Embora a tecnologia esteja cada vez mais ao alcance dos brasileiros, a compreensão acerca de como usá-la ainda está distante da realidade da maioria da população. Enquanto na França crianças começam a aprender sobre a lógica da computação aos 6 anos na escola, por aqui, o que se aprende, geralmente, é como utilizar alguns recursos e a explorar o entretenimento. Nesta semana, o tema foi abordado na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) pelas professoras do curso de Licenciatura em Computação, Rejane Frozza e Marcia Kniphoff da Cruz. Dentro da programação da Semana Internacional da Unisc, elas apresentaram o projeto de material didático denominado 1, 2, 3… codificando!.
O trabalho é realizado na França, onde a iniciação à computação começa na infância e segue até a universidade. O projeto pedagógico tem diversos ciclos, de acordo com a fase do estudante, e é aplicado de forma desplugada e plugada, estimulando o raciocínio lógico e capacitando para o desenvolvimento de programas. “Eles aprendem a pensar no problema, entendê-lo e depois encontrar meios para solucioná-lo”, explica Rejane.
“O objetivo do projeto é melhorar o ensino da ciência e da tecnologia nas escolas. Os franceses já estão preocupados com a formação das pessoas desde crianças. Trabalhar com ciência e tecnologia na escola é desenvolver competências que estão relacionadas à compreensão da realidade, ao processo da investigação, à autonomia e ao trabalho cooperado”, acrescenta.
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Na avaliação das docentes, é preciso que o pensamento computacional seja inserido na educação brasileira. “Quando a gente fala em pensamento computacional, não falamos só da área da computação. Falamos em dar aporte à resolução de problemas de todas as áreas. A área da computação diz como pensar para resolver um problema”, explica Marcia. “O que vejo no Brasil é que a parte lógica precisa ser trabalhada. Só que existe diferença entre a lógica da matemática e da computação. A da matemática resolve algoritmos e tem um resultado. A computação é análise do problema, estruturação de como se vai resolvê-lo e organização. A lógica da matemática é fundamental para a computação, mas a outra é um complemento.”
As professoras citam os resultados negativos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como exemplo da carência de estímulo ao raciocínio lógico nas escolas. “Os alunos têm tanta dificuldade no Enem porque as questões já estão no estilo resolver problemas”, diz Marcia. “Tem uma avaliação para resolver problemas, mas o ensino não é baseado na resolução de problemas. É isso que tem que mudar”, acrescenta Rejane.
Para modificar essa realidade, elas acreditam que os professores precisam ser capacitados já nas suas graduações. Segundo Marcia, a Sociedade Brasileira de Computação elaborou um referencial de conteúdos e solicitou que o governo federal inclua na Base Nacional Comum Curricular.
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Pilares do pensamento
Decomposição: repartir um problema complexo em pequenas partes.
Abstração: focar nas informações importantes, ignorando detalhes irrelevantes.
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Reconhecimento de padrões: procurar semelhanças entre e dentro de problemas.
Algoritmos: desenvolver uma solução passo a passo para o problema.
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