Eleno Hausmann, professor do Colégio Mauá e apresentador do programa Grande Resenha, na Rádio Gazeta FM 107,9, está de malas prontas para estar nos Jogos Olímpicos de Paris entre 26 de julho a 11 de agosto. Na volta, assim como foi em Sydney 2000, Atenas 2004, Beijing 2008, Londres 2012 e Rio 2016, o professor quer retribuir com os ensinamentos diários aos alunos para proporcionar a formação de cidadãos, acima de tudo. Fora isso, Eleno conta com o privilégio de acompanhar os principais atletas do esporte mundial com certa proximidade.
Em Paris, Eleno conta somente com três diárias em hotel. Depois disso, vai fazer contatos e buscar outros lugares para ficar. A cada edição, o Professor Olímpico convive com determinados desafios. “A Olimpíada proporciona ensinamentos. Temos diversas modalidades esportivas e nos deparamos com as mais variadas situações. Estar em um evento como esse nos proporciona evolução por conta das vivências. São culturas que se encontram. Vemos uma solidariedade entre as pessoas. É prazeroso estar lá e poder contar o que vejo por meio da Gazeta Grupo de Comunicações. Quero estimular esse sonho em outras pessoas. Fico muito feliz por ter essa oportunidade novamente”, reflete.
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Primeiras experiências
A trajetória de 42 anos de Eleno Hausmann em Santa Cruz do Sul iniciou por meio do esporte. Uma prima cursava Educação Física na antiga Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul (Fisc). Em Estrela, o garoto que gostava muito de futebol passou a se interessar por basquete por meio de um convite do professor da escola para que ele participasse de um torneio.
Depois da formatura, Eleno veio para Santa Cruz do Sul com o objetivo de ir para a faculdade de Educação Física. Ele sabia que seria difícil atuar como jogador de basquete porque não reunia condições técnicas. “Eu não sabia nada de basquete. Só tinha o gosto pelo esporte”, relata. A mãe Alzi Maria pagou a primeira mensalidade da faculdade de forma parcelada. Eleno procurou o Corinthians e a Sociedade Ginástica para tentar ser alocado em alguma função que pudesse assegurar os estudos.
O pedido foi atendido. O professor Gilmar Weiss deu oportunidade para que Eleno pudesse treinar no Corinthians, juntamente com os atletas da base. Em pouco tempo, tornou-se auxiliar de Weiss e atingiu o objetivo de ter a bolsa de estudos. Neste período, contou com um auxílio importante de Luiz Carlos Marques, o Palito, que cedeu hospedagem por três meses sem custo algum. “Eu não tinha onde ficar. Ele conhecia minha mãe por ter jogado em Estrela. Eu era gandula nos jogos do time”, relembra.
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Ao apitar jogos de basquete, Eleno conheceu a mulher que viria a ser sua esposa. Karla Beurmann estava trabalhando na mesa de controle e falou sobre a irmã que chamava-se Helena. Ele ficou incrédulo e ambos se conheceram, mantiveram conversas e começaram a namorar. “O basquete me deu um norte na vida. Além da profissão, guiou a minha vida pessoal também”, observa.
Após estar formado, Eleno passou a dar aulas no antigo Colégio Sagrado Coração de Jesus, mantido por irmãs franciscanas. Foi professor de futuras personalidades como Athos Calderaro, Lairton Falcão dos Reis e Orlando Campos. Eleno foi para São Paulo e jogou basquete durante dois anos, entre Cerquilho e Matão. Em 1990, quando o União Corinthians passou a ter equipe profissional de alto rendimento, Eleno contou com o apoio de diretores como Romário Roque Haas e Hiram Almeida. Ele foi o pioneiro da Casa do Atleta, que criou laços para apoiar jogadores que vinham para Santa Cruz do Sul.
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Consolidação como professor
Com a chegada de Ary Vidal, Eleno não permaneceu no União Corinthians. Voltou ao corpo docente do Colégio Sagrado Coração de Jesus e passou a inovar, com a presença da banda na rua e corridas até a Gruta dos Índios com os alunos para driblar a falta de espaço para a prática esportiva. O método diferenciado chamou a atenção de Hildo Ney Caspary, que o indicou para o professor Dirceu Dahmer. Em 1991, foi contratado pelo Colégio Mauá.
Eleno não chegou para ser treinador de basquete, que era responsabilidade do professor Reginaldo Soares, mas teve o primeiro envolvimento com o vôlei. “Eu não sabia nada de vôlei, mas fui estudar”, aponta. Na época, teve a oportunidade de acompanhar a equipe Frangosul/Ginástica, de Novo Hamburgo, campeã da Superliga masculina em 1994/1995, comandada por Jorginho Schmidt. Ficou uma semana acompanhando o time para absorver o máximo possível dos conceitos.
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Mais tarde, quando surgiu a oportunidade, Eleno assumiu os treinos de basquete no Colégio Mauá. Era a realização de um sonho. “Estou até hoje na instituição porque realizei um sonho. Eu queria ser professor no Mauá. Foi lá que criei amizades, relacionamentos e lembranças”, enfatiza. Outros profissionais que atuaram com Eleno nesta fase foram o falecido Juarez Franco (Bola) e Rudimar Luiz Gerhardt (Piru).
Eleno se emociona por ter recebido o título de Cidadão Santa-Cruzense em abril de 2023. Ele gostaria de ter sido homenageado quando a mãe ainda estava viva. Ela faleceu em 2020 em consequência de problemas com a Covid-19. “Minha mãe foi marcante. Com dez anos, eu perdi meu pai. Ela deu um rumo para a família. É um reconhecimento pela carreira que construí no esporte”, sublinha. Eleno ainda conta com uma contribuição significativa ao ter sido o presidente pelo maior período do centenário Tênis Clube Santa Cruz (TCSC).
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Legado para os filhos
Para Eleno, a história que construiu em Santa Cruz do Sul mostra o potencial do esporte em abrir portas e transformar a realidade por meio de objetivos claros. Em 1992, os professores santa-cruzenses Dirceu Dahmer, Doris Gewehr e Úrsula Muller foram para os Jogos Olímpicos de Barcelona. Naquela ocasião, Eleno traçou a presença em edições do evento como meta. Queria estar na Olimpíada para abrir horizonte e conquistar aprendizados. “Pessoas que a gente não vê há muito tempo lembram de certas coisas pelo viés esportivo. Cria-se um relacionamento duradouro”, frisa.
Em 2028, Eleno terá um sabor especial ao acompanhar os Jogos Olímpicos em Los Angeles. Os filhos Natália, de 30 anos, e Augusto, de 27, vivem nos Estados Unidos e ambos conseguiram bolsas de estudo em universidades por meio do basquete. Além de uma maior facilidade para a logística e hospedagem, poderá conviver mais com pessoas conhecidas. “Quero que outras pessoas tenham a oportunidade que meus filhos tiveram. Quem sabe a gente possa ter uma parceria com uma universidade de primeiro mundo. Que o jovem daqui possa ganhar um bolsa para ser atleta e ter uma graduação”, finaliza.
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