Em debate, a luta para vencer a discriminação

O Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) promove a terceira edição da Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Santa Cruz do Sul. O tema deste ano é Enfrentamento ao racismo e às outras formas correlatas de discriminação étnico-raciais e de intolerância religiosa: política de Estado e responsabilidade de todos nós. É a primeira edição organizada pelo Compir. Outras duas – nos anos de 2005 e 2013 – foram realizadas pela Prefeitura com outras entidades.

A programação começou nessa quarta-feira, 24, no auditório central da Unisc, com uma cerimônia inter-religiosa integrada pela pastora Anelise Lengler Abentroth, da IECLB, pelo bispo emérito dom Gílio Felício e pelo babalorixá Pai Antônio Rogério de Souza, do templo de umbanda Pai Ogum Beira Mar e Mãe Oxum. “As diferenças culturais, étnicas e sociais não devem ser combustível para conflitos, mas vistas como uma grande riqueza da humanidade”, observou dom Gílio, o primeiro bispo negro do Rio Grande do Sul. “Esta conferência é um passo que precisamos dar para mudanças pessoais e estruturais que precisam ser feitas”, declarou Anelise.

Pai Antônio falou sobre os povos de matriz africana, principalmente sobre o preconceito com as religiões afro. Ainda durante a manhã, o terapeuta homeopata Marcos André Zerbielli detalhou o programa Saúde Popular Comunitária, desenvolvido em Novo Cabrais. À tarde, grupos de trabalho discutiram questões com base em eixos, ocorreu a votação de delegados para uma conferência estadual e um vídeo reflexivo sobre identidade foi exibido.

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Programação nesta quinta-feira

A partir das 8h30 desta quinta, novamente no auditório central da Unisc, a poetisa Isabete Fagundes Almeida fará uma apresentação cultural. Em seguida, o sociólogo César Hamilton Brito Góes fará uma palestra com o tema A questão
racial e a desigualdade na sociedade brasileira
. Lutas e ressignificados para enfrentar o preconceito. Logo depois, a presidente da Associação dos Ciganos Itinerantes do Rio Grande do Sul, Rose Winter, vai apresentar o ativismo dos ciganos contra o preconceito e a desigualdade. O encerramento será com uma roda de samba.

Busca diária pela equidade

Para a presidente do Compir, Vera Lúcia da Silveira, é um orgulho fazer parte da busca pela equidade, por meio de projetos desenvolvidos pelos conselheiros do Compir, voltados para todas as faixas etárias. “Não cabe mais, no século 21, termos disparidades gritantes como temos no Brasil e no Estado. O Rio Grande do Sul é líder em racismo”, afirmou.

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Conforme Vera, a administração municipal de Santa Cruz do Sul exerce um papel importante na promoção da igualdade racial por meio da prefeita Helena Hermany e pelo secretário da Educação, João Miguel Wenzel. “Eles
abraçaram os projetos educacionais, incentivam a empregabilidade justa e a ocupação dos espaços. Muitos jovens precisam de oportunidades iguais.”

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Vera: “Estado é líder em racismo” | Fotos: Luiz Fernando Bertuol/Secom

Prefeita destaca a política de cotas no serviço público

O ato de abertura da programação contou com a presença de representantes do governo municipal e de entidades religiosas. A prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, lembrou da empatia e bom relacionamento que construiu e mantém com a comunidade negra.

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Durante seu mandato como vereadora, Helena propôs uma lei para que empresas que recebessem auxílio financeiro municipal tivessem vagas para afrodescendentes. Ela destacou a implementação da política de cotas raciais para ingresso no serviço público municipal. “Assim como as mulheres precisam ocupar os seus espaços, a comunidade negra também precisa fazer o mesmo”, declarou.

Helena ainda enfatizou o papel da educação na construção de uma sociedade mais tolerante e fraterna e reiterou seu compromisso com essa causa. “Vocês terão o meu apoio. Tenho uma obrigação com este povo que eu adoro muito”, concluiu. Também presente ao ato, o secretário de Educação, João Miguel Wenzel, reforçou a importância da escola na promoção dos conceitos de igualdade racial e tolerância religiosa. “É fundamental que se trabalhe cada vez mais esses temas na sala de aula”, defendeu.

Helena: “Por uma sociedade fraterna”

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