Christkindfest, tradicional evento natalino que acontece há pelo menos duas décadas em Santa Cruz do Sul, voltou a ser a grande atração de Natal. Com as atividades suspensas em 2020 por causa da pandemia, a programação chegou com força total e trouxe a temática Um Natal para Todos. O evento começou em 26 de novembro e segue até este domingo. Além dos desfiles realizados na Marechal Floriano, a programação traz apresentações artísticas, culturais e religiosas na Praça Getúlio Vargas. Outros atrativos foram a Casa e a Vila do Papai Noel no Parque da Oktoberfest. A união da Assemp, Prefeitura, Sindilojas, CDL e ACI, em torno de toda a organização, contribuiu para a volta da Christkindfest.
Victor Kaminski, coordenador da festa desde 2013, conta que, após o período em que as pessoas ficaram mais reclusas, a expectativa em relação aos eventos tornou-se grande. Segundo ele, a missão de todos era proporcionar um novo momento, de reencontrar a normalidade e reacender a esperança na vida de todas as pessoas. “Nós estávamos muito otimistas e felizes com a possibilidade de proporcionar lindos espetáculos, uma ornamentação nova, atendendo diversas comunidades da cidade, mas também com muita responsabilidade em relação às normas restritivas da pandemia. Inclusive, para os desfiles, solicitamos por meio da imprensa o distanciamento das pessoas. Quando eles aconteceram, distribuímos máscaras e álcool gel”, ressalta.
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Em 2015, a Christkindfest ganhou um importante reforço. A convite do então presidente da Assemp, Flávio Bender, o produtor de eventos Sérgio Ávila criou novos carros alegóricos para os desfiles e elaborou grande parte da decoração do Centro e das praças santa-cruzenses.
Sérgio, que é formado em Relações Públicas e hoje é um especialista na produção de desfiles, chegou a Santa Cruz para ser o carnavalesco de uma escola de samba local, que, na ocasião, homenageou o Maestro Bendinha, pai do Flávio. A experiência foi tão positiva que ele logo foi convidado para fazer a Oktoberfest. “Nunca tinha me imaginado fazendo uma decoração de festa germânica, pois era muito diferente de tudo aquilo com o que já havia trabalhado. Mas aceitei o desafio e meu trabalho foi bem reconhecido. E eu, que no início estava apreensivo, fiquei com a sensação de dever cumprido”, relembra.
Ele conta que esse momento foi um divisor de águas na sua vida. “Eu já estava querendo deixar de trabalhar com Carnaval e a Oktoberfest me possibilitou dar essa guinada”, salienta. Foi quando o produtor passou a morar em Santa Cruz do Sul, definitivamente.
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O primeiro convite para atuar na Christkindfest deixou Sérgio Ávila empolgado. Mas, segundo conta, não havia um grande acervo de material para dar forma às suas ideias. Foi preciso buscar muita coisa de Porto Alegre. “Eu tinha muitos conhecidos que trabalham nessa área e por isso consegui intermediar a compra de diversas peças, que em outros anos foram usadas por lá, para reaproveitar aqui.” E muitos desses artigos são usados até hoje por ele, que, desde então, continua fazendo os Natais da cidade.
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Em outra oportunidade, a organização do evento natalino trouxe para Santa Cruz artistas de Parintins, município do Amazonas, famoso pelo seu Festival Folclórico, para que eles confeccionassem algumas esculturas.
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Já neste ano, ainda em função da pandemia, os desfiles e decorações, tanto do Natal como da Oktoberfest, foram idealizados com bem menos pessoas envolvidas. Além disso, no caso da Christkindfest, os desfiles, desde a comissão de frente até o último personagem, contaram com a participação de praticamente 100% de voluntários. Raros foram os casos que precisaram de remuneração. Em meio aos voluntários, havia um casal com um filho bebê, representando José, Maria e o Menino Jesus. Uma outra família, já há muitas edições, representa os reis magos. A menina Kiki foi de anjo e o garoto João Vitor de Papai Noel. Além deles, há a presença de equipe de danças do Jef’s Studio, com sua linda coreografia, e muitos outros.
Para Sérgio, os Natais sempre significaram o fechamento do seu ano. Mas ele conta que 2020 foi desafiador. “Passar um ano sem Natal me deixou muito triste. Além disso, minha área de trabalho foi muito afetada e eu não sei ficar parado. Essa parada forçada mexeu muito comigo.” Por outro lado, durante esse período ele voltou à cidade natal, Gravataí, depois de três décadas fora. Ficou ao lado da mãe de 90 anos, sendo seu alicerce e recebendo dela o mesmo apoio e carinho. Também aproveitou para colocar em prática suas habilidades em jardinagem e paisagismo, superando o difícil momento.
Mas neste ano, com a volta das festividades, ele retornou com muita força e disposição para trabalhar e dar vazão à sua criatividade. “Este momento foi mais que especial pra mim. A comunidade toda estava ansiosa por isso, e saber que a gente pode contribuir com trabalho e a nossa arte para levar essa alegria às pessoas é gratificante”, enaltece.
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O clima envolvente do Natal encanta adultos e crianças e é capaz de despertar variados sentimentos. Quem já percebeu isso é o santa-cruzense João Vitor Gomes Sehn. Aos 10 anos, ele sabe que a data é especial.
Desde pequeno, ele vivenciou em casa esse sentimento. “Minha mãe adora o Natal, e desde pequeno me veste de Noel para entregar balas para as crianças. Todos os anos vou trocando minha roupa porque deixa de servir. Adoro ver o sorriso e a emoção das pessoas querendo tirar foto e me abraçar. Quando dizem que eu sou o filho do Noel, fico muito emocionado. Isso é gratificante”, conta o filho de Albaneza Gomes e Mauro Sehn.
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Na lista de feitos natalinos de João Vitor, está a entrega de presentes com a equipe do Samu de Rio Pardo. Quando é convidado, veste sua roupa vermelha para entregar balas para a família. Mas um dos maiores motivos de orgulho do estudante é participar do desfile da Christkindfest e ver o brilho no olho e o sorriso das pessoas.
Desde os 3 anos, ele é presença confirmada e está mais experiente a cada edição. “Acho muito legal e emocionante. Estou crescendo e aprendendo que o amor ao próximo é tudo. Que a magia do Natal existe e devemos amar e respeitar todos sem diferenças”, ensina João, que deixou uma carta com alguns pedidos junto à arvore de sua residência. Quem sabe o Papai Noel traz o skate, caixa de som ou patins elétrico?
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Além das cores e brilho que encantam o público, o desfile de Natal tem nas pessoas a sua essência. São anônimos que incorporam personagens como elfos, duendes, anjos e outras tantas figuras.
E foi diante do encanto que esse momento proporciona que Kimberlin Fernandes Corrêa, a Kiki, fez um pedido. “Eu tinha 6 anos e minha mãe perguntou qual era o meu sonho. Respondi na hora que queria desfilar na Oktoberfest em um daqueles carros.” Para atender a menina, a mãe, Aline, buscou por meio das redes sociais o contato de Sérgio Ávila, o responsável pela organização dos desfiles. Prontamente, ele disse que Kiki poderia participar das apresentações. “Fiquei tão feliz. Foi tão lindo. As pessoas acenando e sorrindo para mim, todos muito alegres com uma energia muito boa”, ressalta. Aos 13 anos, a estudante faz planos de continuar participando nas próximas edições. “O Natal é mais que uma comemoração, é uma nova chance que temos a cada ano de nos reinventarmos e sermos pessoas melhores. Devemos ajudar sempre o próximo e ter empatia uns com os outros”, define.
Quem acompanhou algum dos desfiles da Christkindfest foi brindado com um espetáculo de luz, cores e sons. Mas além dos carros alegóricos, a participação de jovens talentos conferiu um toque artístico ao espetáculo.
Há quatro edições, quem ajuda a dar forma à apresentação é a equipe do Jef’s Studio de Dança. E para que tudo dê certo, o planejamento é fundamental. Depois de receber as orientações do coordenador, tem início a preparação técnica, com definição do número de bailarinos e figurinos, alegorias, coreografia e ensaios. A coreografia é assinada por Francelle Costa, diretora e coreógrafa da escola. “Minha equipe contribui muito e sempre realizamos esses trabalhos com muita troca, afinal, eles já atuam há muito tempo e tem ideias que ajudam muito no desenvolvimento”, ressalta. Nos desfiles deste ano, os bailarinos foram: Fabrício Schaeffer, Juan Sagastume, Manuela Battisti, Marina Vieira, Maria Eduarda Souza e Manuela Ramos. “Cada ano é uma nova experiência, cheia de desafios e alegria, que contribui muito para nossa evolução enquanto pessoas e artistas. Nos sentimos gratos por poder levar nosso trabalho para eventos grandes da cidade, como este”, diz. Para ela, é uma forma de incentivar, valorizar e fomentar a arte e cultura entre os santa-cruzenses.
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