Melhor do que falar é dar exemplo. Foi com esse objetivo que o professor Markus Erwin Brose, do núcleo de Gestão Pública da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), organizou a primeira edição do Fórum Empresarial pelo Clima, realizado ontem à tarde na sede da instituição. O evento, criado para divulgar iniciativas sustentáveis implantadas em indústrias dos vales do Rio Pardo e Taquari, contou com os relatos de cinco empresas. Elas trouxeram a público suas experiências na inserção de processos mais ecológicos nas rotinas produtivas.
O pontapé inicial para o Fórum veio com os resultados de uma pesquisa realizada por Brose dentro do projeto Adaptação à Mudança Climática do Vale do Rio Pardo, em março do ano passado. “A ideia da pesquisa era ver o que as empresas da região estavam fazendo pelo meio ambiente. O resultado foi absolutamente admirável”, relatou. Foram encontradas 75 empresas que modificaram seus processos ou criaram programas de viés sustentável de forma voluntária, já que a legislação ainda não prevê essas adaptações. “Eles estão se antecipando à lei, demonstrando uma preocupação real com a natureza, ao invés de esperar por uma intimação”, avaliou.
Estiveram presentes ao evento, no primeiro momento, representantes da Cooperativa Certel, de Teutônia, e da Ervateira Ximango, de Ilópolis. A primeira falou sobre o programa de compensação das emissões de carbono por meio do plantio de árvores. Já a segunda trouxe o relato sobre a utilização de cavaco de madeira na produção de erva-mate. Após um breve intervalo, membros da Tramontina, de Encruzilhada do Sul, também discutiram a geração de energia renovável com o uso de cavaco de madeira. Já a Sustainable Carbon, de São Paulo, trouxe informações sobre a compensação das emissões de carbono no País, enquanto o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) abordou os programas de produção e consumo sustentável.
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Para a diretora da Ervateira Ximango, Juliana Montagner, a decisão de utilizar o cavaco de madeira no sapeco e na secagem da erva-mate – o que resulta na emissão de uma fumaça mais “limpa” e na melhora do produto final – veio ao encontro da missão da empresa. “Desde a fundação nos preocupamos com a questão ambiental, em preservar as espécies nativas e o meio ambiente”, frisou. Outro ponto destacado por Juliana é a identificação com os consumidores, que estão mais atentos aos selos de responsabilidade ambiental da empresa. “É impossível saber quantos clientes realmente optam pela Ximango por essa questão, mas é uma postura que adotamos e isso independe dos custos e do lucro. É uma questão de responsabilidade social e ambiental.”
“Sustentabilidade será o diferencial”
A analista ambiental Tatiana Costa, da Cooperativa Certel, responsável por levar energia elétrica a diversas localidades do meio rural, acredita que a adesão a métodos mais ecológicos pode ser um diferencial das empresas no futuro. Há dez anos, a Certel tem um projeto de plantio de mudas de árvores pelos seus associados, que hoje somam 76 mil. O objetivo é compensar a pegada de carbono, ou seja, a emissão do gás responsável pelo efeito estufa. “As empresas que se preocupam com isso sem que haja uma lei obrigando são inovadoras. É isso que vai fazer com que elas se destaquem no futuro”, avaliou. Segundo Tatiana, deve haver um equilíbrio entre as questões econômica, social e ambiental das organizações, o que é o cerne do conceito de sustentabilidade.
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