucrânia está perto do fim, pelo contrário.

No Brasil, depois de um governo que, para muitos, foi “o melhor que o Brasil já teve”, para outros um desastre total, a posse de um novo governo federal, eleito por uma margem de apenas dois milhões de votos, num universos de mais de 120 milhões de votantes, é a grande expectativa para os brasileiros. Além desse fato, os problemas de sempre: inflação, desemprego, endividamento, casos de corrupção, etc.    

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“E, então, é Natal, espero que vocês se divirtam. Quem está perto e quem é querido. Quem é velho e quem  é novo…” Nessas datas de correrias, confraternizações, viagens, na busca quase frenética por diversão, às vezes, por serem um estorvo,  os “velhos” são deixados de lado. Além disso, facilmente bebe-se além da conta e, embora todos já saibam que “bebida e direção não combinam”, esquece-se  isso  ou se acha que só vale para os outros. Aí, muitas vezes, acontecem os acidentes, principalmente no trânsito, deixando enlutados familiares, amigos, colegas, conhecidos.

“Um Natal muito alegre.  E um Ano Novo feliz. Esperamos que seja um bom ano. E sem medo”.  Que vivamos um Natal muito alegre, com a esperança de que, em 2023, com a Covid-19 quase vencida e a posse de um novo governo para o Brasil, tenhamos um presidente que realmente lidere e una o país, portando-se como um verdadeiro estadista.

“Então é Natal. Para os fracos e os fortes. Para os ricos e pobres. O mundo é tão errado…” Enquanto  para milhões de pessoas falta o essencial, como o alimento, outros desperdiçam comida, bebida, dinheiro. Infelizmente, conforme estudo mundial do Laboratório das Desigualdades Mundiais, o Brasil permanece um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo.

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“Então, Feliz Natal. Para negros e brancos. Para amarelos e vermelhos. Vamos parar de brigar…” Não só os litígios históricos entre povos, nações, grupos. Também as brigas nas famílias, empresas, escolas, igrejas; nas ruas, prédios, apartamentos e casas… Desavenças, decorrentes, geralmente, de intolerâncias familiares, sociais, étnicas, esportivas e, nos últimos anos, políticas. Frei Beto já dizia que, talvez, “seja no Natal que nossas carências ficam mais expostas. Damos presentes sem nos dar, sem cuidarmos de nós, recebemos sem acolher, brindamos sem perdoar, abraçamos sem afeto, damos à mercadoria um valor que nem sempre reconhecemos nas pessoas.”

Se a letra da música fosse escrita hoje, certamente os autores incluiriam as minorias, os portadoras de deficiências físicas, pessoas que adotam comportamentos não convencionais, muitas vezes apenas toleradas ou nem aceitas em algumas sociedades.

Conclusão –  Algumas pessoas dizem que não gostam do Natal. Para elas seria um dia triste, melancólico e até depressivo, preferindo isolar-se por conta de lembranças amargas ou por solidão. Essas pessoas certamente não percebem que o clima de Natal clama por toda sorte de transformações, principalmente daquilo que não está bom. Mas, para a maioria, felizmente o objetivo simbólico do Natal é deixar-se tocar por sentimentos de paz, amor e solidariedade. Em cada ano que passa, é a esperança renovada por um mundo melhor, livre da energia do ódio e do egoísmo que contamina corações e mentes. Que neste Natal o diferencial seja o início do reaprendizado, de viver de novo em família e sociedade, aceitando, por exemplo, resultados de eleições que eventualmente não nos agradaram e que tanto prejudicaram relacionamentos familiares, profissionais, sociais, estudantis, culturais, religiosos.  

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Então, é Natal… Que seja uma data de perdão e transformadora de realidades. Feliz Natal!

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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