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Empresa que se instalará na região é investigada por fraude contra clientes

Uma série de denúncias vem sendo movida por pessoas contra uma empresa do setor moveleiro, de Igrejinha, no Vale do Paranhana. Segundo elas, a Shabby Chic Móveis e Decoração, que produz móveis em madeira maciça proveniente de reflorestamento, como salas de estar, salas de jantar, cozinhas e móveis para quarto, não estaria cumprindo os prazos de entrega dos produtos e se recusa a responder os questionamentos via telefone, aplicativo de mensagens ou e-mail.

No último mês de novembro, a Shabby Chic divulgou que pretende instalar uma planta fabril em prédio de 900 metros quadrados na localidade de Monte Castelo, no interior de Pantano Grande, Vale do Rio Pardo. Profissional autônomo e morador de Venâncio Aires, Leandro Bretana, de 37 anos, é uma das pessoas que se disseram lesadas pela empresa.

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“Fiz um pedido de uma cozinha personalizada completa, no valor de R$ 5.169,79. Um contrato de compra e venda foi firmado e paguei a metade do valor. Até aí, tudo certo. Fizeram o projeto pra mim, e depois que passou o prazo de entrega de 45 a 60 dias não consegui mais contato com eles, nem por ligação, por e-mail ou WhatsApp”, disse Bretana. Pessoas de outros municípios, como Sobradinho, General Câmara, Porto Alegre, Novo Hamburgo e São Leopoldo, e também de outros estados, como Santa Catarina e São Paulo, também estariam na mesma situação. “Tivemos o conhecimento de muitas outras pessoas na mesma situação, com problemas bem parecidos, que já pagaram parte ou tudo e chegava em um ponto que a empresa não respondia, deixava sem satisfação nenhuma”, complementou.

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De acordo com Leandro, um grupo de WhatsApp para falar sobre os casos e reunir os clientes lesados foi iniciado com cinco participantes. Rapidamente, apareceram mais de 25 pessoas na mesma situação. Uma página no Facebook, com o nome “Lesados pela Império da Madeira – Shabby Chic”, também foi criada, pois segundo pessoas que não receberam os produtos, os comentários que reclamavam do problema na página oficial da empresa não eram aceitos para visualização do público.

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Clientes disseram que audiências foram marcadas pela Justiça, mas a empresa não compareceu. “Vimos a possibilidade da empresa expandir para a região e buscamos divulgar essa situação que estamos vivendo, para que mais pessoas não sejam lesadas”, frisou Leandro Bretana.

Investigação
A Gazeta do Sul teve acesso a 12 boletins de ocorrência registrados contra a Shabby Chic, pelo crime de estelionato, por receber dinheiro de clientes e não cumprir o prazo de entrega. Uma das ocorrências cita uma conversa de WhatsApp entre uma vítima e a esposa de um dos supostos proprietários da empresa. A reportagem teve acesso aos áudios, nos quais a esposa diz que um homem e uma mulher, que seriam os verdadeiros donos da empresa, são dois golpistas que aplicaram fraudes no Brasil inteiro.

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A situação é acompanhada de perto pela Polícia Civil. O delegado responsável pela DP de Igrejinha, Ivanir Luiz Moschen Caliari, pediu esclarecimentos aos donos da empresa e uma reunião foi realizada na tarde de ontem, na delegacia. Quatro pessoas lesadas e um dos responsáveis pela Shabby Chic compareceram.

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“Tomei conhecimento de que a gama de vítimas é extensa. Frente à comprovação na investigação de que a empresa, mesmo não entregando pedidos, continua captando novos clientes, existe uma suspeita de possível dolo. Um comerciante não entregar uma mercadoria no prazo, em um momento de crise e pandemia, não configura diretamente um crime. Agora, quando você passa a não entregar o que já recebeu em termos de pagamento antecipado de tantas pessoas e, mesmo assim, continua buscando outros clientes, esse é um fato que pode configurar uma fraude, dentro de um crime de estelionato”, explicou o delegado.

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Segundo ele, foi verificado que a empresa possui uma sede em Campo Bom e em 2019 teria alugado um espaço em Igrejinha. “Fizemos uma diligência no local e verificamos que, para algumas pessoas, existe a entrega de móveis pequenos, mas não dos pedidos maiores. Identificamos ainda que esses mesmos envolvidos já tinham uma outra empresa com as mesmas condutas. Todos esses elementos nos levam a instaurar um inquérito para apurar essas circunstâncias.”

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De acordo com o delegado Caliari, a investigação criminal busca a responsabilidade penal dos fatos. As pessoas que buscam o ressarcimento de valores por compras não recebidas devem mover uma ação civil.

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O que diz a Shabby Chic
A Gazeta do Sul entrou em contato com a Shabby Chic Móveis e Decoração. Os questionamentos foram respondidos via e-mail por Wander Luiz Moreira Souza, que se disse sócio-proprietário da empresa. Ele afirmou que os atrasos são pontuais em determinados produtos, mais especificamente em cozinhas sob medida, nas quais são utilizadas madeiras pinus densas com teor de umidade próximo a 12%.

“Desde novembro estamos com escassez dessa matéria-prima em específico, impossibilitando e atrasando diversos pedidos. Relatamos que é um problema pontual, que se estende, a princípio, até fevereiro. Estamos trabalhando diariamente na resolução desses problemas”, disse Wander. O sócio-proprietário da empresa comentou ainda a falta de respostas sobre os casos, reclamação constante dos clientes.

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“Em dezembro de 2020, implantamos uma central via WhatsApp para múltiplos atendimentos. Essa central precisou de um número exclusivo, e a informação foi adicionada à pagina do Facebook, Instagram, site e outras mídias sociais, o que gerou falta de comunicação. Recebemos diariamente mais de 600 mensagens via WhatsApp”, disse Souza.

Wander também citou a pandemia como justificativa para a demora nas entregas. “Desde o início da pandemia por Covid-19, temos um aviso em nosso site para as pessoas que vão finalizar as compras, que as entregas podem sofrer atrasos. Lembro também que os atrasos neste momento são 17, o que contabiliza 8% do total de pedidos em aberto, estando os demais dentro de seus respectivos prazos.”

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