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Empresa alemã quer firmar parceria para projeto inovador em Vale Verde

Uma empresa alemã pretende implantar um projeto inovador no Vale do Rio Pardo. A SunFarming Food & Energy tem o objetivo de firmar uma parceria para a produção de energia solar e de alimentos e plantas medicinais. A iniciativa prevê criação de empregos, educação por meio da formação técnica e qualificação profissional e gestão dos recursos hídricos.

No Brasil, já existem propostas em andamento em São Paulo, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, no ABC paulista, além de Fortaleza, no Ceará, e Pato Bragado, no Paraná. No Rio Grande do Sul, Vale Verde é o principal candidato a ser o município pioneiro. Também há estudos para a implantação do projeto no Amapá e Mato Grosso. Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, as conversas já estão adiantadas.

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A relação da empresa com Vale Verde é intermediada pelo gerente de projetos no Brasil, Décio Cézar da Silva. Ele é natural de Santa Cruz do Sul e possui terras herdadas da família na localidade de Buraco Fundo, em Vale Verde. Por gostar da região, sempre prospectou formas de desenvolver a economia. Na apresentação do projeto, realizada nessa segunda-feira, 13, estiveram presentes o prefeito de Vale Verde, Carlos Gustavo Schuch; o vice-presidente da Afubra, Marco Dornelles; o gerente de Eficiência Energética da Afubra, Elieser do Prado Bastos; o coordenador dos ambientes de inovação da Unisc, Rafael Kirst; além do presidente da SunFarming, Peter Schrum.

Abundância de recursos

Médico e biólogo, Décio é doutor na área de envelhecimento humano. Atualmente é professor e pesquisador do Parque de Desenvolvimento Tecnológico (Padetec) na Universidade Federal do Ceará (UFC) e desenvolve pesquisas sobre alimentos funcionais e terapêuticos no Departamento de Tecnologia de Alimentos (Detal), também na UFC. Desde 2016, é vinculado à Brandenburgische Technische Universität, de Cottbus, na Alemanha. Décio mora em Berlim e teve contato com a SunFarming por meio de um evento, em 2018. “Eles não queriam somente vender energia. Queriam aplicar um conceito. É a única empresa onde vi essa combinação de energia como fator para produzir. A empresa recebe subsídio e criaram essa condição para que os projetos sejam financiados”, detalhou.

Segundo ele, existe uma abundância de recursos na Alemanha para investimentos, mas faltam interlocutores. “Levei três anos para convencer o presidente da empresa, Peter Schrum, a fazer uma visita. Eles pensam que o Brasil é um país rico, mas sabemos que é necessário um investimento maior. Aqui temos o vínculo histórico dos colonizadores germânicos para estimular o desenvolvimento regional, de olho no futuro”, salienta Décio. Conforme o professor, os bancos alemães contam com recursos para investimento, mas esbarram na falta de projetos. “São trilhões de euros parados por falta de ideias”.

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Importância da artemísia e do hidrogênio

Para o início do projeto, a ideia é estimular a produção de artemisia annua, uma espécie importante na indústria farmacêutica, com alta demanda na Europa. Existem estudos para a utilização da erva aromática no tratamento da Covid-19, por exemplo. Além disso, trata-se de uma alternativa para a produção de tabaco. Outro foco importante é a produção de hidrogênio, muito valorizado na Europa, que pode ser exportado via porto de Rio Grande.

Para a concretização do modelo proposto, a SunFarming conta com a colaboração de universidades, associações e cooperativas. É uma exigência dos financiadores alemães que os projetos tenham vínculo social e educacional. Assim ocorre nas unidades instaladas ao longo de duas décadas na África do Sul, Madagascar, Turquia, República Dominicana e Peru. A Argentina é outro país no radar da expansão sul-americana. “Na Turquia, por exemplo, o sistema auxilia refugiados sírios. No Vale do Rio Pardo, o projeto teria uma participação fundamental da Afubra e da Unisc, além de outros parceiros com quem estamos conversando. Sempre haverá a vinculação dos produtores a uma cooperativa ou associação”, sublinha Décio.

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Na África, por exemplo, o modelo é uma alternativa para evitar a imigração massiva da população para a Europa, dando oportunidade de emprego e renda. “Ninguém vai sair do campo se tiver condições. No Brasil, temos algo parecido com o nordestino, que deixa a terra natal em busca de coisa melhor no Sudeste. É pela falta de condições. Por isso, estamos instalando um projeto específico no interior do Ceará e Rio Grande do Norte”, comentou.

Um novo modelo de produção

O projeto é baseado em uma área de 40 hectares, com um mínimo de 30 megawatts como pico de produção. No local são implantados módulos de 2 a 2,5 metros de altura, com placas fotovoltaicas, resistentes a granizo e ventos fortes. Na parte de baixo, é possível cultivar hortifrúti, plantas aromáticas e medicinais, temperos e até mesmo animais, como galinhas e peixes. Há uma estrutura flutuante para colocação em açudes. O sistema de irrigação é por meio de gotejamento, com a água da chuva, oriunda das cisternas de armazenamento.

A energia gerada com as placas fotovoltaicas vai auxiliar a produção de hidrogênio e subprodutos, como a amônia, fator importante para a Alemanha no desenvolvimento de projetos com foco em mobilidade urbana, como ônibus e carros movidos a hidrogênio. Há uma preocupação crescente na Europa com o aquecimento global, e as formas de reduzir os poluentes atmosféricos que contribuem para o efeito estufa estão na pauta de discussão sobre o meio ambiente. A alemã Siemens, por exemplo, conta com geradores avançados para a produção de hidrogênio.

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Além da transferência de tecnologia, o projeto gera empregos e renda, por meio do excedente da produção de energia solar, já que parte é destinada ao pagamento do financiamento. Décio fará contato com a cooperativa de crédito Sicredi Vale do Rio Pardo, que tem uma linha de financiamento específica para a instalação de placas fotovoltaicas.

A proposta também envolve o intercâmbio educacional, com a formação e qualificação técnica para aplicação na produção. “Ainda precisamos discutir questões legais. Se conseguirmos fechar um memorando de intenções, acredito que dentro de seis meses será possível dar início à implementação do projeto em Vale Verde”, finaliza o biólogo.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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