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Em dez anos, Santa Cruz registra 25 mil veículos a mais nas ruas

No decorrer da última década, enquanto o volume de passageiros no transporte coletivo urbano despencou, nada menos do que 25,5 mil veículos entraram em circulação em Santa Cruz do Sul. De acordo com estatísticas do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran RS), embora tenha apenas a 12ª maior frota, o município apresenta uma das mais expressivas concentrações de veículos por habitante do Estado.

Os dados mostram que Santa Cruz chegou a 95,6 mil veículos em 2020. Em 2011, eram 70,1 mil. Somente ao longo do ano passado, foram mais de 1,9 mil emplacamentos. O volume é inferior ao de anos anteriores, o que pode ser reflexo da crise econômica gerada pela pandemia. Em 2019, por exemplo, mais de 3 mil veículos foram emplacados. O ritmo maior, porém, foi verificado no início da década, quando o governo federal adotou políticas de estímulo ao consumo que impactaram diretamente na indústria automotiva, como redução de IPI para carros. Entre 2011 e 2013, o número de emplacamentos chegou a mais de 4 mil por ano.

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Os números indicam ainda que, enquanto a população cresceu cerca de 11% nos últimos dez anos, a frota aumentou 36%. Atualmente, com uma população estimada pelo IBGE em 131,3 mil pessoas, a média é de um veículo em circulação para cada 1,3 habitante, concentração bem superior a de municípios maiores, como Porto Alegre (1,7), Caxias do Sul (1,6) e Pelotas (1,5). Também é superior à média estadual (1,6) e até a municípios que, por possuírem populações pequenas e poder aquisitivo alto, registram concentrações elevadas – Carlos Barbosa, na Serra, por exemplo, tem 30,2 mil habitantes e 21,3 mil veículos, o que representa uma média de 1,4 habitante por veículo.

Da frota atual, cerca de 80% corresponde a automóveis e motocicletas (veja à direita). Em todo o Estado, o número de veículos nas ruas cresceu em mais de 2,1 milhões – eram 5 milhões em 2011 e chegaram a 7,1 milhões no ano passado.

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Saída é apostar no transporte coletivo, diz especialista

Conforme o especialista em gestão e legislação de trânsito Ordeli Savedra Gomes, a expansão da frota de veículos em Santa Cruz é uma “decorrência natural do crescimento econômico do município”. Se a tendência se mantiver nos próximos anos, porém, há risco de prejuízos à mobilidade urbana.

Segundo ele, além de uma dificuldade cada vez maior para encontrar vagas de estacionamento, os deslocamentos tendem a se tornar mais difíceis. “Se tivermos o mesmo crescimento, vamos terminar a década com 120 mil veículos. Ainda não vamos ter engarrafamentos como os que ocorrem em Porto Alegre ou Canoas, mas os tempos de deslocamento serão maiores e será mais demorado passar por um cruzamento com semáforo, sobretudo no Centro, onde transitam milhares de pessoas todos os dias”, analisa.

Gomes observa que o impacto do aumento de fluxo será sentido tanto por motoristas quanto por pedestres. Outro fator que chama a atenção nos números é o elevado volume de motocicletas, o que, de acordo com ele, tende a elevar o risco de acidentes.

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A situação deve servir de alerta para a necessidade urgente de estímulos ao transporte coletivo, como prevê o Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Dados da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados (Agerst) mostram que a média mensal de passageiros nos ônibus urbanos em Santa Cruz caiu mais de 50% no último ano. De acordo com Gomes, atualmente o deslocamento por meio de ônibus não é atrativo para quem possui carro ou moto e isso se agrava com o fenômeno dos aplicativos de transporte, como o Uber. “O ideal seria as pessoas utilizarem mais o transporte coletivo. Mas para isso o sistema precisa ser confortável, seguro e economicamente viável. Se não tiver esse tripé, ele vai falir”, observa.

Outras medidas fundamentais são a implantação de ciclovias e a ampliação das “ondas verdes” – sincronização de semáforos para garantir mais fluidez no trânsito.

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Plano municipal prevê mão única e obras

Aprovado em dezembro pela Câmara de Vereadores, o Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Santa Cruz prevê uma série de intervenções para comportar a tendência de incremento de fluxo no trânsito do município no decorrer dos próximos 20 anos. No curto prazo, as ações previstas no plano incluem a ampliação da mão única (que passará a vigorar em praticamente todas as principais ruas do Centro) e a implantação de rótulas e rotatórias – uma delas no trevo do Arroio Grande, um dos gargalos do trânsito do local. Já para o médio e longo prazo, o plano prevê obras maiores, como viadutos ou trincheiras em pontos como os trevos do 2001 e do Rio Pardinho, além de implantação de perimetrais em zonas de expansão, como Linha Santa Cruz e João Alves.

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