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SALGADO FILHO

Empresários da região avaliam impacto do fechamento do aeroporto no setor de turismo

Com a pista, saguão e terminais alagados por semanas, o Aeroporto Salgado Filho ficou sem condições de retomar suas operações. Foto: Marcelo Tonetto/Secom

A suspensão das atividades no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tornou-se um desafio para o setor do turismo no Rio Grande do Sul. O local está fechado para pousos e decolagens desde o dia 3 de maio, em razão dos danos provocados pelas enchentes, e não tem previsão de reabertura. Com isso, as agências de viagens trabalham para evitar o cancelamento de pacotes, remarcar passagens para datas posteriores e também transferir as partidas para outros terminais.

Conforme a empresária Andréa Matte, da Matte Viagens, a maior dificuldade tem sido o remanejo dos voos que não puderam ser reagendados. “Antes tínhamos mais de cem voos diários partindo de Porto Alegre. Hoje, não temos 150 semanais saindo do Rio Grande do Sul, e isso contando todos os aeroportos que estão em operação”, observa. Além disso, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu as atividades no local por tempo indeterminado. Assim, afirma, não é possível nem mesmo programar pacotes para mais adiante.

Para as necessidades imediatas, as melhores alternativas são os aeroportos de Caxias do Sul e Passo Fundo, além da Base Aérea de Canoas, que foi adaptada para voos comerciais. “Ainda que seja a mais próxima de Santa Cruz, Canoas também é a mais concorrida, então os preços a partir de lá estão mais altos na comparação com os demais”, ressalta.

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O comportamento dos passageiros também é variado, afirma Andréa. Segundo ela, alguns não têm a possibilidade de cancelar a viagem por questões de trabalho ou por já terem adquirido outros serviços no destino. “A grande maioria estamos conseguindo remanejar.”

No caso dos voos internacionais, a saída foi usar o Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, como ponto de embarque. Já outras linhas aéreas que tinham partida direta de Porto Alegre para a Europa foram canceladas e os clientes precisam adquirir o trecho até São Paulo para embarcar.

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Mesmo assim, Andréa frisa que a maioria das viagens está ocorrendo conforme o previsto, apenas com a mudança de local de partida ou necessidade de compra de um trecho adicional. “As companhias aéreas nacionais vieram ao encontro dos passageiros e estão permitindo a remarcação de aeroporto e de data sem custo.” O segundo desafio, porém, é conseguir essa mesma compreensão por parte dos hotéis no Brasil e no exterior. “Foi bem variado. Alguns abraçaram e outros não perdoaram a multa, mas no geral conseguimos fazer essas alterações sem custo.”

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Rotina de trabalho dobrado e dias desgastantes

Além de atuar normalmente na venda de pacotes e atendimento aos clientes que já haviam adquirido, a necessidade de alterar a data ou o local de partida de praticamente todas as viagens mudou o dia a dia das agências. Conforme Jeferson Pinto, da Jeff Viagens, essa rotina tem sido desgastante e provoca também impactos financeiros. “Nós recebemos pela venda, mas não pela remarcação, que muitas vezes é até mais trabalhosa”, afirma. Além disso, a interrupção da operação do Salgado Filho provocou queda na procura.

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“Em maio, vendemos só 10% da média dos demais meses.” A incerteza sobre quando e em que condições o Salgado Filho reabrirá é mais um fator que contribui negativamente. Diante desse cenário, o foco é evitar ao máximo os cancelamentos e remarcar as partidas para a mesma data, saindo de outro aeroporto. “Quando não conseguimos, solicitamos um crédito no mesmo valor para que o passageiro possa fazer uma nova compra nos próximos 12 meses.”

Outra alternativa adotada pelo empresário é oferecer mais pacotes rodoviários e cruzeiros que partem de Itajaí, em Santa Catarina. Jeferson acredita em um segundo semestre desafiador e espera que a Anac libere o mais rápido possível a marcação de voos a partir da Capital.

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“Assim que tivermos essa liberação, conseguiremos agendar as viagens para 2025 e recuperar o setor, que foi um dos mais abalados por essa tragédia.” Além das saídas, ele lembra que o fechamento torna mais complexa a chegada de turistas à Serra Gaúcha e outras regiões turísticas do Rio Grande do Sul.

Apesar das dificuldades, Andréa Matte se diz otimista para o restante de 2024 e espera avanços na operação dos aeroportos regionais. “Quero dizer para as pessoas que não desistam. Ainda é possível realizar as viagens, mesmo que a partir de outros locais ou em datas mais para frente.” Ela reforça que os terminais regionais estão funcionando bem, com infraestrutura para os passageiros e pouco ou nenhum atraso nos embarques e desembarques.

Interrupção de acessos desafia retomada do setor na região

Encontro da Aturvarp trouxe a dimensão dos problemas e os desafios nos municípios

Uma pesquisa feita com empreendimentos turísticos da região apontou os impactos da enchente no setor. Os dados foram divulgados pela Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), que reforçou a necessidade de se adotar estratégias para a recuperação dos negócios. Uma das ações é a retomada das atividades, assim como o reforço à campanha Vale do Rio Pardo: Viva essa experiência, em favor do turismo local.

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Conforme o presidente da Aturvarp, Djalmar Ernani Marquardt, a força-tarefa organizada em conjunto com a Associação Pró-Turismo de Santa Cruz do Sul (Aprotur), mapeou por amostragem a realidade dos empreendimentos no pós-enchentes. “Conseguimos reunir informações que traduzem os principais problemas causados pelo clima ao turismo, que na maioria dos municípios da região tem uma característica rural. A dificuldade de acesso, por meio da logística prejudicada (28% das causas apontadas) somada aos prejuízos materiais nos empreendimentos (20% das respostas), está entre os maiores problemas.”

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Marquardt conta que em terceiro lugar – com 16% das respostas – danos às plantações e as áreas de reserva das propriedades aparecem como dificuldade aos empreendedores. “Mesmo sendo uma amostra pequena, ao todo 23 empreendedores conseguiram responder às questões, a pesquisa revela que há uma grande dificuldade no segmento que precisa se reerguer”, salienta.
De todos os ouvidos, apenas um relatou ter seguro do espaço. “Esse é um ensinamento que fica, assim como uma missão da Associação em conseguir identificar alternativas com empresas que operem seguro patrimonial”, observou.

Estragos nos imóveis (12%) e prejuízos relacionados ao mobiliário das propriedades (8%) também são parâmetros apontados na pesquisa apresentada na reunião mensal da entidade. O encontro ocorreu terça-feira na localidade de Monte Alegre, no interior de General Câmara, na divisa com Vale Verde. “Vamos ter que recorrer aos programas oferecidos pelos governos para que seja possível oferecer ajuda àqueles que foram atingidos”, acrescentou. Além da associação, os municípios incentivam essa retomada.

Aeroportos

Além de prejudicar estradas e acessos locais, as enchentes de maio inviabilizaram a operação do Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre. Principal porta de entrada aérea do turismo, a dificuldade de reabertura do modal aquece o debate também acerca de alternativas regionais. Entre elas está a expectativa de melhoria no Aeroporto Luiz Beck da Silva.

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Com a confirmação da Prefeitura de Santa Cruz sobre a licitação para o balizamento noturno – instalação de dispositivos que permitem a operação do espaço em 24 horas –, há uma perspectiva de ampliação dos serviços aéreos na região. “Outro ponto é pensarmos na ampliação da pista e na instalação de outros equipamentos de voo, para tornar o nosso aeroporto um local seguro para um maior número de aeronaves e tipos de voos”, disse Marquardt.

Mobilização busca fortalecer atrativos locais

Além de acompanhar o movimento de recuperação dos empreendimentos turísticos da região, seja por meio de ações institucionais ou no contato com entidades de crédito, fomento e governamentais, a Aturvarp busca parceiros para engrossar a divulgação da campanha de valorização regional. A ação Vale do Rio Pardo: viva essa Experiência, lançada em dezembro do ano passado, é um dos meios de divulgação dos empreendimentos locais.

“Precisamos mostrar que a retomada já está acontecendo. Isso se dará por meio da divulgação de roteiros, eventos e atrações, mas muito também a partir da nossa campanha. Para ela, buscamos parceiros que possam viabilizar a divulgação de peças publicitárias e informes relacionados ao setor em todo o Estado”, ressalta Marquardt. Outro fator favorável à retomada diz respeito à manutenção de grandes eventos turísticos e culturais na região.

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