A população do Vale do Rio Pardo, e de resto todo o Rio Grande do Sul, vivencia nesta quinta-feira, 19, temperatura digna de alto verão, com previsão de que o tempo siga quente também nesta sexta-feira, 20. Bem diferente (aliás, o extremo oposto) do que a região testemunhou há 56 anos, em 1965, quando, nessa mesma data, se verificou uma das maiores ondas de frio já registradas, digna de motivar manchete garrafal na edição da Gazeta do Sul do dia 21 de agosto daquele ano, um sábado: “Dramática a situação em todo Estado”, estampou a Gazeta.
Aquela onda de frio intenso inclusive mereceu a atenção do jornalista José Augusto Borowski em recente coluna “Memória”, que assina na página 3 das edições de segunda-feira da Gazeta do Sul. Sob o título “Neve, prejuízos e mortes”, a seção publicada na Gazeta do Sul do último dia 2 de agosto, igualmente reproduzida na coluna no Portal Gaz, Borowski lembrou de nevascas históricas que atingiram a região em diferentes épocas. Tomava por base, na ocasião, a forte onda de frio, com geadas, temperaturas baixas e até chuva congelada, que se registrara no Estado na última semana de julho de 2021.
Duas semanas depois, o frio intenso deu lugar ao calor de mais de 36 graus em toda a região nesta quinta-feira, exatamente no mesmo dia em que 1965 a neve e as chuvas deixaram o Estado em alerta máximo. A nevasca entre os dias 18 e 19 de agosto de 1965, lembra Borowski, “causou pânico e prejuízos especialmente na região serrana”, em localidades como Sinimbu, Herveiras, Gramado Xavier e Paredão. Máquinas fotográficas ainda eram raras nas famílias, mas as que haviam entraram em ação para inúmeros registros, alguns dos quais Borowski reproduziu na coluna na Gazeta do Sul.
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Ele refere que nas linhas Serafim Schmidt e Almeida a neve acumulada chegou a 30 centímetros, quebrando galhos de árvores e arrebentando fios de luz e de telefone. As estradas foram interrompidas e os ônibus não puderam circular, e os vizinhos tiveram de se mobilizar para retirar o gelo dos telhados das casas e dos galpões, para que não ruíssem. Além da inquietação em si e do frio intenso que afetava a saúde das pessoas, os prejuízos financeiros foram significativos, com a morte de animais de criação, como gado de corte, burros, um touro, novilhas, porcos. “Aves e animais domésticos morreram por hipotermia e por afogamento, já que a chuva foi intensa após a nevasca”, escreveu Borowski. E muitas mudas de fumo igualmente foram destruídas.
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A Gazeta do Sul do dia 21 de agosto de 1965 dava o tom histórico dos problemas: “Uma semana inteira chovendo sem parar: rios transbordam”, informou; “Santa Cruz do Sul, contudo, não chegou a ficar isolada do resto do Estado”, assinalou. Ao contrário do Rio Grande do Sul, que, como frisava uma matéria de apoio, estava isolado do resto do País, e com a economia gaúcha muito abalada.
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Eis o drama dos extremos do clima verificados em uma mesma data do mês de agosto, entre 1965 e 2021.
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