Logo depois da conquista do tricampeonato da Libertadores da América pelo Grêmio, uma agência trouxe uma proposta de viagem aos Emirados Árabes para assistir aos jogos do tricolor no Mundial de Clubes, em Al Ain e Abu Dhabi.
Mostrei o pacote para meu filho e alguns funcionários, que me incentivaram a encarar o desafio inédito, com os argumentos de que “se tiveres condições de saúde e financeira, não perca a oportunidade”.
Decisão tomada. Comprei o pacote, juntei os documentos. Possuía o visto americano. O voo seria com escala em Nova York e depois, Abu Dhabi. Não analisei. De hora em hora, os preços se alteravam. Todos tinham pressa. A lei da oferta e da procura funcionou a todo vapor. Hora da fatura das agências. Os preços oscilavam entre R$ 10 mil e R$ 18 mil. Parcelamento, só para os voos internos.
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Meu único receio era não falar inglês, fundamental para quem viaja ao exterior. A sorte é que viajavam nesse mesmo voo três jovens que, além de dominarem a língua, eram acostumados a viajar por diversos destinos desse mundo de Deus. Fui adotado pelos três que, pela idade, poderiam ser meus filhos. Rodrigo, defensor público; Anderson, RH do Sicredi; Henrique, financeiro das indústrias têxteis da família. A única queixa: nos deslocamentos em aeroportos, os três caminhavam rápidos e, de soslaio, conferiam se não tinham me perdido, por eu estar sempre correndo atrás e de língua de fora. Ufa, que sacrifício!
Em Nova York, esperamos longas sete horas para o voo até Abu Dhabi. Henrique e Anderson foram passear na Quinta Avenida e Rodrigo, cansado, ficou comigo no aeroporto. Tinha um estranho cartão de crédito preto do Banrisul que dava acesso à sala vip. Pagava-se US$ 27,00 na entrada e tudo que se consumia era grátis. Comida, refrigerantes e cervejas.
Desde o embarque em Porto Alegre, com escala em São Paulo, viajamos 42 horas, contando as paradas nos aeroportos. Chega-se ao destino cansado. São aproximadamente 27 horas de voo. Do aeroporto de Abu Dhabi, viajamos mais 130 quilômetros de ônibus até Dubai, onde se localizava nosso hotel. Adiantamos o relógio em seis horas. O novo fuso atrapalha o sono nas primeiras duas noites.
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O choque cultural entre brasileiros e árabes é enorme. O primeiro conselho que recebemos dos guias turísticos é sobre o consumo de bebidas alcoólicas, terminantemente proibidas em locais públicos. O único lugar que vendia a cerveja de 350 ml era no restaurante do hotel: R$ 35,00. Os brasileiros, sempre criativos, deram um jeitinho em burlar a lei.
Essa história conto na próxima coluna.
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