A novela sobre o destino da área onde está localizado o Santuário Schoenstatt, à margem da BR-471, ganhou novos capítulos na última semana. Desde 2018, as irmãs responsáveis pelo espaço já haviam demonstrado interesse em buscar uma área mais centralizada. Agora, há a possibilidade de o local ser transformado, por parte do Município, em uma instituição de ensino. Muito antes disso, no entanto, ele serve para abrigo espiritual e consolida o legado de formação.
A história do Movimento Schoenstatt com Santa Cruz do Sul começou bem antes da criação do santuário. O alemão fundador, padre José Kentenich, esteve na cidade em 1947, quando visitou a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e onde hoje se situa a atual Catedral. Três décadas depois, iniciou o processo de construção, com a primeira missa em 22 de julho de 1977 e solenidade e primeira romaria em 11 de dezembro do mesmo ano.
“Santa Cruz estava em festa; a Banda do Quartel estava lá; as pessoas todas alinhadas. Esse foi um momento mais do que especial. Foi a inauguração do Santuário”, recorda dona Cecília Etges. Ela conta que, com o passar dos anos, os eventos apenas aumentaram e o local ganhou a característica de acolhedor. “Se na rua há barulho, lá é o silêncio; se há violência, lá há paz”, resume.
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No momento de comemoração inicial, os santa-cruzenses tiveram a presença do representante do Movimento na Alemanha, Bernhard Brenner, e do diretor nacional e bispo Henrique Fröhlich, que deixou frase marcada na memória de Cecília: “Quem vai à Mãe encontra o caminho de Jesus; quem vai a Jesus encontra o caminho do Pai; portanto, pela Mãe, o Filho, pelo Filho, o Pai”.
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Ele deixou muitos legados para a comunidade
Além de se transformar em um espaço de paz, o santuário resultou em legados que podem ser percebidos na comunidade. O mais antigo deles, que foi um dos motivadores de sua construção, é o da formação dos seres humanos, divididos nos grupos: família, casais, mães, moças (mulheres não casadas), juventude – masculina e feminina – e crianças. “Mesmo as pessoas que não seguiram no Movimento irradiam, em suas atitudes, o que aprenderam com Schoenstatt”, afirma Cecília Etges.
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Outro legado é o compromisso da sociedade com suas instituições. Desde o início, as ampliações na estrutura, em uma área de 2,9 hectares, foram possíveis graças ao empenho das pessoas da comunidade. “Lembro que para fazer o primeiro cercamento as crianças vendiam postes; depois houve arrecadação de tijolos. E assim a sociedade construiu aquela estrutura”, recorda.
A intenção de transformar o espaço em área educacional, apresentada atualmente, não é uma novidade. Entre as ampliações, Cecília lembra da abertura de turmas de Jardim de Infância. Duas salas foram erguidas especialmente para isso, assim como o ambiente destinado para o trabalho com as mães.
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Dois outros hábitos são consequência da presença do Movimento Schoenstatt, fomentado pela instituição do santuário. Um deles é a Romaria, que movimenta dezenas de milhares de fiéis das mais diferentes partes do Estado e até dos países vizinhos, como a Argentina. Avolumou-se de tal forma que foi preciso aumentar o trajeto.
O outro é a Mãe Peregrina, que possibilita a visita da imagem de Nossa Senhora às residências dos fiéis. “Começou em Santa Maria, a partir do João Pozzobon, com poucas pessoas, e hoje está espalhado e muito presente aqui no grupo do Santuário”, comemora.
Sobre o futuro, Cecília não tem como saber, mas sobre a história, resume em uma palavra o significado do Santuário de Schoenstatt: “É um oásis”.
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Missa no domingo
Uma missa foi realizada junto à capelinha nesse domingo, 22. Dezenas de fiéis espalharam cadeiras ao redor do templo para a celebração. Segundo Ruy Kaercher, uma liderança entre os devotos, as missas têm ocorrido mensalmente como forma de relembrar a fundação do Movimento de Schoenstatt. “Esta grande afluência de público nos alegra”, comentou Kaercher, que é contrário à transferência do santuário. “Estaremos aqui todos os meses, renovando a aliança de amor com a Mãe de Deus”, afirmou.
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