O mundo dá demonstração do aumento da preocupação com as questões ambientais. A gestão das empresas, em praticamente todos os setores, tem focado ações voltadas às estratégias ESG, que atuam com práticas ligadas à sustentabilidade, ao social e à governança. No setor primário, essa mudança também é percebida. Um dos exemplos é o aumento das pesquisas e do uso de produtos biológicos como insumo para a produção e o solo.
De uma forma geral, o consumo ainda é pouco representativo, se comparado com os tradicionais defensivos agrícolas químicos. O engenheiro agrônomo e líder regional de vendas em proteção de cultivos e sementes na Corteva Agriscience, Delson Horn, aponta, no entanto, uma tendência forte de crescimento do uso, com ampliação dos atuais 5% para 20% do consumo global de defensivos agrícolas em poucos anos. Economicamente, representará um grande salto para o setor, já que o mercado atual movimenta cerca de US$ 100 bilhões.
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O Brasil tem evoluído muito em pesquisas, acrescenta, tanto no setor privado quanto no público, com o suporte de instituições federais como a Embrapa. “Tem havido migração grande e interesse das indústrias de insumos agrícolas, aportando boa parte do seu investimento em pesquisa nos produtos biológicos, ampliando o lançamento de produtos no mercado com excelente eficiência”, afirma.
Um dos exemplos da evolução desse tipo de defensivo é o maior tempo de vida. As inovações apresentadas fizeram com que o agricultor possa adquirir e fazer a aplicação conforme a necessidade, sem pressa. O emprego, no entanto, ainda precisa ser associado aos químicos tradicionais. “Somente o biológico é muito difícil para a sobrevivência do agronegócio, atualmente”, reforça Horn.
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A evolução no desenvolvimento de produtos biológicos tem estimulado a aplicação com maior variação. Há utilização com busca na maior eficiência no uso de nutrientes, outros modelos focam o controle de pragas e doenças. “Até pouco tempo, o foco maior era em doenças; hoje, em pragas e maior eficiência de uso dos nutrientes”, destaca Horn.
A Embrapa, por exemplo, já desenvolveu quatro inseticidas biológicos direcionados ao ataque de pragas. São produtos que atuam no controle de mosquitos, como os transmissores da malária e dengue, além do borrachudo. Também tem um indicado para controlar as lagartas que prejudicam as culturas de milho e hortaliças.
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O desenvolvimento foi feito por meio de duas bactérias chamadas de entomopatogênicas: Bacillus thuringiensis e Bacillus sphaericus. Dessa forma, são capazes de causar mal aos insetos, sendo inofensivos aos outros organismos vivos e ao meio ambiente.
A Embrapa, na prática do plano diretor 2020/2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – apresentados pela Organização das Nações Unidas –, tem estratégia de organização de projetos com foco nos bioinsumos. A intenção é ampliar a participação desse tipo de produto no controle de pragas, promoção do crescimento, suprimento de nutrientes, substituição de antibióticos e aplicação agroindustrial.
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A associação aos químicos ou a substituição pelos ativos biológicos tem sido encaminhada nas principais commodities agropecuárias, nas quais o Brasil tem expertise. É o caso da soja, milho, trigo, algodão, citros, café, celulose e carnes suína, bovina e de frango. Há projeção, também, para aplicação nas culturas de feijão, feijão-caupi, pastagens e cana-de-açúcar.
Além da questão ambiental, esse tipo de insumo, cita o agrônomo Delson Horn, tem representado bom custo-benefício pois permite a antecipação da aplicação, sendo utilizado previamente ao cultivo, o que já garante o efeito. “Com isso, reduz o uso de químicos, tendo controle mais eficiente na combinação dos químicos com os biológicos.”
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Apesar da evolução das pesquisas e da ampliação do consumo, Horn entende ser pouco provável a substituição completa, devido à quantidade de pragas, o que sugere a associação aos defensivos tradicionais, mas com redução. As empresas que trabalham com os produtos naturais, como forma de incentivo, têm dado suporte técnico aos agricultores. “As maiores estão se equipando com um time de agronomia, com o suporte, especialmente, pela compreensão que temos sobre a técnica de aplicação mais complexa, exigida pelos produtos biológicos”, conta.
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