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Em busca de um sonho: moradora de Santa Cruz conquista terceiro diploma aos 63 anos

Crédito: Arquivo pessoal/Thiago Simões Carpinter

O último sábado, 5, foi um momento especial para Simone Maria Simões. Aos 63 anos, ela subiu ao palco do Colégio Mauá, em Santa Cruz do Sul, para receber o terceiro diploma de Ensino Superior, dessa vez, pelo Centro Universitário Internacional (Uninter), da profissão que sempre sonhou: Educação Física. 

Por volta das 19h15, seu nome foi chamado ao som de “My Spaceship”, música que traz a superação como foco e é uma composição do próprio filho, Thiago Simões Carpinter, 24 anos. “Pura emoção, pessoas que eu amo e um sentimento de conquista, de orgulho de mim mesma por ter passado por tantos desafios, muita satisfação pessoal”, se emociona ao relembrar do momento.

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Na bagagem, as outras formações, em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), acompanharam a trajetória profissional de Simone. A relação dela com o Ensino Superior iniciou por volta dos anos 80, quando ingressou no primeiro curso, de Biblioteconomia, inspirada pela falecida tia-avó Adda de Freitas, uma das fundadoras da graduação em Porto Alegre. Depois, aos 19 anos, passou a atuar como servidora pública federal na biblioteca da Justiça do Trabalho. 

No espaço, percebeu que ingressar na área do Direito poderia ser uma forma de crescer na profissão. Depois vieram o marido, os filhos e a transferência para Santa Cruz do Sul. Na cidade do Vale do Rio Pardo, deu sequência ao vínculo com o esporte, vindo a se tornar uma das mulheres que mais participou da Rústica Estadual de Santa Cruz, promovida pela Gazeta Grupo de Comunicações

Simone começou a correr em Porto Alegre há cerca de 33 anos. Crédito: Divulgação/Portal Gaz

Aposentada, conseguiu inserir seu maior prazer na carreira profissional. “Foram dois cursos que eu precisava, para evoluir, melhorar e, agora, ir atrás do sonho, que era me formar naquela que sempre amei e fiz com toda minha vontade”, reflete. Por coincidência, esta é a primeira vez que Simone realizou uma cerimônia solene de formatura, impossibilitada por adversidades das outras vezes.

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Agora, a expectativa é seguir atuando na área através de projetos sociais e voluntários. “Meu foco é em mulheres da terceira idade, em busca de oferecer saúde mental e física. Elas precisam ser acolhidas, também passo pelo que estas mulheres passam”, explica.

A realização profissional está em alta

Simone é um exemplo de uma tendência nacional: o aumento de pessoas com mais de 60 anos no Ensino Superior. Segundo o Censo da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), em 2022 eram 51,3 mil idosos matriculados em instituições do Brasil. Comparado a 2012, o número representa um aumento de 56%.

“Muitas pessoas têm sonhos e não conseguem realizar em fases anteriores, não tiveram oportunidade de fazer um curso de graduação. Ainda, outras que escolheram cedo uma profissão, não se realizaram nela e resolvem trocar de área”, explica a psicóloga Silvia Virginia Coutinho Areosa, líder do grupo de estudos e pesquisas em Envelhecimento e Cidadania da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

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Isso é resultado da mudança da relação humana com o trabalho. Cada vez mais o debate de saúde mental cresce e o espaço do ofício vira também uma oportunidade para crescimento na área em que se tem prazer em exercer. “Cada vez mais as pessoas buscam por felicidade, qualidade de vida e realização pessoal. O trabalho é uma parte muito importante disso, pois trabalhamos, em média, por 30 anos”, ressalta Silvia. 

Ocupar os espaços das universidades

Para muitas pessoas mais velhas, o ingresso na graduação parece distante. Isso porque, além das realizações, também há diversos impasses, como o investimento de tempo e, às vezes, dinheiro. Da mesma forma, o medo da não adaptação ao ambiente universitário, ocupado em maioria por jovens entre 19 e 23 anos, ou o julgamento por outras pessoas. 

Simone conta que, ao longo dos anos desta última graduação, ouviu diversas críticas vindas, principalmente, de outros alunos com idade próxima a dela. “As pessoas diziam que eu não precisava disso, já era aposentada, queriam se acomodar”, relembra. No entanto, a vontade de aprender fez com que não desse ouvidos. “Eu não quero parar, quanto mais se faz, mais se consegue. É sobre não se estagnar na vida, ter objetivo, uma bagagem”, complementa. 

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No mesmo sentido, a psicóloga Silvia Virginia Coutinho Areosa salienta a importância desses espaços para todas as idades. “Proporciona muitas experiências e aprendizagens diferentes e enriquecedoras. As pessoas fazem novas amizades, fortalecem vínculos com filhos e netos, pois conseguem se atualizar. É importante envelhecer com projetos de vida e seguir buscando seu sonho e realização”, pontua.

“A melhor herança que tu deixa para os filhos é o estudo e o esporte”

Se hoje Simone possui três diplomas aos 63 anos, é graças à sua família. Ao iniciar pela inspiração, o pai Adalardo de Freitas. Formado em Administração, ele cursava graduação em Direito quando faleceu, aos 38 anos. “Lembro do meu pai estudando, isso ficou na minha cabeça. E minha mãe, Iolanda, uma fortaleza, orientou cinco filhos a seguir os passos do pai”, destaca Simone.

Legado de inspiração que já é repassado aos filhos, Thiago e Ana Luisa Simões Carpinter, ambos estudantes, e principais incentivadores da conquista, junto com o marido Handrey Carpinter. “Foi a partir de conversas da família que minha mãe começou a ser sensibilizada [a ingressar no curso]. A gente viu que seria algo muito bom para ela. Se a mãe do lar está bem, todos estamos. Todo mundo ficou feliz e, acima de tudo, orgulhoso”, comemora Thiago Simões Carpinter, filho de Simone.

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Crédito: Arquivo pessoal/Thiago Simões Carpinter

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