Neste ano, o Carnaval acontece a partir do último dia (28) de fevereiro, invadindo o primeiro final de semana de março. Isso significa que até lá pouco ou nada acontecerá de importante no país mundialmente conhecido pelo gosto por festejos, de preferência que se estendem por vários dias.
Aqui no Rio Grande do Sul, porém, seja qual for o motivo, buscar diversão, tirar férias ou apenas folgar equivale a cometer um crime hediondo. Parece que é preciso trabalhar sem descanso. Até a parada para Natal e Ano Novo precisam ser feitas com parcimônia para retornar no dia seguinte. Sem falta, para retomar a rotina de labuta.
Alguns creditam esse comportamento gaudério à colonização do Rio Grande do Sul. Mas cá entre nós: já são 200 anos da chegada dos pioneira alemães e 150 anos dos primeiros italianos, as duas principais nacionalidades que aportaram por estas bandas. Tivemos tempo suficiente para sermos mais preocupados com o bem-estar físico e mental.
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O ócio é um hábito que deveria ser ensinado nas escolas. Desacelerar, descansar, jogar conversa fora, aproveitar o tempo com amigos e familiares num lazer descompromissado é salutar. Cabeça e corpo são levados ao limite 24h por dia.
Nós, gaúchos, tivemos um 2024 inédito, ao menos para a nossa geração. Sofremos uma estiagem severa no início do ano, seguida de sucessivas três enchentes em sete meses, como no Vale do Taquari, que superaram a épica enchente de 1941, tema de tantas histórias relatadas por nossos ancestrais.
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A respeito do descaso com lazer, ócio e outros quetais, aqui fala alguém que não aprendeu a praticar o que sugere nesta crônica. Tenho feito um grande esforço para relaxar, deixar o celular de lado, mas a vida de jornalista – no meu caso, assessor de imprensa – impõe adaptação a horários e rotina dos veículos de comunicação – rádio, jornal, blogs e sites. E como reza a velha máxima entre os jornalistas… “a notícia não tem feriado”.
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Prova disto é que no dia 31 de dezembro, às 18 horas, recebi a ligação do colega de um jornal diário de Porto Alegre em busca de informações. Confesso que fico envaidecido de ser procurado e de raramente não atender imediatamente ao telefone. Prezo demais a eficiência, o compromisso, o apreço ao cotidiano de jornalista. Flagrante! O trecho acima é uma confissão de que a paixão pelo meu trabalho dificulta “momentos de relax”.
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Bueno, nesta primeira crônica de 2025, onde lamento o hábito de considerar o descanso um pecado, espero que os leitores consigam – de verdade! – curtir a vida, aproveitar os momentos com familiares e amigos, relaxar de vez em quando, achar atalhos para aliviar o sufoco do dia a dia. E façamos isso não apenas nas férias ou no feriadão de Carnaval.
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