Em meu cotidiano profissional mantenho cerca de 20 “janelas” abertas no computador. São sites, blogs e canais de informação de comunicação com conteúdos que tratam sobre política, esporte, variedades. Ao mesmo tempo, ouço rádio e confiro a televisão que permanece ligada sobre um armário na assessoria de imprensa onde trabalho.
Com frequência, o resultado é uma confusão mental que dificulta a compreensão de fatos importantes. Mas tenho medo de perder algum fato novo, de “ficar por fora” e “pagar um mico” com os colegas. Outra consequência dessa maratona de comunicação é que a leitura do jornal “em papel”, logo de manhã cedo, poucas vezes traz novidades. Existe um sentimento de notícia requentada que se constitui no principal desafio dos veículos impressos.
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A comunicação em tempo real é, nos dias atuais, uma verdadeira enxurrada de conteúdos cuja compreensão nem sempre é possível. Não raro questiono se as informações “novas” não são de ontem. Muitas vezes exausto desse consumismo desenfreado, me pergunto: quanto do que leio/ouço é realmente verdadeiro? E o quanto daquilo tudo é útil?
Em todos os segmentos da vida temos abundância de opções. Somos sufocados por infindáveis alternativas para buscar qualquer informação, produto ou serviço. É uma situação oposta da minha juventude (anos 70/80). Para fazer uma pesquisa escolar, a biblioteca dispunha de apenas dois ou três volumes da enciclopédia Barsa ou Mirador.
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Hoje as “novidades” duram alguns dias ou poucas horas. O ritmo frenético da vida impede a absorção de detalhes sobre fatos, inventos e sobre pessoas interessantes por algum tempo. Tudo se esvai, é substituído em segundos. É difícil resistir às novidades devido ao excesso de oferta. Manter o foco em qualquer situação exige disciplina, dedicação e renúncia.
Em nenhuma outra época tivemos acesso a tanta informação. Paradoxalmente, enfrentamos uma dificuldade inédita de comunicação entre as pessoas. Temos muita quantidade em detrimento da qualidade. Pessoas “conversam” – e até adormecem – sobre os celulares, empregando as mais modernas ferramentas digitais. Mas o entendimento interpessoal nunca foi tão difícil. Solidão e depressão afloram neste mundo globalmente conectado.
É difícil imaginar um retorno à rotina simplificada. Alguns hábitos vieram para ficar. O fato humano, se ouve, é insubstituível, mas a inteligência artificial ostenta tentáculos longos e capazes de reproduzir em detalhes o comportamento humano. Sabemos de tudo isso, mas parece impossível deter o avanço das máquinas. Corremos o risco de, em breve, sermos meros turistas da nossa vida ou apenas espectadores de nosso destino?
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