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Empresários apostam na retomada da produção industrial

Após três anos de retração, que resultaram numa queda de 16,7% da produção, a indústria começa a virar o jogo e, aos poucos, vem mostrando sinais de recuperação. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em 2017 a atividade registrou expansão de 2,5%, o suficiente para causar impactos no resultado global do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 1%.

Ainda que abaixo das expectativas, o resultado contribui para dar novo ânimo ao setor. “O processo de recuperação gradual deve continuar neste primeiro semestre de 2018, mas é bom reiterar que só estará consolidado se ocorrerem ajustes na economia e avanços nas reformas pelo governo federal”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry. 

O resultado mais recente da Sondagem Industrial da Fiergs, uma pesquisa feita com empresários gaúchos, mostra que o cenário é de recuperação da atividade, apesar de moderada. Numa escala de zero a 100, o índice da produção foi de 56,3 pontos. O mesmo desempenho foi registrado pelo nível de emprego, com o índice de março marcando 52,5 pontos.

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Segundo a Fiergs, a indústria gaúcha ainda tem ociosidade elevada, mas vem caindo. Na sondagem, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) – índice que mede o nível de atividade das empresas mostrando a porcentagem do parque industrial em atividade – subiu três pontos percentuais, chegando a 69%. Em março, com a terceira elevação consecutiva, o índice alcançou 45,9 pontos, contra 44,3 de fevereiro. Ao mesmo tempo, as indústrias gaúchas voltaram a formar estoques em março acima do desejado, o que voltou a gerar cautela.

Para entender

Na Sondagem Industrial RS, o indicador varia de zero a 100 pontos. Valores acima de 50 indicam expectativas de aumento e abaixo de 50, tendência de queda. Para a intenção de investimentos, quanto maior o índice, maior a propensão a investir.

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No primeiro trimestre de 2018, a sondagem da Fiergs apontou insatisfação dos empresários com a margem de lucro operacional (42,1 pontos) e com a situação financeira (47,6) das empresas. Os indicadores, abaixo dos 50 pontos, pouco se alteraram em relação ao último trimestre de 2017. Os empresários consideraram as condições de acesso ao crédito menos adversas nos primeiros três meses de 2018. O Índice foi de 41,1 pontos, o maior desde o quarto trimestre de 2013.

O principal problema apontado na pesquisa foi a elevada carga tributária, com 39,8%. A demanda insuficiente, 37,6%, também foi considerada, assim como a falta ou o alto custo das matérias-primas (25,3%), item que ganhou mais relevância nos resultados em relação ao último trimestre do ano passado.

Os empresários ouvidos na pesquisa da Fiergs, porém, continuam otimistas para os próximos seis meses, com todos os indicadores de abril permanecendo acima dos 50 pontos e praticamente sem variação na comparação com os registrados no mês anterior. As perspectivas são de crescimento para a demanda (60,2 pontos), para as compras de matérias-primas (58,1), emprego (52,2) e exportações (59,6). Outro resultado que atesta o cenário mais favorável para o setor foi a intenção de investir, cujo índice atingiu, em abril, o maior nível em quatro anos: 57,3 pontos.

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Confiança empresarial avança e estimula a produção

Em 2017, o crescimento da confiança empresarial ajudou a impulsionar a fabricação de bens de capital, enquanto o aumento na ocupação, a inflação mais baixa e a queda na taxa de juros estimularam a produção de bens de consumo duráveis.

“A maior confiança dos empresários já está afetando decisões de realizar investimentos. Ainda está aquém em relação a níveis de confiança do passado, mas já há melhora significativa. Houve algum tipo de melhora do mercado de trabalho, mesmo que ainda se dê via trabalhos informais e ainda tenha desemprego elevado. Tivemos aumento na massa de rendimento, a inflação mais comportada, a redução na taxa de juros afetando crédito, melhora na inadimplência e no comprometimento de renda das famílias. Tudo isso dá algum tipo de melhora para bens duráveis”, avalia André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. O aumento nas exportações, no entanto, também teve impacto sobre o desempenho de diversos segmentos industriais, como veículos, metalurgia, papel e celulose, extração de minério de ferro e setor de alimentos.

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