O empresário Enio Niderau Farah, de 86 anos, é o mais novo agraciado com o título de Cidadão Santa-cruzense. A iniciativa partiu do vereador Edmar Guilherme Hermany (PP), que apresentou o vasto currículo do homenageado da noite.
Enio Niderau Farah nasceu em 13 de março de 1930, em Cerro do Louro, segundo distrito de São Sepé, hoje município de Formigueiro. Filho de Niderau Farah, imigrante Libanês, que chegou ao Brasil, em 1924 e de Ernestina Berger, nascida em Santa Cruz do Sul. De 1938 a 1939, frequentou a escola municipal da localidade, e em 1940 e 1941 estudou como interno em colégio na então vila de Formigueiro, em São Sepé. No ano seguinte, estudou em Santa Maria, no colégio Marechal Floriano (Marista). De 1943 a 1946, estudou no internato do Colégio Mauá, em Santa Cruz. Em 1947, à noite, estudou no curso Técnico de Contabilidade e, durante o dia, era entregador de compras do armazém do seu tio, Albino Haar.
Em 1948 voltou a sua terra natal e, no ano seguinte, retornou para Santa Cruz do Sul, transferido do 5º Regimento de Artilharia Montada (RAM) para o então 3º Batalhão do 7º Regimento de Infantaria (RI). Esta transferência foi obtida através de uma simples carta enviada ao Comandante da 3º Região Militar, cuja correspondência foi remetida pelo próprio Enio. Este pedido de transferência foi solicitado, devido à mudança da família Enio para Santa Cruz do Sul, no início de 1949. No começo de julho, deu baixa como militar, pois tinha com outros colegas cursado o Centro de Instrução Militar (CIP), o que reduziu o tempo de quartel pela metade.
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Chofer de praça
O primeiro trabalho após a saída do serviço militar foi como Chofer de Praça (táxi), em frente à rodoviária, na Rua 28 de Setembro. Isto só durou até o fim do ano de 1949. Em 1950, o pai do Enio comprou de Armando Marx, um dos primeiros vereadores da cidade, 50% da fábrica de mosaicos, na Rua Fernando Abott, onde o Enio passou a trabalhar durante aquele ano. Em final de 1951, Ezildo Arend e o Enio compraram a totalidade da fabriqueta, ou seja 50% de Armando Marx e outros 50% de Albino Haar. Tiveram a sorte, no final daquele mesmo ano, pois um senhor de sobrenome Emmel nos fez uma proposta irrecusável e lá se foi a grande indústria.
Em 1952, chegou da Argentina, o primo Edgar Berger. Com a colaboração de cada um, foram a Porto Alegre, na empresa Bernardo Shazam, e compraram um caminhão para transporte de carga, da marca Magiro Deutsch, que foi apelidado de Vingança de Hiltler. Como na época, não existia asfalto e havia somente quatro pontes: uma em Manoel Viana, sobre o Rio Ibicuí, as outras sobre os rios Toropi, das Antas e o dos Sinos, em São Leopoldo. Uma viagem a Porto Alegre, bem-sucedida, durava um dia de viagem, quando não tinha enchentes.
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A empresa de ônibus urbana estava à venda quando foi adquirida de seus proprietários Helmuth Filter, Edgar Filter, e o sócio Arno Coutinho. A frota era composta por três ônibus velhos de nome de Padre Reus. A sede foi instalada nas esquinas das Ruas Marechal Floriano com a Rua Senador Pinheiro Machado. Houve a reforma das carrocerias dos ônibus na fábrica de Adolfo Caspary. O início foi promissor até o aparecimento da inflação, que aliado ao aumento das passagens, fez com que muitas pessoas comprassem bicicletas e o faturamento permanecia estável. “O transporte coletivo era mais intenso aos domingos, com usuários que eram transportados do Arroio Grande para a missa na Catedral, mas, com a construção da igreja Santo Antônio o transporte de passageiros, aos domingos, reduziu 90%”, explica Hermany.
Em agosto de 1962, foi anunciada a a venda da frota, por 3 milhões de Cruzeiros e, dois dias antes do anunciado encerramento das atividades, dois senhores entraram na oficina perguntando pelo dono. Ênio, se apresentou e o comprador não confiou muito de que ele era um dos sócios, pois, naquele momento, estava de macacão todo engraxado, varrendo a oficina, pois Enio era responsável pela manutenção da frota, enquanto o outro sócio cuidava da parte comercial. O comprador teria oferecido 2,5 milhões de cruzeiros e Enio acabou fechando o negócio. O valor seria pago em Cachoeira do Sul, quando souberam que o comprador, era o Germano, avô do deputado Otávio Germano, era proprietário da empresa Nossa Senhora das Graças, de Cachoeira do Sul.
CEEE
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No início de 1963, com a metade do valor da sobra, Enio adquiriu uma camionete Dodge com a qual venceu uma licitação da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), para prestar serviços transporte de funcionários, que prestavam serviços de rua. Desde então, vinha observando a demora com que a CEEE atendia os pedidos de extensões de redes elétricas.
Em 1966, teve a ideia de abrir uma empresa para executar estes serviços. Falando com o gerente da CEEE, foi informado que só em Porto Alegre poderia ser resolvida esta questão. Na Capital a direção apoiou a ideia e assim nasceu a Enio Farah e Cia Ltda. A empresa desenvolveu-se rapidamente e, logo em seguida, firmou contrato com a CEEE para realização de serviços de manutenção e reforma de suas redes. Dois anos após, foi dado início ao programa de eletrificação rural, patrocinado com 50% pela Eletrobras, 20% pela CEEE e o restante rateado pelos moradores, financiado pelo Banco do Brasil, onde atendeu diversos municípios, como as redes do interior de Santa Cruz do Sul e municípios emancipados, Vera Cruz, Rio Pardo, Encruzilhada, Lajeado, Estrela, Bom Retiro, Relvado, Arroio do Meio, São Sepé, Formigueiro, Santa Maria, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, São Jerônimo, Santana da Boa Vista, Porto Alegre, Sobradinho, Candelária, Roca Sales, Cruzeiro do Sul e Venâncio Aires.
Além disso, Farah ainda foi presidente do Rotary Santa Cruz Oeste, entre 1974 e 1980. Em 1984, a empresa iniciou a construção de prédios, como o da Galeria Farah, inaugurada em 1994. Em 1990, o homenageado recebeu a honraria “Destaque da Construção”. Em parceria com o Rotary Oeste e com o apoio da CEEE, através de Roberto Pinto, a empresa implantou a rede elétrica na Vila União, inclusive nas moradias. Nos anos de 1991, 1992 e 1994, Enio foi presidente do Esporte Clube Avenida.
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Em seu pronunciamento, muito emocionado, Enio Farah, agradeceu a distinção e destacou as dificuldades que enfrentou ao longo de sua vida. “Estou muito honrado com essa concessão e, mesmo sendo natural de São Sepé, sempre me senti um legítimo santa-cruzense”, destacou.
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