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Ensino pode evoluir, apesar da pandemia

A pandemia do novo coronavírus afetou mais de 56 milhões de alunos matriculados na educação básica e superior no Brasil. Segundo uma pesquisa do instituto DataSenado, do Senado Federal, em agosto de 2020, a suspensão parcial ou integral das aulas já havia atingido 93% dos estudantes brasileiros. A pesquisa levantou ainda que 75% dos pais dos alunos desejavam o retorno das aulas presenciais, e mais de 60% desse montante acreditava que a qualidade do ensino a partir das aulas online havia diminuído.

Em Santa Cruz do Sul e em todo o Rio Grande do Sul, em virtude da pandemia, as aulas na rede de ensino foram paralisadas no dia 19 de março de 2020. Para o ex-reitor da Universidade de Santa Cruz (Unisc), entre os anos de 1998 e 2006, professor Luiz Augusto Costa a Campis, bacharel em Ciências Sociais e mestre em Sociologia, a educação no Brasil e no mundo não será mais a mesma após a pandemia do novo coronavírus.

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Apesar de todas as dificuldades, Campis vê possibilidades de melhoria na qualidade do ensino pós-pandemia, com os avanços na metodologia de aulas online servindo de apoio ao ensino presencial. “Certamente houve um impacto negativo na questão da educação. Para se ter uma boa educação, a gente precisa ter a plataforma digital, a internet e os equipamentos, mas também a metodologia, e o conteúdo apropriado para esse ensino a distância”, ressalta.

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O cancelamento de aulas presencias trouxe a necessidade de atualização por parte dos educadores, pois vários deles ainda estão alheios ao mundo digital. “Boa parte dos professores não tinha uma formação adequada para isso. Agora, se eles têm uma formação adequada, se os alunos têm equipamentos e a escola conta com uma boa plataforma digital, podemos dizer que a educação tem um resultado semelhante à presencial”, revela o ex-reitor, que completa 40 anos como professor em 2021.

A falta de recursos e a evasão escolar são problemas que terão de ser enfrentados pelos governos, segundo Campis, para diminuir o abismo entre as condições de ensino entre quem tem e quem não tem acesso ao ensino de qualidade. No Brasil, isso se revela através de enormes desigualdades sociais. “Existe uma relação direta entre desempenho escolar e condições objetivas: equipamentos, formação de professores, plataformas digitais. A população com mais baixa renda tem menos acesso a isso. Não é só o dinheiro; as pessoas de menor renda muitas vezes não têm nem o ambiente adequado para se estudar em casa”, observa.

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No EAD
Também ex-vice-prefeito de Santa Cruz do Sul, Campis compartilha da opinião de que o retorno das aulas presenciais deve ocorrer após a vacinação dos professores e trabalhadores da educação, para resguardar a segurança desses profissionais. Outro problema a ser superado é o abalo psicológico que o período trouxe, com aumento dos casos de depressão entre educadores e alunos.

Professor da disciplina “Ciência e Sociedade”, ministrada para quase todos os cursos da universidade, Campis avalia positivamente a forma como a Unisc lidou com a paralisação das aulas e o sistema EAD. “Tive que me adaptar e me reciclar, fazer os cursos que a universidade colocou à disposição para poder fazer frente. Os nossos estudantes gostaram da metodologia que foi implantada”, avaliou. “Desde o ano passado, tivemos um movimento que se chamou ‘reinvenção pedagógica’. Neste ano temos também um novo projeto, que é a sala de aula invertida, colocando nos alunos o protagonismo que até então eles não tinham no ensino. Parece-me que a universidade conseguiu dar um salto muito grande em relação ao uso das plataformas digitais, do sistema híbrido que estamos implantando. É vencedor o modelo adotado neste momento.”

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Mesmo ainda sem um cronograma de volta às aulas presenciais no Estado, Luiz Augusto Campis acredita em um retorno gradual dos alunos às salas, mantendo o distanciamento social em um primeiro momento.

Os avanços conquistados no sistema EAD devem continuar a serviço dos alunos após o reinício dos encontros presenciais. “É preciso aproveitar as vantagens dessa tecnologia, as plataformas digitais, para podermos dar um salto na educação. Podemos personalizar mais a formação do estudante, fazer o reforço escolar. As aulas podem ficar gravadas, e os alunos têm a oportunidade de rever. As plataformas digitais servem também para isso. Os professores de todo o mundo que estão ensinando online têm essa condição de deixar gravada a sua aula. Para as escolas, educadores e alunos que dispõem dessa tecnologia, ela tem que ser vista como um instrumento que podem melhorar a qualidade de ensino, e que veio para ficar.”

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