O que está acontecendo com as pessoas? Essa é uma pergunta que se repete cada vez com maior frequência nos mais diversos ambientes. O paradoxal é que nunca antes na história da humanidade houve tamanho acervo de informações sobre todo tipo de assunto. Apesar do acesso fácil, a qualquer hora, de qualquer lugar, os debates resvalam para discussões ásperas. Em poucos minutos se transformam em briga e, se não houver mediação racional, geram embates físicos.
Os mais diversos espaços destinados à troca de ideias acabam por criar “bolhas” de debates transformados em locais de “pensamento único”. Ok, no início até existe um esforço para ouvir e considerar opiniões contrárias. Mas logo os grupos de WhatsApp são arenas medievais, do tipo vale-tudo, literalmente.
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O mundo moderno, engolfado pela tecnologia para pronta resposta para tudo, convencionou que disputas – em especial as ideológicas – necessitam do uso de ofensas, de preferência de cunho pessoal. É revoltante perceber que a civilidade diminui à medida que os mecanismos de comunicação tecnológica avançam em nosso cotidiano. Perdem-se oportunidades raras de enriquecimento intelectual porque o nível de tolerância inexiste. Não há espaço para refletir sobre posicionamentos contrários.
Ao vislumbrar o ambiente de um restaurante tem-se a impressão de estar naquele desenho dos Jetsons, com carros voadores, ambientado num cenário futurista. Veem-se crianças que mal balbuciam algumas palavras a manusear celulares de última geração. Apesar da tenra idade, já sabem acessar desenhos animados, jogos ou acervo de milhares de musiquinhas infantis.
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Quando presencio a cena, fico a imaginar que os pais queiram ocupar o pequeno herdeiro para conversar ou colocar o papo em dia ou apenas curtir uma aura de romantismo. Ledo engano! Imediatamente percebo que o casal sequer levanta os olhos para atender o pobre garçom que aguarda pacientemente o momento de anotar o pedido.
Já a sala de aula é o império dos celulares, dos tablets, dos relógios de última geração e de uma gama infindável de equipamentos tecnológicos que roubam e cristalizam a atenção dos alunos. Não importa a idade ou a classe social. O professor cumpre tarefas de educador, pai/mãe, precisa de nervos de aço para controlar um bando de autômatos controlados pela parafernália de última geração.
A inteligência artificial ocupa generosos espaços de discussão. Alguns criticam, outros elogiam, outros permanecem indiferentes. A preguiça de pensar, falar e escrever corretamente estimula a passividade. O ChatGPT, classificado como “um assistente virtual inteligente especializado em diálogo e lançado em novembro de 2022”, será capaz de transmitir alguma inteligência aos seres ditos humanos?
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