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Em cartaz: “A Primeira Profecia” entrega o que promete

O anúncio repentino de A Primeira Profecia (The First Omen, em inglês) veio como um mau presságio. Afinal, por que reviver uma franquia que nunca foi sinônimo de continuações bem-sucedidas? Prelúdio do filme original, lançado em 1976, a obra foi alvo de críticas diante do fracasso do cinema norte-americano, especialmente do gênero de horror, em criar experiências cinematográficas que motivem a audiência a ir até o cinema. 

Mas, para a surpresa do público e da crítica, o longa-metragem começou a gerar um alvoroço, especialmente por não seguir a fórmula convencional dos filmes modernos. Com ênfase no terror psicológico, a diretora Arkasha Stevenson explora crenças religiosas, perda da sanidade e gravidez em uma trama que progride de forma lenta, sem precisar de sustos gratuitos para prender a atenção do espectador. 

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Ambientado em 1971, A Primeira Profecia acompanha a história de Margaret, uma jovem americana que se muda para Roma no intuito de se tornar freira e poder servir a Deus. Porém, descobre que há uma conspiração no convento para trazer à terra o mal encarnado.

Sob a direção da norte-americana Arkasha Stevenson, a película vai na contramão dos principais filmes de terror lançados nos últimos anos. Ou seja, nada de sustos baratos ou excesso de efeitos especiais.
Tecnicamente, a produção remete às obras da década de 1970 – sobretudo A Profecia. A narrativa avança sem pressa, elevando a tensão e o horror aos poucos. As atuações são um mérito à parte. Focado em Margaret, coube à atriz Nell Tiger Free nos convencer de que ela está perdendo a fé – e sua sanidade – enquanto descobre os segredos no interior do templo. 

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No momento em que a noviça confessa a fragilidade da sua saúde mental, Arkasha nos faz suspeitar de tudo que a personagem – e, consequentemente, o espectador – escuta e vê. O terror psicológico também é evidenciado nos efeitos sonoros. De sussurros a cantigas profanas, há sempre um som permeando o ouvido do espectador, tornando a experiência ainda mais angustiante.

E, sob o olhar da diretora, a cidade de Roma e as paredes do antigo convento se transformam em personagens com horrores ocultos. Embora boa parte da história aconteça à noite ou em locais escuros, há uma sensação de incômodo nas cenas à luz do dia.

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O terror também é escancarado por meio da violência. Da mesma forma que o filme original, não faltam mortes provocadas por acidentes inusitados – gerando ainda mais suspense. E, pela primeira vez na história da franquia, que aborda justamente o medo dos pais em relação ao filho, a gestação e o corpo feminino são explorados na trama. Sem poupar na violência gráfica, poderia facilmente ser acusada de gratuita.  

Porém, a diretora defendeu o horror da situação para mostrar a desumanização da mulher. “É o corpo feminino sendo violado de dentro para fora. Se fôssemos falar sobre horror ao corpo feminino, iríamos falar sobre reprodução forçada, e teríamos que ser capazes de mostrar o corpo feminino sob uma luz não sexualizada”, justificou.

Mais do que um caça-níquel

Entretanto, não é só de elogios que vive A Primeira Profecia. Suas fraquezas se revelam principalmente no terceiro ato do filme, próximo do seu encerramento. Por passar boa parte da história instigando o medo por aquilo que não pode ser visto, fracassa no momento em que a diretora decide revelar os monstros escondidos na escuridão – com péssimos efeitos gerados por computador. Para piorar, o longa-metragem termina sem um desfecho, sob a justificativa de dar continuidade à franquia. 

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Apesar dos erros, A Primeira Profecia é uma boa experiência cinematográfica, não apenas para os fãs de terror. Embora seja o prelúdio de uma franquia com mais de 50 anos de história, a obra em cartaz não depende das conexões com o primeiro filme e tão pouco tenta copiá-lo.

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A repercussão gerada pela película se deu pelo fato de não se sujeitar à fórmula pouco criativa que permeia os filmes de terror em Hollywood. Por não tentar ser um mero produto caça-níquel, mas uma obra com um propósito e com uma mensagem a passar, fez com que ganhasse a atenção dos espectadores. Se vai ser o suficiente para que Damien possa voltar à telona, só o tempo dirá.

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No cinema

A Primeira Profecia segue em cartaz em Santa Cruz do Sul. O filme pode ser visto no Cine Santa Cruz – todos os dias às 14h15 – legendado, e no CineMax Brasil – todos os dias, às 21h15, dublado.

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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Julian Kober

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