Consegues conceber nossa cidade sem o Túnel Verde? Já tentei. Caminhei pelo centro, observei as fachadas das casas e fui tomada de imenso desalento. Sem as tipuanas a Haupstrasse fica nua. Sem a singularidade, a beleza, a leveza das árvores, restarão prédios, em certa medida, erguidos de forma funcional, sem preocupação com embelezamento, harmonia arquitetônica e identidade histórica de nosso centro. Entendo que o centro deveria ter um plano diretor específico, em que as árvores, a arquitetura dos prédios, os passeios para pedestres tivessem relevância e cuidados especiais. “Um plano socioambiental de preservação do Túnel Verde” – é a defesa de José Alberto Wenzel. Um plano em favor da identidade verde colaboraria também por mais frescor e ar puro, sem a poluição emitida por veículos.
Nossa cidade tem identidade advinda de sua história, e uma histórica valorização do verde. Conceber um plano de cuidados se faz imperioso, para que ambos não se percam e para amenizar a inclemência do calor veranil. Nossas árvores estão sofrendo. E não somente pela crise climática, mas, e principalmente, pela poluição e pela hostilidade para com elas. Para muitos, árvores são entendidas meramente como fonte de lucro ou estorvo. Em ambos os casos, elas têm seus dias contados.
LEIA TAMBÉM: Cuidar de Santa Cruz
Publicidade
“Não é o túnel que precisa mudar, mas a nossa mentalidade”, como muito apropriadamente nos lembra Romar Beling. A propósito, a valiosa reflexão de Romar em “Um rasgo no cartão-postal” reflete o sentimento de desolação, de luto, vivenciado por muitos santa-cruzenses. Também reflete o meu.
A arborização em nossa cidade não está acompanhando a vertiginosa expansão urbana. Nunca antes se edificaram tantos prédios, como nos últimos tempos, nem se asfaltaram tantas ruas. Esse desenvolvimento galopante não considerou a necessidade de aliar a esse crescimento a ampliação contínua da arborização – para a purificação do ar e para contrapor ao aumento do cimento e do asfalto que favorecem a concentração de calor. No entanto, na hora do sol escaldante, todos procuramos uma calçada sombreada, queremos caminhar ao abrigo do frescor do verde, ou estacionar o carro sob a sombra de uma árvore.
Para opor a esse descompasso, somente a revalorização e o respeito para com nossa identidade verde, aliados a mais conhecimento acerca de plantio e manejo correto e, claro, conhecimento do significado simbólico das árvores e de seu valor em lugares densamente povoados.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Sobre julgamentos apressados
Árvores são seres vivos. Integrados à vida da cidade, elas oxigenam e amenizam a temperatura do ar. De modo que árvores influem positivamente no microclima urbano e inclusive colaboram para o nosso bem-estar. Isso eu vivencio na Wilde Heimat, meu lugar silvestre de viver, como o identifico; nele, as árvores estão integradas. Elas purificam o ar que respiro; amenizam a sensação de calor, e sua exuberância verde transmite tranquilidade e é benéfica para o espírito.
Poder sentar sob a sombra de uma árvore, quando a temperatura ultrapassa os 30 graus, é um refrigério para o corpo. Além disso, árvores ajudam a reduzir os custos de produção de energia. Dentro de casa, podemos sentir seu efeito positivo. Árvores bem-dispostas ajudam a reduzir a energia usada para resfriamento e para aquecimento. E isso não é pouco em tempos de escassez de recursos e altos custos da produção de energia.
Publicidade
Finalizo com um apelo: pela manutenção do Túnel Verde, por mais árvores, pela revitalização da identidade de nossa cidade, por mais ar puro, mais frescor, por menos poluição – saibamos cuidar de Santa Cruz, “ou cairemos, enquanto civilização, exatamente que nem as tipuanas”, corroborando com Romar Beling em “Queda livre”, nesta terça-feira, página 7.
LEIA MAIS COLUNAS DE LISSI BENDER
quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no NOSSO NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!
Publicidade