Há alguns anos, começaram os preparativos para uma grande comemoração alusiva aos 200 anos da imigração alemã a serem comemorados em 2024, portanto, daqui a dois anos. Além da produção cultural e da organização de festejos, não se pode esquecer dos motivos e da importância do que aconteceu.
E tudo começa a partir do conhecimento acerca dos conceitos envolvidos. “A compreensão do conceito de migrações – emigração, imigração, colonização – alemãs neste contexto em que se aproximam os 200 anos da imigração no Brasil independente perpassa o entendimento de que a etnicidade associada aos movimentos humanos de diversas culturas contribui para a elaboração de categorias, conceitos, narrativas, expressões materiais e imateriais, que emergem de um contexto sócio-histórico-geográfico-cultural, extrapolando a concepção de ‘imigração e colonização alemã’ tradicionalmente associada como espaço sociocultural de identidade, que não raro particulariza e discrimina outras referências memoriais, históricas, sociais e culturais relacionadas a migrações, diásporas e deslocamentos que caracterizam a própria condição humana, quando entendida em sua complexidade”, sublinha Jorge Cunha.
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Essa compreensão de migrações, segundo ele, a partir da especificidade dos “200 anos das migrações alemãs para o Brasil”, apenas parcial e limitadamente presente na produção de pesquisa no campo das ciências sociais e humanas, de modo especial na historiografia, necessita ser ampliada para um campo de possibilidades que dinamizem a ligação dos seres humanos com a própria criação e produção de sua cultura – condições de sua existência social e realizações coletivas diferenciadas e abertas para a diversidade, superando dicotomias.
Entre 1822 e o início da década de 1950, segundo as estatísticas brasileiras, cerca de 5 milhões de estrangeiros entraram como imigrantes no Brasil. O número de imigrantes alemães que se dirigiram naquele período para o Brasil é aparentemente pequeno – cerca de 255 mil, 5% do total. Contudo, a importância de sua participação na formação e no desenvolvimento, especialmente do sul do país, não pode ser ignorada. Os dados do censo brasileiro de 1940 fornecem uma indicação da expressividade de sua participação e de seus descendentes na sociedade brasileira: cerca de 650 mil brasileiros natos falavam habitualmente o alemão e cerca de 460 mil empregavam o italiano como principal língua de comunicação.
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A maior concentração desse contingente populacional encontrava-se, segundo o mesmo censo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, onde, respectivamente, 400 mil e 180 mil brasileiros falavam alemão. Os números referentes aos de língua italiana também são importantes na comparação: 300 mil no Rio Grande do Sul e 96 mil em Santa Catarina.
A primeira fase da colonização com imigrantes não portugueses foi pautada pela expectativa da supressão do tráfico. Os grandes fazendeiros, mais capitalizados, compravam todos os escravizados que podiam, exatamente dos pequenos proprietários produtores de alimentos. O objetivo era manter a mão de obra disponível em suas propriedades. No Estado, ainda há marcas deste tempo em fazendas, como uma localizada na região da Porteira Sete, em Cachoeira do Sul.
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Expediente
Edição: Dejair Machado (dejair@gazetadosul.com.br)
Textos: Dejair Machado, Marcio Souza, Marisa Lorenzoni e Romar Beling
Diagramação: Rodrigo Sperb
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