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Endividamento: 2 em cada 3 brasileiros tinham dívidas em janeiro

Em janeiro deste ano, o percentual de famílias endividadas (com dívidas em atraso ou não), no Brasil, chegou a 66,5%, pouco mais do que os 65,3% de janeiro do ano passado. O dado é da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no último dia 18 de fevereiro, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O percentual de inadimplentes, ou seja, famílias com dívidas ou contas em atraso, chegou a 24,8%, um pouco acima dos 23,8% de janeiro de 2020. Do total das famílias endividadas, 10,9% disseram que não terão condições de pagar suas contas. Assim como em anos anteriores, o cartão de crédito gera as principais dívidas das famílias, seguido dos carnês e o financiamento de carro.

Dados do Banco Central, indicam que o rotativo do cartão de crédito, em janeiro, teve juros médios de 329,3% ao ano. Isso significa que uma dívida de R$ 1 mil, realizada em janeiro, em 12 meses estaria em R$ 4.293,00. Já o cartão de crédito parcelado cobra juros médios de 161,5% ao ano.

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No cheque especial, embora não sejam tão abusivos, os juros se mantêm altos também: em média, 119,6% ao ano. Uma mesma dívida de R$ 1 mil, em 12 meses vai atingir R$ 2.196,00.

Existem linhas de crédito com juros menores – 85,4% ao ano no crédito pessoal não consignado; 18,9% ao ano no crédito consignado; 20,2% ao ano no financiamento de veículo; 7% ao ano no financiamento imobiliário -, mas todos muito distantes dos juros básicos atuais de 2% ao ano, determinados pelo Banco Central do Brasil.

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, com a pandemia havia o receio de uma escalada no número de inadimplentes no País. O auxílio emergencial ajudou a evitar esse cenário pior e a economia soube se reinventar. Mas este ano vai ser crucial para observar o comportamento do crédito e da inadimplência.

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A concessão de mais um auxílio por parte do governo federal, a ser pago em quatro parcelas de R$ 250,00, conforme proposta, provavelmente vai fazer toda a diferença para que as pessoas, principalmente as mais pobres, a quem a pandemia mais atingiu, consigam sobreviver nesses tempos complicados.

O endividamento e, em alguns casos, superendividamento, não acaba num passe de mágica. Não adianta buscar justificativas por erros cometidos ou culpar familiares. A saída é assumir a responsabilidade e tratar de planejar a melhor forma de pagar as dívidas.

É o momento de reunir a família (inclusive as crianças), abrir o jogo sobre o problema, discutir as alternativas e repensar o seu padrão de vida, pois a disponibilidade financeira deverá ser reduzida nos próximos meses ou até anos, com o pagamento de parcelas decorrentes de acordos negociados com credores. 

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Alguns passos podem ajudar:

1º – Relacionar todas dívidas, separando as correspondentes a serviços e produtos de necessidade básica que não podem ser cortados (água, energia elétrica, gás, aluguel) e as que carregam juros mais altos (cartão de crédito, cheque especial), considerados prioritários no pagamento;

2º – Fazer um diagnóstico da situação financeira: durante 30 dias (se a renda for fixa) ou 90 (se a renda for variável) anotar todas as despesas, desde as menores até as maiores; a partir desses números, preparar um orçamento, em que já é possível diminuir, substituir ou até eliminar despesas;

3º – Prever um valor para pagar ou amortizar dívidas: com base no orçamento, saber quanto terá disponível mensalmente para negociar com credores, fazendo para cumprir o que for combinado;

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4º – Trocar dívidas: nem sempre é a melhor alternativa. Embora o crédito consignado ofereça juros bem mais baixos que o rotativo do cartão de crédito, cheque especial e outros financiamentos, o risco é que o pagamento das parcelas é descontado diretamente o salário, o que reduz a possibilidade administrar sua renda;

5º – Evitar novas compras ou dívidas: antes de realizar qualquer compra, fazer-se algumas perguntas básicas, como “é preciso?”, “vai trazer algum benefício?”, “é necessidade ou algum sentimento de baixa autoestima, influência de terceiros?”, etc.

É óbvio que ter dívidas não é o problema, desde que sejam “dívidas boas”, que agregam valor, e assumidas em condições que possam ser pagas, isto é, bem avaliada a capacidade de pagamento. O problema aparece quando as pessoas não estão preparadas para crises, principalmente mais agudas como esta da pandemia do coronavírus, com todas as implicações, especialmente a redução ou eliminação de salários e rendas.

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O que mais complicou a vida financeira, tanto de pessoas físicas quanto de empresas, foi a falta de uma reserva financeira para enfrentar tempos de “vacas magras”. É o momento de começar a tratar o problema na raiz, mudando o comportamento em relação ao uso do dinheiro para prever uma sustentabilidade financeira, mesmo em situações adversas.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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