O Natal do ano passado foi bem atípico. Vivendo em meio a uma forte onda da pandemia de coronavírus, com várias restrições, as pessoas – talvez compulsoriamente – se deram conta e se lembraram da fragilidade do ser humano, que, como diz o título de um livro, “tudo que é sólido se desmancha no ar”. Um simples vírus que ninguém vê, não sabe ao certo de onde veio e até quando vai permanecer entre nós, foi capaz de bagunçar o mundo inteiro. Mas, neste Natal, embora as autoridades e especialistas da área de saúde alertem que a pandemia ainda não terminou e que seria necessário observar as recomendações básicas – usar máscara, manter o distanciamento, higienizar as mãos, tomar as vacinas – a população, talvez esgotada mentalmente, resolveu virar a página.
Ruas congestionadas, pessoas indo e vindo pelas calçadas, entrando em lojas, fazendo filas em sorveterias, sentando em mesas externas de bares. Fazemos tudo que sempre fizemos e em excesso: corremos demais, compramos demais, comemos demais. E aí podemos perder a oportunidade de apreciar o real sentido de tudo isso. Nada, então, com a chegada do Natal, como aproveitar como trilha sonora de reflexão a canção So this is Christmas (Então é Natal), de John Lennon e Yoko Ono. A letra remete a inúmeros questionamentos, pouco lembrados no mundo atual.
- “Então é Natal: e o que você fez? Mais um ano que terminou. É um ano que está apenas começando…”
Embora já um pouco melhor que o ano passado, o ano de 2021 não foi fácil para a maioria da população. Além das restrições de atividades, o brasileiro começou a enfrentar um novo problema: a inflação que parece que vai nos acompanhar por algum tempo. De qualquer maneira, é um tempo apropriado para fazermos um balanço, não só de nossos bens materiais, de nossas empresas, de nossas atividades, de nossos relacionamentos, mas de nossa vida também. O que fizemos, o que deixamos de fazer, o que nos aconteceu de bom e de ruim? Começaríamos acertando, por exemplo, nossas dívidas, não só para tirar o nome de algum órgão de restrição de crédito ou dar uma satisfação ao credor, mas, principalmente, para nós mesmos porque esses débitos financeiros geram, também, débitos espirituais, ainda mais se, de alguma forma ou até alheios a nossa vontade, tenhamos sido beneficiados. - “E, então, é Natal, espero que vocês se divirtam. Quem está perto e quem é querido. Quem é velho e quem é novo…”
Nessas datas de correrias, confraternizações, viagens, na busca quase frenética por diversão, mesmo com as limitações atuais, facilmente se bebe além da conta e, embora todos já saibam que “bebida e direção não combinam”, esquece-se isso ou se acha que só vale para os outros. Aí, muitas vezes, acontecem os acidentes, principalmente no trânsito, deixando enlutados familiares, amigos, colegas e conhecidos. - “Um Natal muito alegre. E um Ano Novo feliz. Esperamos que seja um bom ano. E sem medo”.
Um Natal muito alegre, com a esperança de que, em 2022, o coronavírus seja finalmente vencido e consigamos eleger, sem medo, um presidente que realmente lidere o Brasil, que seja tudo aquilo que o atual não é. - “Então é Natal. Para os fracos e os fortes. Para os ricos e pobres. O mundo é tão errado…”
É verdade, enquanto para milhões de pessoas falta o essencial, como o alimento, outros, acomodados em suas casas, apartamentos ou outros locais, desperdiçam comida, bebida, dinheiro. Conforme novo estudo mundial lançado no dia 7 de dezembro pelo Laboratório das Desigualdades Mundiais, o Brasil permanece um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo. Frei Beto já dizia que, talvez, “seja no Natal que nossas carências ficam mais expostas. Damos presentes sem nos dar, sem cuidarmos de nós, recebemos sem acolher, brindamos sem perdoar, abraçamos sem afeto, damos à mercadoria um valor que nem sempre reconhecemos nas pessoas”. - “Então, Feliz Natal. Para negros e brancos. Para amarelos e vermelhos. Vamos parar de brigar…”
Não só os litígios históricos entre povos, nações, grupos. Também as brigas nas famílias, empresas, escolas, igrejas; nas ruas, prédios, apartamentos e casas… Desavenças, decorrentes, geralmente, de intolerâncias familiares, sociais, políticas, étnicas, esportivas, etc. Se a letra da música fosse escrita hoje, certamente os autores incluiriam as minorias, as portadoras de deficiências físicas, pessoas que adotam comportamentos não convencionais, muitas vezes apenas tolerados ou nem aceitos em algumas sociedades.
Conclusão
Algumas pessoas dizem que não gostam do Natal, que para elas seria algo triste, melancólico e até depressivo, preferindo se isolar, por conta de lembranças amargas ou por solidão. Mas, para a maioria, felizmente, o objetivo simbólico do Natal é se deixar tocar por sentimentos de paz, amor e solidariedade. No fundo, em cada ano que passa, é a esperança renovada por um mundo melhor, livre da energia do ódio e do egoísmo que contamina corações e mentes. Então, é Natal… Que seja uma data transformadora de realidades. Feliz Natal!
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