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Em Boa Vista, saúde na feira orgânica

Todo sábado de manhã é assim. Às 7 horas eles levantam, tomam um café reforçado e organizam cerca de 40 produtos fresquinhos para levar a uma casa comercial no centrinho de Boa Vista, interior de Santa Cruz do Sul. A postos já a partir das 9 horas, Douglas Etges, 17, Maurício Dorfey, 19,  Matheus Staub, 17, Luis Hauth, 17, e Juliano Lawisch, 18, dão início às vendas de rúcula, cenoura, cuca, nata, puxa-puxa, entre outros produtos que formam a mais nova Feirinha Jovem de Boa Vista. Naquele espaço, os alunos da Escola Família Agrícola (Efasc) partilham não só os conhecimentos adquiridos pela instituição ao longo dos últimos três anos. Eles defendem a produção de alimentos orgânicos, um método, ou melhor, uma filosofia de vida que os tem aproximado cada vez mais do campo. “Antes eu tinha ideia de me formar e morar na cidade. Agora é  na agricultura que eu quero ficar”, diz um dos criadores da feira, Douglas Etges. 

A criação da feirinha teve início ainda em fevereiro deste ano. Após realizar uma pesquisa junto a 15 famílias da localidade, o grupo constatou que, apesar de a região reunir muitos agricultores, ainda havia demanda de hortifrutigranjeiros. Isso acontece porque boa parte dos produtores locais são fumicultores e não produzem alimentos para subsistência. “A partir deste estudo, fomos conversando com monitores da escola e com os nossos pais e investimos nessa ideia”, explica Etges.  Com a experiência de trabalhar na feira pedagógica da Efasc, não tardou para que o grupo colocasse o projeto em prática. 

E os clientes, é claro, ficaram mais do que satisfeitos. Também pudera. Os guris não só estabelecem contato assíduo com os fregueses, como fazem questão de ajudá-los a carregar as compras. “Fazemos tudo isso com muito gosto. É gratificante saber que eles vêm aqui porque vão encontrar alimentos frescos”, comenta Maurício Dorfey. A divulgação, aliás, também é feita por eles. “Os  clientes nos ajudam com o conhecido boca a boca. Quando percebemos, quase toda a comunidade já estava sabendo da feirinha”, complementa Etges. 

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Para a professora Rosane Martinez, de 49 anos, a feirinha trouxe praticidade à rotina, visto que antes precisava se deslocar ao Centro da cidade, no espaço localizado na lateral do Parque da Oktoberfest, para comprar hortaliças e frutas.  “Agora tenho esses produtos saudáveis e orgânicos do lado de casa. Foi uma grata surpresa”.  Para Rosane, que é uma das 15 clientes do espaço, outro ponto positivo da iniciativa é o atendimento personalizado, já que tem a liberdade de encomendar produtos e ainda engatar um papo com os guris depois das compras. “Hoje se fala tanto em êxodo rural. É preciso valorizar essa atividade para incentivar que esses jovens permaneçam por aqui”. Cliente fixa, a moradora de Boa Vista já tem até a encomenda preferida. “Ela gosta é do puxa-puxa”, disse Matheus Staub. 

É nesse clima de vizinhança que a Feirinha Jovem de Boa Vista dá os seus primeiros passos e já se consolida como um espaço que atenta para a relevância do jovem no campo e, de quebra, promove saúde. Depois do meio-dia, hora de fechar as contas, preparar o fogo para o churrasco e, depois de algumas horas, ainda dar início ao tradicional futebol com a comunidade. “O nosso sábado é assim: feira, churrasco e futebol”, finaliza Etges.

Organização é fundamental

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Todos os alimentos comercializados na feira são produções próprias do grupo de jovens. Para organizar as vendas, eles montam uma planilha no programa Excel e, por ali, controlam as saídas dos produtos. O esquema é feito para que tudo aconteça sem que nenhum integrante saia prejudicado. “Quando chegamos aqui, já anotamos quantos molhos de cenoura, por exemplo, o Matheus trouxe e, ao final, quantos ele vendeu”, explica Etges. A intenção, agora, é expandir os trabalhos da feira e começar a expor nas festas que acontecem pelo interior. Nesse último sábado, aliás, Luis Hauth e Juliano Lawisch não puderam atender em Boa Vista, pois levaram parte dos alimentos à Koloniefest, em Monte Alverne. “O nosso futuro ainda é incerto, mas temos a certeza de que queremos ser agricultores”, finalizou Etges.

QUE TAL CONHECER?

O quê? Feirinha Jovem de Boa Vista

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Onde? Centrinho de Boa Vista, junto à casa comercial de Elio e Ana Staub

Quando? Todos os sábados, das 9 às 12 horas

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