Uma das maiores empresas do Rio Grande do Sul, a Languiru, sediada em Teutônia, no Vale do Taquari, está passando por uma reformulação em suas atividades. A situação econômica da cooperativa foi alvo de debates durante a semana e ganhou repercussão estadual. Prefeitos da região pediram uma reunião com a diretoria da Languiru para analisar o momento considerado preocupante, que resultou na demissão de 500 funcionários em dezembro do ano passado.
LEIA TAMBÉM: Languiru mira expansão no Vale do Rio Pardo
O presidente da Languiru, Dirceu Bayer, apresentou um programa de reestruturação em janeiro. Em um discurso para centenas de funcionários, em Teutônia, Bayer explicou a situação da cooperativa, que soma prejuízos em virtude principalmente do mercado de carnes – aves e suínos. Segundo ele, os custos de produção aumentaram muito nos últimos anos, reduzindo o percentual de participação no faturamento da empresa, de 43% em 2022 para uma perspectiva de 35% neste ano.
Publicidade
Ainda entre as razões para a queda no rendimento da empresa, além da “maior crise da história no segmento das carnes”, como definiu Bayer, estão o alto custo das commodities e a queda do poder de compra do consumidor nos últimos anos. A repercussão da situação econômica da Languiru levou o presidente da cooperativa a divulgar um depoimento nas redes sociais para tranquilizar os associados. Bayer lamentou a presença de “comentários maldosos” na imprensa em relação à empresa.
LEIA TAMBÉM: Asan recebe doações de leite através da ACI
“Em primeiro lugar, nós devemos explicações para os nossos associados. Já deixamos claro em outras oportunidades que a cooperativa Languiru está encontrando dificuldades no sentido de colocar em dia as suas obrigações, mas tudo isso era previsto, a partir do momento em que instituímos o programa de reestruturação da cooperativa. Esse programa visa acima de tudo tirar o peso das proteínas animais – aves e suínos –, que nos últimos dois anos nos deram prejuízos enormes, não só à nossa cooperativa”, argumentou o presidente da Languiru. Bayer lembrou que outras empresas do segmento também enfrentam o mesmo problema.
Publicidade
A Languiru é a cooperativa com o maior número de indústrias no Rio Grande do Sul. “A cooperativa não tem como quebrar, como se diz na gíria, porque temos todo esse patrimônio”, garantiu o presidente Dirceu Bayer. Ele admitiu que a empresa pode reduzir sua atuação para manter as atividades.
O aumento da atuação da Languiru no mercado de milho e soja é uma das possibilidades, pela maior rentabilidade do segmento. Mesmo com o terceiro ano seguido de quebra na safra do milho em virtude da estiagem e dos preços de produção, a opção se torna mais favorável do que o mercado de suínos. Segundo declaração recente do presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, a quebra da safra do milho pode chegar a 40% neste ano, influenciando o mercado de suínos, que “iniciou 2023 com renda negativa”, definiu.
LEIA TAMBÉM: Emater prevê redução de 26,91% na safra de verão
Publicidade
Já o mercado de carne de aves é mais positivo: em fevereiro de 2022, as exportações de frango bateram recorde para o mês, e o mesmo resultado é esperado após o balanço de fevereiro deste ano, segundo a Organização Avícola do Estado do Rio Grande do Sul. A Languiru divulgou nesta semana que seu frigorífico de aves no município de Westfália teve recentemente seu processo de certificação concluído, e a unidade está apta a iniciar a exportação de carne de frango para o Canadá. Em dezembro, a cooperativa iniciou as vendas para Singapura, e atualmente aguarda a visita das autoridades sanitárias da República Dominicana para ampliar suas exportações.
LEIA TAMBÉM: Expoagro é lançada oficialmente em clima de expectativa
Mesmo com a visão positiva da diretoria sobre as possibilidades da cooperativa, entre os fornecedores, o clima é de incertezas. A Gazeta do Sul tentou colher depoimentos de produtores da região que fornecem para a Languiru, mas nenhum dos contatados quis se manifestar por medo de “represálias”, como citaram os produtores consultados. É pequeno o número de agricultores em Santa Cruz do Sul que fornecem para a empresa, mas alguns relatam atrasos nos pagamentos, sem dar maiores detalhes sobre essa situação.
Publicidade
No Vale do Rio Pardo, nenhum município figura na lista dos 20 maiores produtores de suínos do Estado. Venâncio Aires é a cidade da região mais bem colocada no ranking, na 96ª posição, com cerca de 40 mil abates em 2022. Já o Vale do Taquari é desde 2020 a maior região produtora, tendo disponibilizado para a indústria quase 2 milhões de suínos no ano passado, segundo a Acsurs.
LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS NO PORTAL GAZ
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
Publicidade
This website uses cookies.