Jasper

Em busca de amigos

Há tempos cultivo o hábito de reencontrar velhos amigos, ex-colegas de aula e parentes desconectados ao longo do tempo. Para isso, entre outras alternativas, procuro participar de encontros que reúnam diletos parceiros da época dos bancos escolares, do futebol da várzea e de salão, daquele coral do colégio ou a turma adolescente das reuniões dançantes. 

Recentemente, em um churrasco bastante frequentado, encontrei amigos que há 40 anos ou mais não via. Como sempre acontece nessas ocasiões, não reconheci alguns dos velhos parceiros. Isso me deixou um tanto embaraçado, por isso, tentei disfarçar.

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Logo em seguida, relaxei. Para quebrar o gelo, confessei minhas dúvidas do “reconhecimento facial”, atitude recebida com sonoras gargalhadas e gritos de “velho gagá”. Sugeri que usássemos crachás de identificação com foto “dos velhos tempos”, além, é claro, do nome e da idade. 

Saudosista assumido, considero inevitável traçar comparativos. Nessas ocasiões, tento lembrar das transformações ocorridas em costumes, hábitos, modas e outros temas, até chegarmos aos dias de hoje. Analisando sem paixões, é possível constatar que há, sempre, uma evolução. Mas para vislumbrar essas melhorias é preciso espantar aquela tendência de demonizar a modernidade.

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É saudável traçar análises sempre evitando simplificações do tipo “no meu tempo tudo era muito melhor”. Até concordo em parte. Como, por exemplo, nas relações pessoais, antigamente feitas com olho no olho, papo reto como diz a gurizada, sem fugas. Infelizmente hoje notamos que esse hábito foi substituído pelo uso massivo de mensagens de texto e outras ferramentas. Além de frios e sem humanismo, muitas vezes geram mal- entendidos, além de toneladas de ódio e baixarias nas redes sociais.

Muita gente curte a velhice, consegue conviver com realismo, mas pessimistas sempre existirão. A existência deles considero positiva. Eles servem para mostrar que é preciso ser tolerante e lembrar que muitos contemporâneos passam os últimos anos de suas vidas enfrentando sérias dificuldades de várias naturezas.

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É duro sofrer restrições com locomoção, sem falar das dificuldades financeiras, fato bastante corriqueiro. Tento  reencontrar velhos amigos para compartilhar reminiscências. Muitos, fragilizados, sucumbem à melancolia. Muitas vezes um bate-papo, um churras com cerveja gelada são alternativas eficazes para melhorar o astral.

Envelhecer é um desafio. Importa – e muito! – buscar o compartilhamento de recordações e promover novas experiências. Por mais difícil que seja a situação, amigos constituem bálsamo infalível que, vez por outra, pode salvar vidas.

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