Multicampeão por Grêmio e Internacional, com passagens ainda por Cruzeiro, Botafogo e equipes da Europa e Ásia, Paulo César Tinga venceu na vida como jogador de futebol. O gaúcho de Porto Alegre, que chegou inclusive a atuar pela Seleção Brasileira, pendurou as chuteiras aos 37 anos e precisou enfrentar o dilema que todo atleta encara: o que fazer após o fim da carreira.
Os desafios enfrentados por ele enquanto jogador – quando chegou inclusive a ser alvo de racismo atuando pelo Cruzeiro, no Peru, pela Copa Libertadores – e principalmente pós-carreira, foram abordados na palestra Do Campo Para a Vida, promovida pelo Senac-RS e realizada na noite desta sexta-feira, 10, lotando o auditório central da Unisc.
“Uma vez escutei o Paulo Roberto Falcão dizer que o jogador de futebol morre duas vezes: uma quando encerra a carreira e uma sendo a morte natural. Desde o dia que escutei isso prometi para mim mesmo que eu não teria essa primeira morte”, revela Tinga, que diz não ter sido fácil se aposentar aos 37 anos.
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“O futebol é uma ótima carreira, mas te faz viver numa bolha devido ao glamour que oferece. Durante 19 anos viajei o mundo e nunca fiz check-in em hotéis ou mesmo em aeroportos, entre outras coisas básicas. Faziam por mim, o que é bom no momento, mas quando saímos da carreira e vamos ao mundo real acabam fazendo falta”, comentou o ex-atleta, que hoje administra agências de turismo e de publicidade.
Embora realize palestras por todo o País, Tinga diz não se considerar um palestrante, mas sim um contador de histórias. “Procuro levar às pessoas os desafios que enfrentei quando saí do futebol e me encontrei apenas com a 5ª série concluída, precisando dar sequência à minha vida”, disse Tinga, hoje com 41 anos.
Em seu discurso, o ex-jogador conta que voltou a estudar, participar de cursos e buscar aperfeiçoamentos. “Quando chegamos ao topo do futebol, a gente vê que não chegamos, na verdade, à lugar nenhum, pois temos toda uma vida para administrar, é preciso se reinventar e enfrentar os desafios, independente da idade.”
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Da Restinga para o mundo
Em sua palestra, Tinga relatou o que, ao seu modo de ver, é empreendedorismo. “É aprender e trabalhar. Não é apenas criar um aplicativo e deixar acontecer. Sequer sabemos o que é um imposto de renda e achamos que o salário que ganhamos é inteiramente nosso, por isso, para vivenciarmos essa onda de empreendedorismo, a nossa educação precisa evoluir pelo menos em conceitos básicos como esses.”
Segundo o ex-jogador, a experiência veio com os ensinamentos da vida, mas a vontade de vencer vem desde criança. “Tenho resquícios daquele menino do Bairro Restinga, como a vontade de me superar. Até pelo meu modo de jogar, sendo pequeno e magro, era difícil me sobressair sobre os zagueiros. Mas acabei me superando para ganhar espaço nos clubes que joguei”, ressaltou. Questionado se acreditava em sorte por ter vivenciado inúmeras experiências, Tinga relembra o seu esforço diário na busca pelo sucesso. “Se ela (a sorte) existe, é muito inteligente, pois sempre escolhe quem está preparado, quem está trabalhando e tem coragem. Eu sigo chamando a atenção da sorte”, finalizou Tinga.
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A palestra do ex-jogador da dupla Gre-Nal marcou a abertura da Semana do Empreendedor 2019, numa promoção da Assemp em parceria com ACI, CDL, Sebrae-RS, Senai-RS, Senac-RS, Unisc, Unopar, Seasc, Ajesc, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação dos Vales do Rio Pardo e Taquari (ATIVales) e Fuckups Night. O evento ainda irá contar com palestras de Nelmar Vaccari, Nubiana Oliveira, entre outros, além do secretário estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luis Lamb. A Semana do Empreendedor, em Santa Cruz, segue até a próxima quinta-feira, 16.