A Polícia Civil de Encruzilhada do Sul abriu inquérito para apurar a denúncia feita pelo representante de uma organização que alega ter sido agredido, ameaçado e extorquido nas dependências da Prefeitura pelo secretário municipal de Saúde, Marco Antônio Rassier. O secretário nega a acusação e o governo pediu ao Ministério Público que a empresa seja investigada.
O boletim de ocorrência foi registrado na quarta-feira por Matheus Winicius Azevedo Prado, que é representante da Associação do Projeto Mulher, Inquilinos e Moradores de Taguatinga (Asmorar). A organização com sede em Brasília firmou, em outubro do ano passado, um termo de colaboração com a Prefeitura para desenvolver o projeto de um empreendimento habitacional de interesse social.
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A previsão era implantar um condomínio de prédios, com entre 320 e 420 unidades, em uma área cedida pelo Município na região central. À associação, caberia comercializar as unidades e contratar a construtora que faria a obra, em uma área cedida pela Prefeitura.
Segundo Prado, o incidente com Rassier aconteceu na primeira hora da manhã de quarta, quando ele foi à sede do governo para falar com o prefeito Benito Pachoal (MDB). Paschoal, porém, não estava. Enquanto aguardava para ser atendido, Prado teria sido chamado até uma sala do gabinete pelo secretário de Saúde, que teria dito que gostaria de alguns esclarecimentos sobre o projeto habitacional.
Durante a conversa, no entanto, Rassier teria começado a se exaltar e acusar Prado de estar aplicando golpes nos moradores da cidade. Em dado momento, ele teria sacado um canivete da cintura e ameaçado o empresário. “Ele estava com o canivete bem perto do meu corpo e me deu um tapa no rosto. E seguiu me xingando, dizendo que eu tinha que voltar para Brasília e nunca mais pisar em Encruzilhada. E ainda disse que era assim que eles resolvem as coisas na cidade”, contou.
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Prado ainda anexou à denúncia o comprovante de uma transferência de R$ 3,2 mil feita via Pix para Rassier às 8h23 da quarta-feira. A quantia teria sido exigida pelo secretário durante a discussão. O empresário afirmou que já deixou a cidade e irá “tomar todas as medidas cíveis e criminais que forem necessárias”. “Isso foge da normalidade. Não é concebível dentro de um órgão público. Ele me rendeu com uma arma branca. Eu achei que ia morrer na mão dessa pessoa”, afirmou.
A abertura do inquérito foi confirmada à Gazeta do Sul pelo delegado Róbinson Palomínio. Conforme ele, Rassier será intimado para prestar depoimento nos próximos dias. (Colaborou Guilherme Bica)
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“Mentira deslavada”, alega secretário
Procurado, Marco Antônio Rassier confirmou o encontro com Matheus Prado na Prefeitura, mas negou que tenha feito ameaças ou agressões. Rassier disse ter procurado o empresário após desconfiar de um contrato que uma funcionária particular dele assinou com a Asmorar para obter uma das unidades do complexo habitacional. “Era um contrato sem nada de concreto, sem firma reconhecida, sem registro em cartório, uma coisa feita para enganar as pessoas”, acusou.
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Rassier disse que, na conversa, pediu a Prado a restituição do valor que a funcionária pagou à empresa, e que havia sido emprestado por ele a título de antecipação de salário. Por causa disso, ele teria feito a transferência de R$ 3,2 mil, embora o valor total fosse de R$ 3,6 mil.
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Segundo o secretário, a conversa foi pacífica. Questionado sobre a versão levada pelo empresário à Polícia Civil, Rassier disse se tratar de “uma mentira deslavada”. “Eu não ofendi e ele também não me ofendeu. Eu sou uma pessoa pacífica, não uso arma, muito menos canivete”, salientou.
O chefe de gabinete da Prefeitura, Fabiano Soares de Freitas, disse que não há nenhum relato confirmando que houve algum ato de hostilidade contra o empresário. “Aqui no gabinete são quatro salas. Havia pessoas nas outras salas e eu conversei com elas, mas ninguém viu ou ouviu qualquer tipo de agressão ou hostilidade. Por isso, acreditamos que essas acusações não são verdadeiras.” Segundo ele, diante da falta de testemunhas, a Prefeitura não deve abrir procedimento interno para apurar o caso e aguardará a investigação da Polícia Civil.
O termo de colaboração com a Asmorar foi rescindido pela Prefeitura, que levou o caso à Promotoria. Segundo Freitas, a associação firmou acordos e cobrou valores de pessoas interessadas em obter unidades habitacionais antes do contrato com a Prefeitura ser assinado. Além disso, os termos desses acordos seriam “fora da normalidade”.
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Questionado, Prado confirmou que houve cobranças anteriores à assinatura do contrato com a Prefeitura, mas alegou que isso se deu a partir de um “acordo verbal” com o governo porque um primeiro edital havia sido revogado por questões técnicas. Acrescentou que todas as pessoas que repassaram valores serão devidamente ressarcidas.
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